Prémio Nobel da Economia considera que a recessão vai continuar
Stiglitz: "A retoma económica é uma ilusão"
26.08.2009 - 18h04
Por AFP
O Prémio Nobel da Economia em 2001 Joseph Stiglitz considera que o mundo só entrará em recuperação económica dentro de quatro anos e que a tímida melhoria verificada actualmente é apenas uma "ilusão"."Dentro de quatro anos, ter-se-á saído da crise económica, mas ficar-se-á ao nível que se teria atingido caso se tivesse prosseguido uma via estável em vez de enceredar pela via da especulação", declarou Stiglitz numa entrevista dada à revista francesa Challenges, a publicar amanhã.
"A economia mundial continua fundamentalmente fraca", afirmou ainda. Na sua opinião, a quebra brutal dos stoks das empresas provocada pela crise está a atenuar-se, o que "dá a ilusão de uma melhoria" da conjuntura, mas a crise ainda não acabou. "Na verdade, caímos numa recessão normal".
O antigo conselheiro do presidente norte-americano Blill Clinton, recusa a ideia de que o regresso ao crescimento económico em certos países, como Japão, França, Alemanha, etc., significa o fim da recessão. "É falso", afirma peremptório. "Para a maioria das pessoas, há recessão quando se verifica uma elevada taxa de desemprego e quando é difícil encontrar um emprego. Para as empresas, há recessão quando possuem capacidades excedentárias", explica o economista.
Após um ano da falência da firma Lehnon Brothers, Stiglitz apela ao desmantelamento dos grandes bancos, "para que não possam fazer vacilar a economia ao menor erro" e como forma de reforçar a transparência dos mercados. "Deixa-se os bancos mudar as suas regras contabilísticas para não revelar as suas perdas", lastima-se Stiglitz.
Na sua opinião é criticável que os recentes apoios aos estabelecimentos financeiros estejam nomeadamente ligados às actividades especulativas do mercado.
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
MODAS
Em artigo publicado por João Ramos Almeida, o “Público” refere (sob os títulos
Percentagem dos quadros superiores e pessoal altamente qualificado duplicou
Duas décadas não reduziram o número dos trabalhadores pouco qualificados)
que “em 2007, os trabalhadores portugueses mantinham uma estrutura de qualificações muito semelhante à verificada duas décadas atrás. Os trabalhadores pouco qualificados eram 31 por cento da força de trabalho e, quase vinte anos depois, representavam a mesma percentagem do universo total”.
Ainda segundo o mesmo artigo, “a boa notícia é que os trabalhadores com elevadas formações subiram significativamente. Os quadros superiores passaram de 2,3 por cento para 6,9 por cento do total do pessoal ao serviço. E o mesmo parece ter acontecido aos quadros médios - de 1,9 para 4,7 por cento do total dos trabalhadores - ou aos quadros altamente qualificados - de 4,3 para 7,5 por cento”, em contraponto com os trabalhadores qualificados que desceram “sensivelmente - de 42,7 para 41 por cento. E o pessoal menos qualificado manteve um elevado peso na estrutura de qualificações - cerca de um terço”.
Citando uma nota da CGTP, "a evolução das qualificações evidencia duas realidades. O aumento dos quadros, superiores e médios, e de profissionais não qualificados coexiste com a baixa qualificação de uma parte significativa do emprego. Pior ainda é o facto de na presente década ter aumentado a percentagem dos trabalhadores com menores qualificações, o que indicia que muitos dos empregos que estão a ser criados, sobretudo nos serviços, continuam a obedecer ao padrão de baixos salários, baixas qualificações e precariedade".
Aquela Central sindical conclui, aliás, que "a fraca evolução das qualificações se fica a dever, igualmente, ao fraco investimento das empresas em formação profissional".
Depois de milhões e milhões gastos dos fundos europeus para a formação, o país continua na mesma!
Seria interessante analisar quantos dos quadros superiores são remunerados como tal ou se, apesar das suas habilitações e responsabilidades, são remunerados abaixo das suas qualificações.
De facto, não é raro ver-se em anúncios de emprego exigências de licenciatura para cargos de técnicos administrativos, por exemplo. E, muitas vezes, se vêem licenciados nas caixas dos bancos. Por aí fora…
Pessoalmente, estranho que se tenha exacerbado a “décalage” entre quadros e trabalhadores qualificados, parecendo que as empresas, numa linguagem próxima do futebolês, utilizam, preferencialmente, a táctica do “pontapé para a frente”, directamente da defesa para o ataque, sem passar pelo meio campo, mais ou menos tecnicista e construtor.
Mas, como os gurus das tácticas desportivas deixaram de dizer “pontapé para a frente” para adoptarem termos como “futebol directo” ou “jogo vertical”, talvez já não importe colocar questões tão simples como estas.
Percentagem dos quadros superiores e pessoal altamente qualificado duplicou
Duas décadas não reduziram o número dos trabalhadores pouco qualificados)
que “em 2007, os trabalhadores portugueses mantinham uma estrutura de qualificações muito semelhante à verificada duas décadas atrás. Os trabalhadores pouco qualificados eram 31 por cento da força de trabalho e, quase vinte anos depois, representavam a mesma percentagem do universo total”.
Ainda segundo o mesmo artigo, “a boa notícia é que os trabalhadores com elevadas formações subiram significativamente. Os quadros superiores passaram de 2,3 por cento para 6,9 por cento do total do pessoal ao serviço. E o mesmo parece ter acontecido aos quadros médios - de 1,9 para 4,7 por cento do total dos trabalhadores - ou aos quadros altamente qualificados - de 4,3 para 7,5 por cento”, em contraponto com os trabalhadores qualificados que desceram “sensivelmente - de 42,7 para 41 por cento. E o pessoal menos qualificado manteve um elevado peso na estrutura de qualificações - cerca de um terço”.
Citando uma nota da CGTP, "a evolução das qualificações evidencia duas realidades. O aumento dos quadros, superiores e médios, e de profissionais não qualificados coexiste com a baixa qualificação de uma parte significativa do emprego. Pior ainda é o facto de na presente década ter aumentado a percentagem dos trabalhadores com menores qualificações, o que indicia que muitos dos empregos que estão a ser criados, sobretudo nos serviços, continuam a obedecer ao padrão de baixos salários, baixas qualificações e precariedade".
Aquela Central sindical conclui, aliás, que "a fraca evolução das qualificações se fica a dever, igualmente, ao fraco investimento das empresas em formação profissional".
Depois de milhões e milhões gastos dos fundos europeus para a formação, o país continua na mesma!
Seria interessante analisar quantos dos quadros superiores são remunerados como tal ou se, apesar das suas habilitações e responsabilidades, são remunerados abaixo das suas qualificações.
De facto, não é raro ver-se em anúncios de emprego exigências de licenciatura para cargos de técnicos administrativos, por exemplo. E, muitas vezes, se vêem licenciados nas caixas dos bancos. Por aí fora…
Pessoalmente, estranho que se tenha exacerbado a “décalage” entre quadros e trabalhadores qualificados, parecendo que as empresas, numa linguagem próxima do futebolês, utilizam, preferencialmente, a táctica do “pontapé para a frente”, directamente da defesa para o ataque, sem passar pelo meio campo, mais ou menos tecnicista e construtor.
