Polícias denunciam pressões para "caça à multa"
Elementos da 5ª Divisão de Lisboa da PSP queixam-se de estarem a ser forçados a aumentar o número de autuações, sob ameaça de mudança de secção.
Lusa
22:44 Sexta-feira, 25 de Set de 2009
Elementos da 5ª Divisão de Lisboa da PSP (Penha de França) queixam-se de estarem a ser forçados pelo 2º Comandante a aumentar o número de autuações, sob ameaça de mudança de secção se não se destacarem nas estatísticas mensais.
Esta situação foi hoje relatada à agência Lusa por elementos daquela divisão, que pediram para não serem identificados por temerem represálias, e confirmada pelo presidente do Sindicato Unificado de Polícia, guarda Peixoto Rodrigues, que desempenha funções precisamente na 5ª Divisão.
A Lusa tentou contactar o 2º Comandante da 5ª Divisão, comissário Carvalho da Silva, para esclarecer estas acusações, bem como o Comandante, Subintendente Rocha da Silva, mas ambos já não se encontravam, só voltando na segunda-feira.
Sobre este assunto, a Direcção Nacional da PSP, através do gabinete de Relações Públicas, declarou à Lusa que "não estão definidos 'rankings' na Esquadra de Intervenção e Fiscalização Policial (EIFP), não foram proferidas ameaças e não estão consignados prémios".
"São apenas definidas operações a nível de EIFP, que são depois executadas pelas diferentes Equipas de Intervenção Rápida", referiu a Direcção Nacional reforçando que "invoca o facto das variáveis detenções ou autuações não serem consideradas para avaliar qualquer elemento policial".
"Face às movimentações de recursos humanos que se verificaram na IEFP da 5ª Divisão, nomeadamente a saída de elementos daquela Esquadra para o Comando Metropolitano do Porto, o comandante daquela divisão, após a redefinição das Equipas de Intervenção Rápida reuniu esta semana com todo o efectivo no sentido de clarificar as missões que estão consignadas àquelas equipas e os deveres inerentes ao serviço", adianta a Direcção Nacional.
Segundo a Direcção Nacional, "nesta reunião ficou clarificado o âmbito da missão, nomeadamente a prossecução de operações policiais e o desenvolvimento de relatórios no fim do serviço que determinarão uma adequada percepção do trabalho desenvolvido durante o turno".
"Código de Conduta"
De acordo com o relato feito à Lusa por elementos daquela Divisão, está a ser implantado um denominado "Código de Conduta" pelo 2º Comandante e criado um "ranking" mensal onde só têm ascensão na carreira e "prémios de produtividade" os elementos que passarem mais multas. A partir de segunda-feira esta situação estende-se também aos polícias que fizerem mais detenções.
Relataram que as pessoas estão a ser informadas individualmente pelo próprio Comissário Carvalho da Silva, em conversa no seu gabinete, a sós ou acompanhados pelo chefe de Secção. Quando não atingem os objectivos alegadamente estabelecidos, dizem estar a ser chamados e confrontados com ameaças de saída da Secção onde se encontram ou saída da Divisão.
"Os graduados são obrigados a chamar diariamente à atenção os agentes para que efectuem mais autuações", disse uma das fontes, acrescentando que há dias em que são feitas operações STOP de manhã e outra à tarde.
As mesmas fontes adiantaram que estes procedimentos estão a ser transmitidos também aos novos elementos que chegam à 5ª Divisão, "para que sintam as mudanças e aprendam que têm de autuar".
Segundo os testemunhos, esta situação está a criar "um grave mal-estar" entre oficiais, subchefes e agentes, que receiam resistir às ordens de aumentar o nível de autuações e de detenções.
Sindicato Unificado de Polícia contra "forma de actuação"
Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato Unificado de Polícia, Peixoto Rodrigues, confirmou a existência destas pressões para aumentar a quantidade de multas e especificou que estas situações sucedem mais nas Equipas de Intervenção e Fiscalização Policial, relativamente às Secções de Intervenção Rápida.
Peixoto Rodrigues afirmou que os elementos da PSP "não podem aceitar estas situações, que estão a gerar um grande desgaste no seio do pessoal da 5ª Divisão" e que o Sindicato Unificado de Polícia "está contra esta forma de actuação".
O dirigente sindical relatou que a argumentação para estas listas é a falta de produtividade, mas realçou que a produtividade não se mede por autuações.
Peixoto Rodrigues sublinhou que a primeira função policial é prevenir e combater a criminalidade, num efectivo policiamento de proximidade para com o cidadão, e não a caça à multa.
sábado, 26 de setembro de 2009
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
Foi você que pediu um pouco de respeito?
Os indicadores de uma tímida recuperação económica têm admitido os mais variados comentários (de) políticos.
Sócrates, por exemplo, ao mesmo tempo que refere que é apenas um indicador, não perde nunca a oportunidade de usar esse facto como bandeira da sua gestão, alegadamente correcta e única. Assim como quem diz que tem consciência de que ainda não é grande coisa, em termos globais, mas que Portugal já deu os sinais necessários, e deu, e deu, e deu…
E vai repetindo para ficar na cabeça dos portugueses que foi o Governo que conseguiu isso. Esta, sim, é a verdadeira mensagem que o marketing político do Primeiro-ministro nos quer evidenciar: conseguimos e fomos nós. Não obstante o desemprego ainda ter de aumentar por mais um ano.
Sarkozi, pelos vistos, pensa de forma diversa. Sem grande necessidade de mentir aos franceses – que não lhe perdoariam – o Presidente francês respeita o seu povo e o seu discurso sai assim: "La crise, on en sortira quand le chômage commencera à reculer. C'est ma grille de lecture."
Ou seja, só sairemos da crise quando o desemprego começar a recuar. É a “grelha de leitura” do inquilino do Eliseu.
Para um povo que se respeita, só importa a verdade!
Para um povo que se amestra, todas as meias verdades são aceitáveis!
E viva o absolutismo!
Sócrates, por exemplo, ao mesmo tempo que refere que é apenas um indicador, não perde nunca a oportunidade de usar esse facto como bandeira da sua gestão, alegadamente correcta e única. Assim como quem diz que tem consciência de que ainda não é grande coisa, em termos globais, mas que Portugal já deu os sinais necessários, e deu, e deu, e deu…
E vai repetindo para ficar na cabeça dos portugueses que foi o Governo que conseguiu isso. Esta, sim, é a verdadeira mensagem que o marketing político do Primeiro-ministro nos quer evidenciar: conseguimos e fomos nós. Não obstante o desemprego ainda ter de aumentar por mais um ano.
Sarkozi, pelos vistos, pensa de forma diversa. Sem grande necessidade de mentir aos franceses – que não lhe perdoariam – o Presidente francês respeita o seu povo e o seu discurso sai assim: "La crise, on en sortira quand le chômage commencera à reculer. C'est ma grille de lecture."
Ou seja, só sairemos da crise quando o desemprego começar a recuar. É a “grelha de leitura” do inquilino do Eliseu.
Para um povo que se respeita, só importa a verdade!
Para um povo que se amestra, todas as meias verdades são aceitáveis!
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