domingo, 4 de outubro de 2009

Sophia

O poema

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê

O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Como rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo

Livro Sexto (1962)

2 comentários:

  1. Acompanhando Sophia, ...o poema,
    acompanho-te
    É poema ,é corpo, é espaço em crescimeto
    É o infinito numa mão cheia de letras.

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  2. Poesia é a magia de dar ensejos a confidências, é desafogar o coração, é amar sem ousar dizer que ama, é dar asas ao pensamento e voar... voar mais alto que puder, libertando-se literalmente do corpo,mergulhar no abstratismo, passar por terras estranhas com auroras sem poentes e nunca, nunca achar pouso para apaziguar teus tormentos, ou então fabricar sorrisos, para inventar a felicidade
    Que bom que voltou!

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