Mas, como os gurus das tácticas desportivas deixaram de dizer “pontapé para a frente” para adoptarem termos como “futebol directo” ou “jogo vertical”, talvez já não importe colocar questões tão simples como estas.
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sexta-feira, 21 de agosto de 2009
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Será verdade?
Será verdade?
Vendo-a pelo mesmo preço por que a comprei... chegou-me por email.
Mas, convenhamos, há coisas que nos fazem pensar se são verdade. A serem, desgraçado país...
--------------------------------------------------
O Tribunal de Contas ou outro orgão similar não supervisiona estas contas? Ou não haverá nenhum serviço que o faça? Porque isto passa-se a nível da Administração Local.
Dinheiro Público a SEM vergonha pública
Administração Regional de Saúde do Alentejo, I. P. - Aquisição de:1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas: 97.560,00€
Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€. Alguém me elucida sobre esta questão?
Matosinhos Habit - MH - Reparação de porta de entrada do edifício: 142.320,00 €
Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que a minha casa?
Universidade do Algarve – Escola Superior de Tecnologia - Projecto Tempus – Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoas no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008: 33.745,00 €
Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €. Como é que é possível???
Município de Lagoa - 6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de àguas: 106.596,00 €
Pelo vistos fazer um "Pimp My Ride" nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!
Município de Ílhavo - Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 fones, 2 leitores opticos: 380.666,00 €
Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada...Já para não falar nos restantes acessórios.
Município de Lagoa - Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal: 391.970,00€
Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture.
Câmara Municipal de Loures - VINHO TINTO E BRANCO: 652.300,00 €
Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????
Municipio de Vale de Cambra - AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS: 1.236.000,00 €
Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante.
Câmara Municipal de Sines - Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines: 1.236.500,00 €
É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault. E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra.
Municipio de Vale de Cambra - AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS: 2.922.000,00 €
E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-N-T-E!!!!
Município de Beja - Fornecimento de 1 fotocopiadora, "Multifuncional do tipo IRC3080I", para a Divisão de Obras Municipais: 6.572.983,00 €
Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por merdas como esta?
Agência para a ModernizaçãoAdministrativa, IP - Renovação do Licenciamento de software Microsoft: 14.360.063,00 €
E para finalizar, a pérola do software proprietário. Não admira que a Microsoft goste tanto de Portugal. Mais de 14 milhões de Euros em licenças...
Vendo-a pelo mesmo preço por que a comprei... chegou-me por email.
Mas, convenhamos, há coisas que nos fazem pensar se são verdade. A serem, desgraçado país...
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O Tribunal de Contas ou outro orgão similar não supervisiona estas contas? Ou não haverá nenhum serviço que o faça? Porque isto passa-se a nível da Administração Local.
Dinheiro Público a SEM vergonha pública
Administração Regional de Saúde do Alentejo, I. P. - Aquisição de:1 armário persiana; 2 mesas de computador; 3 cadeiras c/rodízios, braços e costas altas: 97.560,00€
Eu não sei a quanto está o metro cúbico de material de escritório mas ou estes armários/mesas/cadeiras são de ouro sólido ou então não estou a ver onde é que 6 peças de mobiliário de escritório custam quase 100 000€. Alguém me elucida sobre esta questão?
Matosinhos Habit - MH - Reparação de porta de entrada do edifício: 142.320,00 €
Alguém sabe de que é feita esta porta que custa mais do que a minha casa?
Universidade do Algarve – Escola Superior de Tecnologia - Projecto Tempus – Viagem aérea Faro/Zagreb e regresso a Faro, para 1 pessoas no período de 3 a 6 de Dezembro de 2008: 33.745,00 €
Segundo o site da TAP a viagem mais cara que se encontra entre Faro-Zagreb-Faro em executiva é de cerca de 1700€. Dá uma pequena diferença de 32 000 €. Como é que é possível???
Município de Lagoa - 6 Kit de mala Piaggio Fly para as motorizadas do sector de àguas: 106.596,00 €
Pelo vistos fazer um "Pimp My Ride" nas motorizadas do Município de Lagoa fica carote!!
Município de Ílhavo - Fornecimento de 3 Computadores, 1 impressora de talões, 9 fones, 2 leitores opticos: 380.666,00 €
Estes computadores devem ser mesmo especiais para terem custado cerca de 100 000€ cada...Já para não falar nos restantes acessórios.
Município de Lagoa - Aquisição de fardamento para a fiscalização municipal: 391.970,00€
Eu não sei o que a Polícia Municipal de Lagoa veste, mas pelos vistos deve ser Haute-Couture.
Câmara Municipal de Loures - VINHO TINTO E BRANCO: 652.300,00 €
Alguém me explica porque é que a Câmara Municipal de Loures precisa de mais de meio milhão de Euros em Vinho Tinto e Branco????
Municipio de Vale de Cambra - AQUISIÇÃO DE VIATURA LIGEIRO DE MERCADORIAS: 1.236.000,00 €
Neste contrato ficamos a saber que uma viatura ligeira de mercadorias da Renault custa cerca de 1 milhão de Euros. Impressionante.
Câmara Municipal de Sines - Aluguer de tenda para inauguração do Museu do Castelo de Sines: 1.236.500,00 €
É interessante perceber que uma tenda custa mais ou menos o mesmo que um ligeiro de mercadorias da Renault. E eu que estava a ser tão injusto com o município de Vale de Cambra.
Municipio de Vale de Cambra - AQUISIÇÃO DE VIATURA DE 16 LUGARES PARA TRANSPORTE DE CRIANÇAS: 2.922.000,00 €
E mais uma pérola do Município de Vale de Cambra: uma viatura de 16 lugares para transportar crianças custa cerca de 3 milhões de Euros. I-M-P-R-E-S-S-I-O-N-A-N-T-E!!!!
Município de Beja - Fornecimento de 1 fotocopiadora, "Multifuncional do tipo IRC3080I", para a Divisão de Obras Municipais: 6.572.983,00 €
Este contrato público é um dos mais vergonhosos que se encontra neste site. Uma fotocopiadora que custa normalmente 7,698.42€ foi comprada por mais de 6,5 milhões de Euros. E ninguém vai preso por merdas como esta?
Agência para a ModernizaçãoAdministrativa, IP - Renovação do Licenciamento de software Microsoft: 14.360.063,00 €
E para finalizar, a pérola do software proprietário. Não admira que a Microsoft goste tanto de Portugal. Mais de 14 milhões de Euros em licenças...
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Lendo o "i"
"Jornalistas estão muito à frente do Ministério Público"
por Inês Cardoso, Publicado em 18 de Agosto de 2009 (Jornal “i”)
Bastonária dos Notários quer dar formação sobre prova documental a magistrados
Os jornalistas estão mais à frente na investigação de casos que envolvem o primeiro-ministro que o próprio Ministério Público. Quem o diz é a bastonária da Ordem dos Notários, que, se ganhar as eleições a 12 de Setembro, inclui entre as prioridades do próximo mandato realizar acções de formação para magistrados. O objectivo é explicar a importância de recursos documentais disponíveis nos arquivos dos notários.Quando começaram a ser divulgadas eventuais irregularidades na compra do apartamento em que vive José Sócrates, na Rua Castilho, ao contrário do que aconteceu com os jornalistas, o Ministério Público não solicitou informações à Ordem dos Notários. "Fiquei seriamente preocupada quando percebi que, neste caso, os jornalistas estavam muito à frente", afirma Carla Soares ao i. "Tenho noção de que a investigação criminal em Portugal se faz por via dos jornais." A polémica estalou em Abril, quando foi noticiado que Carla Soares tinha enviado a todos os notários um pedido de informações sobre escrituras envolvendo José Sócrates ou familiares. Hoje continua a não ter dúvidas de que essa informação é pública, mas admite que a certa altura deixou de receber respostas por parte dos colegas, que "ficaram um pouco intimidados". "A pressão foi muita."O problema seria ultrapassado, na sua opinião, se fosse criada uma base central de escrituras. Pediu à Comissão Nacional de Protecção de Dados um parecer e a legalização dessa base. "Estou à espera desde Novembro", lamenta.Em investigação no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) continua o desaparecimento dos documentos que suportavam a escritura notarial e identificavam a empresa offshore que vendeu o apartamento no Heron Castilho a Maria Adelaide Carvalho Monteiro, mãe do primeiro-ministro. Os livros do cartório são numerados e faltam exclusivamente as folhas relacionadas com a escritura. "Alguém as tirou deliberadamente", sublinha."A investigação está a decorrer, mas pelo que nos tem sido dito provavelmente o Ministério Público vai deduzir acusação contra desconhecidos", explica Carla Soares. "É muito difícil descobrir quem desencaminhou os documentos.
Críticas em livro
Frontal e sem meias palavras nas críticas, a bastonária de novo candidata lança a 4 de Novembro um livro que analisa as "contra-reformas" legislativas dos últimos anos. Carla Soares já ofereceu uma versão resumida ao ministro da Justiça, que "não gostou nada do título" - "O XVII Governo Constitucional e a Reforma dos Registos e do Notariado: Um Erro Conceptual". Apesar da imagem simpática de desburocratização que o Simplex transmite à opinião pública, a bastonária assegura que está a ser posta em causa a segurança jurídica de negócios e contratos. Um exemplo? As alterações feitas, a 1 de Janeiro, à identificação da licença de utilização nos registos de propriedade. "No registo não se diz se a licença é total ou parcial, logo pode não ser do andar que estou a vender", explica. A segurança dos contratos é, alerta, vantajosa para toda a comunidade e não apenas para quem faz um negócio. Não só porque todos somos potenciais compradores de um bem no futuro, como porque a segurança "evita litígios que congestionam ainda mais os tribunais". O problema da segurança jurídica já suscitou uma queixa para a Provedoria de Justiça. Da parte do governo, Carla Soares diz não sentir "preocupação e sobretudo modéstia" de se aconselhar "com quem está no terreno".
por Inês Cardoso, Publicado em 18 de Agosto de 2009 (Jornal “i”)
Bastonária dos Notários quer dar formação sobre prova documental a magistrados
Os jornalistas estão mais à frente na investigação de casos que envolvem o primeiro-ministro que o próprio Ministério Público. Quem o diz é a bastonária da Ordem dos Notários, que, se ganhar as eleições a 12 de Setembro, inclui entre as prioridades do próximo mandato realizar acções de formação para magistrados. O objectivo é explicar a importância de recursos documentais disponíveis nos arquivos dos notários.Quando começaram a ser divulgadas eventuais irregularidades na compra do apartamento em que vive José Sócrates, na Rua Castilho, ao contrário do que aconteceu com os jornalistas, o Ministério Público não solicitou informações à Ordem dos Notários. "Fiquei seriamente preocupada quando percebi que, neste caso, os jornalistas estavam muito à frente", afirma Carla Soares ao i. "Tenho noção de que a investigação criminal em Portugal se faz por via dos jornais." A polémica estalou em Abril, quando foi noticiado que Carla Soares tinha enviado a todos os notários um pedido de informações sobre escrituras envolvendo José Sócrates ou familiares. Hoje continua a não ter dúvidas de que essa informação é pública, mas admite que a certa altura deixou de receber respostas por parte dos colegas, que "ficaram um pouco intimidados". "A pressão foi muita."O problema seria ultrapassado, na sua opinião, se fosse criada uma base central de escrituras. Pediu à Comissão Nacional de Protecção de Dados um parecer e a legalização dessa base. "Estou à espera desde Novembro", lamenta.Em investigação no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) continua o desaparecimento dos documentos que suportavam a escritura notarial e identificavam a empresa offshore que vendeu o apartamento no Heron Castilho a Maria Adelaide Carvalho Monteiro, mãe do primeiro-ministro. Os livros do cartório são numerados e faltam exclusivamente as folhas relacionadas com a escritura. "Alguém as tirou deliberadamente", sublinha."A investigação está a decorrer, mas pelo que nos tem sido dito provavelmente o Ministério Público vai deduzir acusação contra desconhecidos", explica Carla Soares. "É muito difícil descobrir quem desencaminhou os documentos.
Críticas em livro
Frontal e sem meias palavras nas críticas, a bastonária de novo candidata lança a 4 de Novembro um livro que analisa as "contra-reformas" legislativas dos últimos anos. Carla Soares já ofereceu uma versão resumida ao ministro da Justiça, que "não gostou nada do título" - "O XVII Governo Constitucional e a Reforma dos Registos e do Notariado: Um Erro Conceptual". Apesar da imagem simpática de desburocratização que o Simplex transmite à opinião pública, a bastonária assegura que está a ser posta em causa a segurança jurídica de negócios e contratos. Um exemplo? As alterações feitas, a 1 de Janeiro, à identificação da licença de utilização nos registos de propriedade. "No registo não se diz se a licença é total ou parcial, logo pode não ser do andar que estou a vender", explica. A segurança dos contratos é, alerta, vantajosa para toda a comunidade e não apenas para quem faz um negócio. Não só porque todos somos potenciais compradores de um bem no futuro, como porque a segurança "evita litígios que congestionam ainda mais os tribunais". O problema da segurança jurídica já suscitou uma queixa para a Provedoria de Justiça. Da parte do governo, Carla Soares diz não sentir "preocupação e sobretudo modéstia" de se aconselhar "com quem está no terreno".
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segunda-feira, 17 de agosto de 2009
Regressos à língua
“Em tempos, um meu professor de Língua Portuguesa costumava dizer que “a Língua é o povo que a faz”. Embora nem sempre as coisas se processem duma forma assim tão democrática, não deixa de ser verdade que o “povo” (ou será antes “os povos”?) é quem tem a última palavra a dizer, no que se refere ao rumo que toma ou não toma a evolução da Língua. Em todo o caso, a Língua é indiscutivelmente um elemento dinâmico e multifacetado, é um elemento vivo, que cresce e que continuamente se transforma. Mas essa transformação não é operada por decreto e, portanto, vai ocorrendo gradualmente e de forma muito pouco homogénea. Por esse motivo, saber conviver com as diferentes variantes de uma mesma língua é um imperativo moral. Não o fazer, querendo impor a outrem uma determinada cultura que não se lhe ajusta, é ir contra os princípios sobre os quais assenta a nossa Constituição ou, diria mesmo, como continuar a viver no tempo longínquo dos descobrimentos, em que os nossos navegantes partiam incumbidos da missão de colonizar novas terras e de converter os seus habitantes à cultura “certa”, oficial, despojando-os dos seus bens materiais e das suas tradições.”
(Victor Domingos, A Língua Portuguesa no Alto Minho).
“Este e-book é distribuído gratuitamente coa devida autorização do autor. É (permitida) encorajada a sua impressão e redistribuição em papel ou em formato digital, desde que todo o seu conteúdo se mantenha inalterado.”
(Idem, ibidem)
(Victor Domingos, A Língua Portuguesa no Alto Minho).
“Este e-book é distribuído gratuitamente coa devida autorização do autor. É (permitida) encorajada a sua impressão e redistribuição em papel ou em formato digital, desde que todo o seu conteúdo se mantenha inalterado.”
(Idem, ibidem)
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quinta-feira, 13 de agosto de 2009
"Um rei assim"
Não sou indefectível de Saramago. Acho que se enganaram quando lhe outorgaram o Nobel. Para mim, antes dele, deveria ter ganho Cardoso Pires; depois dele, ou em vez dele, Lobo Antunes.
Claro que há quem discorde. Nada contra. Não tenho complexos de infalibilidade. Trata-se apenas de uma opinião como as outras. Só que minha!
Mas essa não coincidência, política e estética (também os restantes mencionados não comungam as mesmas ideias políticas que eu, mas não sou sectário), não me coíbe de trazer aqui um artigo de José Saramago, publicado ontem no Diário de Notícias, sob o título: "Um rei assim".
Faço-o apenas por vingança!
É que os monárquicos meteram-se comigo por causa do Sr. D. Duarte. Respondi á letra, não tugiram nem mugiram.
Sei que José Saramago não lê o meu blogue. Não escreveu, por isso, o artigo para defender a minha honra. Mas sinto-me de certa forma vingado por este artigo. Porque li o "Memorial do Convento", porque ri com os "traques" de Sua Alteza Real D. João V e adorei Blimunda. E Mafra, com o seu convento, faz parte do meu histórico militar, já que frequentei aí o primeiro e segundo ciclos do Curso de Oficiais Milicianos, com todo o cortejo de recordações que o serviço militar sempre deixa.
Os seguidores do Senhor D. Duarte não me responderam mais. Pois assoem-se lá a este lenço. Bordado a Prémio Nobel. Assoem-se, dobrem o lenço pelas pregas e coloquem-no nos vossos (nobres) bolsos reais. Fica-vos bem uma prosa destas.
Eis, então, o que escreveu José Saramago:
O rei assim é o sr. D. Duarte de Bragança, pessoa medianamente instruída graças aos preceptores que lhe puseram logo à nascença, mas que, não obstante, detesta a literatura em geral e o que escrevo em particular, primeiramente porque considera que no Memorial do Convento lhe insultei a família e em segundo lugar porque a dita obra é, de acordo com o seu requintado linguajar de pretendente ao trono, uma "grande merda". Não leu o livro, mas é evidente que o cheirou. Compreende-se, portanto, que, durante todos estes anos, eu não tenha incluído o sr. D. Duarte, de Bragança, note-se, na escolhida lista dos meus amigos políticos. Não me importo de levar uma bofetada de vez em quando, mas a virtude cristã de oferecer ao agressor a outra face é virtude que não cultivo. Tenho-me desforrado apreciando devidamente as qualidades de humorista involuntário que este neto do senhor D. João V manifesta sempre que tem de abrir a boca. Devo-lhe algumas das mais saborosas gargalhadas da minha vida.
Isso acabou, a monarquia foi restaurada e há que ter muito cuidado com as palavras, não vão aparecer por aí, redivivos, o intendente Pina Manique ou o inspector Rosa Casaco. Como que restaurada a monarquia? perguntarão os meus leitores, estupefactos. Sim senhor, restaurada, afirmou-o quem tem as melhores razões para dizê-lo, o próprio pretendente. Que já não é pretendente, uma vez que a monarquia acaba de ser-nos restituída pelo drapejar da bandeira azul e branca na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Os moços do 31 da Armada (assim os escaladores se designam a si mesmos) têm já o seu lugar assegurado na História de Portugal, ao lado da padeira de Aljubarrota de quem se desconfia que afinal não matou castelhano nenhum. Não é o caso de agora, A bandeira esteve lá durante alguma horas (haverá um monárquico infiltrado na Câmara para ter impedido a retirada imediata?), pretende-se averiguar quem foram os autores da façanha, e isto acabará como sempre, em comédia, em farsa, em chacota. O sr. D. Duarte não tem estaleca para exigir na praça pública, perante a população reunida, que lhe sejam entregues a coroa, o ceptro e o trono.
É pena que uma tão gloriosa acção vá acabar assim. Mas como, no fundo, sou uma pessoa cordata, amiga de ajudar o próximo, deixo aqui uma sugestão para o sr. D. Duarte de Bragança. Crie já uma equipa de futebol, uma equipa toda de jogadores monárquicos, treinador monárquico, massagista monárquico, todos monárquicos e, se possível, de sangue azul. Garanto-lhe que se chega a ganhar a liga, o país, este país que tão bem conhecemos se ajoelhará a seus pés.
Claro que há quem discorde. Nada contra. Não tenho complexos de infalibilidade. Trata-se apenas de uma opinião como as outras. Só que minha!
Mas essa não coincidência, política e estética (também os restantes mencionados não comungam as mesmas ideias políticas que eu, mas não sou sectário), não me coíbe de trazer aqui um artigo de José Saramago, publicado ontem no Diário de Notícias, sob o título: "Um rei assim".
Faço-o apenas por vingança!
É que os monárquicos meteram-se comigo por causa do Sr. D. Duarte. Respondi á letra, não tugiram nem mugiram.
Sei que José Saramago não lê o meu blogue. Não escreveu, por isso, o artigo para defender a minha honra. Mas sinto-me de certa forma vingado por este artigo. Porque li o "Memorial do Convento", porque ri com os "traques" de Sua Alteza Real D. João V e adorei Blimunda. E Mafra, com o seu convento, faz parte do meu histórico militar, já que frequentei aí o primeiro e segundo ciclos do Curso de Oficiais Milicianos, com todo o cortejo de recordações que o serviço militar sempre deixa.
Os seguidores do Senhor D. Duarte não me responderam mais. Pois assoem-se lá a este lenço. Bordado a Prémio Nobel. Assoem-se, dobrem o lenço pelas pregas e coloquem-no nos vossos (nobres) bolsos reais. Fica-vos bem uma prosa destas.
Eis, então, o que escreveu José Saramago:
O rei assim é o sr. D. Duarte de Bragança, pessoa medianamente instruída graças aos preceptores que lhe puseram logo à nascença, mas que, não obstante, detesta a literatura em geral e o que escrevo em particular, primeiramente porque considera que no Memorial do Convento lhe insultei a família e em segundo lugar porque a dita obra é, de acordo com o seu requintado linguajar de pretendente ao trono, uma "grande merda". Não leu o livro, mas é evidente que o cheirou. Compreende-se, portanto, que, durante todos estes anos, eu não tenha incluído o sr. D. Duarte, de Bragança, note-se, na escolhida lista dos meus amigos políticos. Não me importo de levar uma bofetada de vez em quando, mas a virtude cristã de oferecer ao agressor a outra face é virtude que não cultivo. Tenho-me desforrado apreciando devidamente as qualidades de humorista involuntário que este neto do senhor D. João V manifesta sempre que tem de abrir a boca. Devo-lhe algumas das mais saborosas gargalhadas da minha vida.
Isso acabou, a monarquia foi restaurada e há que ter muito cuidado com as palavras, não vão aparecer por aí, redivivos, o intendente Pina Manique ou o inspector Rosa Casaco. Como que restaurada a monarquia? perguntarão os meus leitores, estupefactos. Sim senhor, restaurada, afirmou-o quem tem as melhores razões para dizê-lo, o próprio pretendente. Que já não é pretendente, uma vez que a monarquia acaba de ser-nos restituída pelo drapejar da bandeira azul e branca na varanda da Câmara Municipal de Lisboa. Os moços do 31 da Armada (assim os escaladores se designam a si mesmos) têm já o seu lugar assegurado na História de Portugal, ao lado da padeira de Aljubarrota de quem se desconfia que afinal não matou castelhano nenhum. Não é o caso de agora, A bandeira esteve lá durante alguma horas (haverá um monárquico infiltrado na Câmara para ter impedido a retirada imediata?), pretende-se averiguar quem foram os autores da façanha, e isto acabará como sempre, em comédia, em farsa, em chacota. O sr. D. Duarte não tem estaleca para exigir na praça pública, perante a população reunida, que lhe sejam entregues a coroa, o ceptro e o trono.
É pena que uma tão gloriosa acção vá acabar assim. Mas como, no fundo, sou uma pessoa cordata, amiga de ajudar o próximo, deixo aqui uma sugestão para o sr. D. Duarte de Bragança. Crie já uma equipa de futebol, uma equipa toda de jogadores monárquicos, treinador monárquico, massagista monárquico, todos monárquicos e, se possível, de sangue azul. Garanto-lhe que se chega a ganhar a liga, o país, este país que tão bem conhecemos se ajoelhará a seus pés.
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em português nos entendemos
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Cascais: PSP viu vítima a arder e agressor com garrafa de álcool na mão
Juiz solta homem que lançou fogo à mulher
(in Correio da Manhã)
Um juiz do Tribunal de Cascais deixou ontem à solta o homem, de 47 anos, que foi apanhado, em flagrante, a incendiar a companheira depois de a regar com álcool etílico. O agressor foi surpreendido em casa pelos agentes da PSP do Estoril, ainda com a garrafa de líquido combustível na mão, impávido, sem prestar auxílio à mulher que, aterrorizada, tentava apagar as chamas que a devoravam.
Pouco passava das 20h30 de anteontem quando os gritos de Gertrudes Flamino, 46 anos, ecoaram na rua de MiraGolfe, Estoril. Os vizinhos chamaram a PSP, tendo uma patrulha acorrido logo ao local.
Os dois agentes chegaram à Vivenda Jú a tempo de ouvir os pedidos de socorro. Face à falta de resposta do interior da moradia, forçaram a entrada. Gertrudes, dona da vivenda, tentava apagar as chamas que lhe atingiam o peito, as costas e as pernas.
Sentado na mesa da sala, com a garrafa de álcool na mão, o companheiro nada fazia para a ajudar. Só a intervenção dos polícias permitiu apagar o fogo que aterrorizava a vítima. Presente ontem de manhã ao juiz, o autor da agressão a Gertrudes aguarda julgamento com apresentações semanais à PSP do Estoril.
Juiz solta homem que lançou fogo à mulher
(in Correio da Manhã)
Um juiz do Tribunal de Cascais deixou ontem à solta o homem, de 47 anos, que foi apanhado, em flagrante, a incendiar a companheira depois de a regar com álcool etílico. O agressor foi surpreendido em casa pelos agentes da PSP do Estoril, ainda com a garrafa de líquido combustível na mão, impávido, sem prestar auxílio à mulher que, aterrorizada, tentava apagar as chamas que a devoravam.
Pouco passava das 20h30 de anteontem quando os gritos de Gertrudes Flamino, 46 anos, ecoaram na rua de MiraGolfe, Estoril. Os vizinhos chamaram a PSP, tendo uma patrulha acorrido logo ao local.
Os dois agentes chegaram à Vivenda Jú a tempo de ouvir os pedidos de socorro. Face à falta de resposta do interior da moradia, forçaram a entrada. Gertrudes, dona da vivenda, tentava apagar as chamas que lhe atingiam o peito, as costas e as pernas.
Sentado na mesa da sala, com a garrafa de álcool na mão, o companheiro nada fazia para a ajudar. Só a intervenção dos polícias permitiu apagar o fogo que aterrorizava a vítima. Presente ontem de manhã ao juiz, o autor da agressão a Gertrudes aguarda julgamento com apresentações semanais à PSP do Estoril.
Cautela e caldos de galinha...
“Sexo” é o quarto termo mais procurado por crianças na internet
(Sentido das Letras, in MSN Notícias)
O termo de pesquisa mais popular entre crianças e adolescentes é ‘YouTube’. Depois de “Google” e “Facebook”, o quarto termo mais procurado é “sexo”.
A companhia de segurança de computadores Symantec identificou os cem principais termos de pesquisas realizadas entre Fevereiro e Julho através do serviço de segurança familiar OnlineFamily.Norton, que monitoriza o uso da Internet entre crianças e adolescentes.
A Symantec descobriu que o termo mais popular de busca nessa faixa de público foi “YouTube”. “Google” é o segundo termo mais popular, e o “Yahoo” aparece na sétima posição. O site de redes sociais “Facebook” ficou em terceiro e o “MySpace” em quinto.
As palavras "sex" e "porn" também entraram na lista dos dez termos mais pesquisados, aparecendo nas quarta e sexta posições, respectivamente.
Outros termos populares incluem Michael Jackson, eBay, Wikipedia, a actriz Miley Cyrus, que interpreta a personagem Hannah Montana numa série da Disney, Taylor Swift, Webkinz, Club Penguin, e a música "Boom Boom Pow", da banda Black Eyed Peas.
A representante da Symantec para segurança na Internet, Marian Merritt, afirmou que a lista mostra que os pais precisam de ter consciência sobre o que seus filhos estão a fazer online. Esta lista, "também ajuda a identificar momentos em que os pais devem falar com seus filhos sobre comportamento apropriado na internet e outras questões relacionadas à vida online de suas crianças", afirmou em comunicado da empresa.
(Sentido das Letras, in MSN Notícias)
O termo de pesquisa mais popular entre crianças e adolescentes é ‘YouTube’. Depois de “Google” e “Facebook”, o quarto termo mais procurado é “sexo”.
A companhia de segurança de computadores Symantec identificou os cem principais termos de pesquisas realizadas entre Fevereiro e Julho através do serviço de segurança familiar OnlineFamily.Norton, que monitoriza o uso da Internet entre crianças e adolescentes.
A Symantec descobriu que o termo mais popular de busca nessa faixa de público foi “YouTube”. “Google” é o segundo termo mais popular, e o “Yahoo” aparece na sétima posição. O site de redes sociais “Facebook” ficou em terceiro e o “MySpace” em quinto.
As palavras "sex" e "porn" também entraram na lista dos dez termos mais pesquisados, aparecendo nas quarta e sexta posições, respectivamente.
Outros termos populares incluem Michael Jackson, eBay, Wikipedia, a actriz Miley Cyrus, que interpreta a personagem Hannah Montana numa série da Disney, Taylor Swift, Webkinz, Club Penguin, e a música "Boom Boom Pow", da banda Black Eyed Peas.
A representante da Symantec para segurança na Internet, Marian Merritt, afirmou que a lista mostra que os pais precisam de ter consciência sobre o que seus filhos estão a fazer online. Esta lista, "também ajuda a identificar momentos em que os pais devem falar com seus filhos sobre comportamento apropriado na internet e outras questões relacionadas à vida online de suas crianças", afirmou em comunicado da empresa.
terça-feira, 11 de agosto de 2009
Somos um país, no mínimo, intenso
Com as autarquias a prestarem um mau serviço aos consumidores, com os jovens a mentirem para terem apoios do estado, com linchamentos à porta de casa, com um rendimento de um milhão em roubos de tabaco em 2009, era muito bem feito que se nacionalizasse a banca comercial, como pretende o PCP. Estamos todos um pouco fartos das diatribes dos banqueiros, cujos clientes querem, depois, que seja o erário público a pagar.
Por isso, só nos faltava mesmo que o advogado de um dos famosos arguidos no caso Casa Pia (acusados pelos crimes de abuso sexual de várias crianças naquela instituição) tivesse visto a filha abusada por outro jurista, ainda por cima seu “amigo”. Há coincidências que cheiram a “justiça divina”, embora a criança seja talvez a única que não merecia um abuso destes. Mas, como ainda não há julgamento nem condenados, talvez ainda venha a provar-se que, apesar de ter havido abusados, não houve abusadores. Ou, quem sabe, apenas existiu um “bode expiatório”.
Só nos faltava também que alguns comportamentos anti-sociais (como lhes chama a Ministra da Saúde) andassem, por aí, criminosamente (digo eu), a espalhar a gripe A. Disse a ministra que uma mãe terá afirmado que, se lhe contagiaram a filha, ela contagiaria as outras crianças.
Para a ministra, pode ser o tal comportamento anti-social; para mim, é crime! Sem eufemismos.
Comportamento anti-social pode ser o facto de haver doentes infectados que se rejeitam a usar máscara. E fazem-no apenas por estupidez (coitados) e ignorância (duvidam?). Já lhes meteram tanta minhoca na cabeça que é fácil convencê-los de que isto é mais uma inventona para distrair o povo de outros problemas com que os políticos - esses, sim - nos infectaram. Criminosamente, diga-se!
E, finalmente, só nos faltava a “angústia” e o “desalento”do Prof. Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças do Governo suportado pela presente legislatura e liderado pelo soi disant Eng.º José Sócrates. Este Professor, que bateu o recorde de estar menos tempo á frente de um ministério em Portugal, foi o primeiro a aperceber-se de quem era efectivamente José Sócrates e bateu com a porta por não concordar que um ministério manifestamente técnico tivesse de submeter-se aos políticos e aos seus timings muito pouco científicos.
Em entrevista, agora, ao diário “i”, não se coibiu de afirmar: “É um estilo de governação que não enfrenta os problemas do país de uma forma que eu penso que seja a tecnicamente correcta e politicamente acertada. É feita de uma forma politicamente arrogante e tecnicamente errada”.
Ora, com amigos assim, quem precisa de inimigos?
Andava o “nosso primeiro” a vender cosmética sonora para a arrogância, e vem a sua primeira escolha para Ministro das Finanças dizer uma coisa destas…
Campos e Cunha fez mais pela maioria relativa nas próximas eleições (e o consequente falhanço da maioria absoluta actual e aquela que a propaganda eleitoral irá pedir - ou já pede mesmo antes de a campanha se iniciar) do que toda a Oposição junta.
Ora digam-me lá se, com um país destes, precisamos de outro, tão intenso…
Por isso, só nos faltava mesmo que o advogado de um dos famosos arguidos no caso Casa Pia (acusados pelos crimes de abuso sexual de várias crianças naquela instituição) tivesse visto a filha abusada por outro jurista, ainda por cima seu “amigo”. Há coincidências que cheiram a “justiça divina”, embora a criança seja talvez a única que não merecia um abuso destes. Mas, como ainda não há julgamento nem condenados, talvez ainda venha a provar-se que, apesar de ter havido abusados, não houve abusadores. Ou, quem sabe, apenas existiu um “bode expiatório”.
Só nos faltava também que alguns comportamentos anti-sociais (como lhes chama a Ministra da Saúde) andassem, por aí, criminosamente (digo eu), a espalhar a gripe A. Disse a ministra que uma mãe terá afirmado que, se lhe contagiaram a filha, ela contagiaria as outras crianças.
Para a ministra, pode ser o tal comportamento anti-social; para mim, é crime! Sem eufemismos.
Comportamento anti-social pode ser o facto de haver doentes infectados que se rejeitam a usar máscara. E fazem-no apenas por estupidez (coitados) e ignorância (duvidam?). Já lhes meteram tanta minhoca na cabeça que é fácil convencê-los de que isto é mais uma inventona para distrair o povo de outros problemas com que os políticos - esses, sim - nos infectaram. Criminosamente, diga-se!
E, finalmente, só nos faltava a “angústia” e o “desalento”do Prof. Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças do Governo suportado pela presente legislatura e liderado pelo soi disant Eng.º José Sócrates. Este Professor, que bateu o recorde de estar menos tempo á frente de um ministério em Portugal, foi o primeiro a aperceber-se de quem era efectivamente José Sócrates e bateu com a porta por não concordar que um ministério manifestamente técnico tivesse de submeter-se aos políticos e aos seus timings muito pouco científicos.
Em entrevista, agora, ao diário “i”, não se coibiu de afirmar: “É um estilo de governação que não enfrenta os problemas do país de uma forma que eu penso que seja a tecnicamente correcta e politicamente acertada. É feita de uma forma politicamente arrogante e tecnicamente errada”.
Ora, com amigos assim, quem precisa de inimigos?
Andava o “nosso primeiro” a vender cosmética sonora para a arrogância, e vem a sua primeira escolha para Ministro das Finanças dizer uma coisa destas…
Campos e Cunha fez mais pela maioria relativa nas próximas eleições (e o consequente falhanço da maioria absoluta actual e aquela que a propaganda eleitoral irá pedir - ou já pede mesmo antes de a campanha se iniciar) do que toda a Oposição junta.
Ora digam-me lá se, com um país destes, precisamos de outro, tão intenso…
domingo, 9 de agosto de 2009
Assim se vê por que razão o Benfica empatou com o Milan, ontem à noite, na Luz
Adeptos do Milan obrigam Ronaldinho a abandonar bar
09.08.2009, Manuel Assunção (PÚBLICO)
Alguns fãs do clube italiano não gostaram de ver dois jogadores da sua equipa,
o avançado e o guarda-redes Dida, num estabelecimento nocturno
Não é segredo nenhum. Ronaldinho Gaúcho, o jogador que durante vários anos mais entreteve os amantes do futebol, gosta de se divertir. Mas esta época, depois do jejum de títulos do AC Milan na época passada e especialmente depois do juramento, realizado em Junho perante os seus colegas e "incentivado" por Silvio Berlusconi, de que iria comportar-se como um grande profissional, era suposto divertir-se um pouco menos fora dos relvados. No entanto, na madrugada de sexta-feira, o brasileiro dos dribles indecifráveis foi visto por vários adeptos do Milan num bar a horas impróprias (1h30) para um futebolista. O grupo, alertado pela presença de Ronaldinho e do compatriota e colega de equipa Dida, abordou os atletas, gritando-lhes para regressarem a casa e exigindo-lhes que fossem descansar para os treinos dos dias seguintes, relatou o jornal La Gazzetta dello Sport.
Para evitar problemas, os dois futebolistas, que antes tinham estado a dançar e a ver um concerto do brasileiro Neguinho, abandonaram o bar por uma saída secundária. A geo-grafia tramou Ronaldinho, que não ganha nada desde 2006 e está longe das exibições que o tornaram no melhor do mundo em 2004 e 2005. Assano, onde decorria um festival latino-americano, fica a uma dezena de quilómetros de Milão. Nem foi sequer a primeira recaída do avançado de 29 anos, que uns dias antes também tinha tido uma noite de festa, sem incómodo, mas notada, em Castelldefels, perto de Barcelona.
Numa conjuntura diferente - com Kaká e Maldini, com títulos, com vitórias em vez de derrotas na pré-época -, talvez os adeptos do Milan se tivessem preocupado unicamente em garantir um autógrafo de "Il Dentone", como é conhecido em Itália, e não em reclamar. Mas este não tem sido um Verão fácil para os rossoneri, que acham que Ronaldinho terá melhores hipóteses de bailar no campo se não bailar fora dele.
Um esclarecimento: Ronaldinho sempre gostou de festas, de sambar e de sair à noite. Mas foi quando o seu rendimento caiu que as pessoas se passaram a importar com isso. A sua baixa de forma no Barcelona, que o despromoveu a suplente e em última instância originou a sua transferência para o Milan, foi associada ao seu comportamento extradesportivo, visto como um mau exemplo para jovens como Messi e Bojan Krkic.
Correu mundo uma fotografia, tirada após uma derrota caseira do clube catalão com o Liverpool, que o mostrava com barriga a mais para um profissional de futebol. Algum tempo depois, segundo a imprensa espanhola, Ronaldinho, oficialmente lesionado numa perna, dançou numa discoteca de Barcelona até às cinco da manhã, enquanto os seus colegas dormiam em Manchester antes de um jogo da Liga dos Campeões com o United.
09.08.2009, Manuel Assunção (PÚBLICO)
Alguns fãs do clube italiano não gostaram de ver dois jogadores da sua equipa,
o avançado e o guarda-redes Dida, num estabelecimento nocturno
Não é segredo nenhum. Ronaldinho Gaúcho, o jogador que durante vários anos mais entreteve os amantes do futebol, gosta de se divertir. Mas esta época, depois do jejum de títulos do AC Milan na época passada e especialmente depois do juramento, realizado em Junho perante os seus colegas e "incentivado" por Silvio Berlusconi, de que iria comportar-se como um grande profissional, era suposto divertir-se um pouco menos fora dos relvados. No entanto, na madrugada de sexta-feira, o brasileiro dos dribles indecifráveis foi visto por vários adeptos do Milan num bar a horas impróprias (1h30) para um futebolista. O grupo, alertado pela presença de Ronaldinho e do compatriota e colega de equipa Dida, abordou os atletas, gritando-lhes para regressarem a casa e exigindo-lhes que fossem descansar para os treinos dos dias seguintes, relatou o jornal La Gazzetta dello Sport.
Para evitar problemas, os dois futebolistas, que antes tinham estado a dançar e a ver um concerto do brasileiro Neguinho, abandonaram o bar por uma saída secundária. A geo-grafia tramou Ronaldinho, que não ganha nada desde 2006 e está longe das exibições que o tornaram no melhor do mundo em 2004 e 2005. Assano, onde decorria um festival latino-americano, fica a uma dezena de quilómetros de Milão. Nem foi sequer a primeira recaída do avançado de 29 anos, que uns dias antes também tinha tido uma noite de festa, sem incómodo, mas notada, em Castelldefels, perto de Barcelona.
Numa conjuntura diferente - com Kaká e Maldini, com títulos, com vitórias em vez de derrotas na pré-época -, talvez os adeptos do Milan se tivessem preocupado unicamente em garantir um autógrafo de "Il Dentone", como é conhecido em Itália, e não em reclamar. Mas este não tem sido um Verão fácil para os rossoneri, que acham que Ronaldinho terá melhores hipóteses de bailar no campo se não bailar fora dele.
Um esclarecimento: Ronaldinho sempre gostou de festas, de sambar e de sair à noite. Mas foi quando o seu rendimento caiu que as pessoas se passaram a importar com isso. A sua baixa de forma no Barcelona, que o despromoveu a suplente e em última instância originou a sua transferência para o Milan, foi associada ao seu comportamento extradesportivo, visto como um mau exemplo para jovens como Messi e Bojan Krkic.
Correu mundo uma fotografia, tirada após uma derrota caseira do clube catalão com o Liverpool, que o mostrava com barriga a mais para um profissional de futebol. Algum tempo depois, segundo a imprensa espanhola, Ronaldinho, oficialmente lesionado numa perna, dançou numa discoteca de Barcelona até às cinco da manhã, enquanto os seus colegas dormiam em Manchester antes de um jogo da Liga dos Campeões com o United.
Morreu Raul Solnado (A minha homenagem, transcrevendo do PÚBLICO)
Na galeria dos inesquecíveis
09.08.2009, Mário Zambujal
A meio da manhã, ligou-me o António Macedo, da Antena 1, com a voz tensa e a notícia de um rumor: constava que tinha morrido o Raul Solnado. Perturbado e um tanto incrédulo, dado que os nossos últimos encontros não pressagiavam tão brutal novidade, procurei informações junto de um amigo comum que o acompanhava sempre: o Manolo Bello. Era verdade. Duas horas antes destas amargas conversas, perdêramos do nosso convívio um homem raro, alguém que não fazia apenas parte de um círculo de amigos mas da existência dos portugueses todos. E nessa manhã negra de ontem, em homenagem à memória do Raul, tomei dois whiskies como tantas vezes fizemos juntos. E entristeci.
Não sei se volto a ter explosões de riso como as que me proporcionou o Raul nas noitadas livres de regras e conveniências em que contávamos anedotas e falávamos muito de mulheres e de pândegas. Nestes últimos anos, já não resistíamos a rememorar peripécias antigas e ríamos assim, em diferido, de episódios castiços de épocas vividas. E sei, sim, que Portugal empobreceu ao perder um cidadão invulgar, não apenas pelo talento do artista, como pelo carácter que o colocava ao lado das causas boas. Ele era aquilo que considero um intelectual de verdade: não apenas um erudito acumulador de ideias alheias mas um criativo leitor nas páginas da vida.
Por mais que a sensatez nos precate para a inevitabilidade da morte, e por muito que um tipo da minha geração se vá habituando à chamada para velórios e funerais, a notícia deste sábado de Agosto deixou-me a sensação terrível de que todos nós morremos um pouco. Não só quem teve o privilégio de o ter por perto. A profunda empatia entre o Raul e essa entidade vasta e contraditória a que chamamos "público" faz deste dia o luto não só familiar e dos amigos próximos, mas de um povo. Ele divertiu Portugal, que sempre precisou de quem o tirasse do sério e da sisudez. Mas o Raul, como bem provou quando chamado a outros "papéis" que não o de irresistível comediante, mostrou-se como o artista total, tão capaz da comédia como do drama, tão sagaz despertador do riso como intérprete de personagens díspares.
O que me consola a alma, neste momento desolado, é a certeza de que o Raul não deixa um vazio. Ele manterá o seu lugar no palco das artes e dos afectos e há-de pertencer a todas as gerações. Se me fosse permitido mandar agora um recado ao Raul, eu diria: "Quando chegar a minha vez, quero um lugar junto de ti. Muito nos havemos de rir". (Depoimento recolhido por Paula Torres de Carvalho)
09.08.2009, Mário Zambujal
A meio da manhã, ligou-me o António Macedo, da Antena 1, com a voz tensa e a notícia de um rumor: constava que tinha morrido o Raul Solnado. Perturbado e um tanto incrédulo, dado que os nossos últimos encontros não pressagiavam tão brutal novidade, procurei informações junto de um amigo comum que o acompanhava sempre: o Manolo Bello. Era verdade. Duas horas antes destas amargas conversas, perdêramos do nosso convívio um homem raro, alguém que não fazia apenas parte de um círculo de amigos mas da existência dos portugueses todos. E nessa manhã negra de ontem, em homenagem à memória do Raul, tomei dois whiskies como tantas vezes fizemos juntos. E entristeci.
Não sei se volto a ter explosões de riso como as que me proporcionou o Raul nas noitadas livres de regras e conveniências em que contávamos anedotas e falávamos muito de mulheres e de pândegas. Nestes últimos anos, já não resistíamos a rememorar peripécias antigas e ríamos assim, em diferido, de episódios castiços de épocas vividas. E sei, sim, que Portugal empobreceu ao perder um cidadão invulgar, não apenas pelo talento do artista, como pelo carácter que o colocava ao lado das causas boas. Ele era aquilo que considero um intelectual de verdade: não apenas um erudito acumulador de ideias alheias mas um criativo leitor nas páginas da vida.
Por mais que a sensatez nos precate para a inevitabilidade da morte, e por muito que um tipo da minha geração se vá habituando à chamada para velórios e funerais, a notícia deste sábado de Agosto deixou-me a sensação terrível de que todos nós morremos um pouco. Não só quem teve o privilégio de o ter por perto. A profunda empatia entre o Raul e essa entidade vasta e contraditória a que chamamos "público" faz deste dia o luto não só familiar e dos amigos próximos, mas de um povo. Ele divertiu Portugal, que sempre precisou de quem o tirasse do sério e da sisudez. Mas o Raul, como bem provou quando chamado a outros "papéis" que não o de irresistível comediante, mostrou-se como o artista total, tão capaz da comédia como do drama, tão sagaz despertador do riso como intérprete de personagens díspares.
O que me consola a alma, neste momento desolado, é a certeza de que o Raul não deixa um vazio. Ele manterá o seu lugar no palco das artes e dos afectos e há-de pertencer a todas as gerações. Se me fosse permitido mandar agora um recado ao Raul, eu diria: "Quando chegar a minha vez, quero um lugar junto de ti. Muito nos havemos de rir". (Depoimento recolhido por Paula Torres de Carvalho)
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
O Sr. JOSÉ (Sócrates carvalho pinto) DE SOUSA
O cidadão, Sr. José de Sousa, acompanhado da namorada e de um casal amigo, foi de férias para a Menorca, nas Baleares.
Como qualquer cidadão, tem direito a perder as malas. Voe pela TAP ou por qualquer outra companhia ibérica.
O Primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, acompanhado da namorada e de um casal amigo, foi de férias para a Menorca, nas Baleares.
Como Primeiro-ministro, devia salvaguardar melhor a bagagem, porque, embora tenha o mesmo direito de outro cidadão a perder as malas, voe pela TAP ou por qualquer outra companhia ibérica, é uma chatice ver extraviados os seus fatos de fino corte, pagos pelo contribuinte.
Ou não!
O Sr. José de Sousa – ou o soit disant Engenheiro José Sócrates – é coerente. Para ele, o que os contribuintes pagam merece-lhe muito pouca atenção. Se se perderem, compram-se outros fatos. Ou inventam-se outros impostos.
Ainda não me perguntei por que razão me deu um gozo imenso esta notícia. Mas hei-de questionar-me sobre isso. Até lá, vou esgrimindo, com um sorriso largo, as desventuras do político de Vilar de Maçada, Alijó, que me assombra os dias.
Bem feito!
Como qualquer cidadão, tem direito a perder as malas. Voe pela TAP ou por qualquer outra companhia ibérica.
O Primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, acompanhado da namorada e de um casal amigo, foi de férias para a Menorca, nas Baleares.
Como Primeiro-ministro, devia salvaguardar melhor a bagagem, porque, embora tenha o mesmo direito de outro cidadão a perder as malas, voe pela TAP ou por qualquer outra companhia ibérica, é uma chatice ver extraviados os seus fatos de fino corte, pagos pelo contribuinte.
Ou não!
O Sr. José de Sousa – ou o soit disant Engenheiro José Sócrates – é coerente. Para ele, o que os contribuintes pagam merece-lhe muito pouca atenção. Se se perderem, compram-se outros fatos. Ou inventam-se outros impostos.
Ainda não me perguntei por que razão me deu um gozo imenso esta notícia. Mas hei-de questionar-me sobre isso. Até lá, vou esgrimindo, com um sorriso largo, as desventuras do político de Vilar de Maçada, Alijó, que me assombra os dias.
Bem feito!
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quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Por falar em absolutismo
A práxis absolutista do Primeiro-ministro continua a fazer escola.
Iluminados, por inspiração divina, como divino é o poder de que foram investidos, os socialistas leram bem a cartilha de Luís XIV, esse “Rei Sol” que não se coibia de afirmar: “Aprés moi, le déluge”.
Nada nem ninguém se lhes compara!
Depois de tudo o que foi dito e feito – ou esquecido – pelos profissionais políticos do PS, a arrogância continua a ser a sua maior virtude. Arrogância, pesporrência, bazófia, pedantismo. Sinónimos paulatinamente conjugados pelas excelências do poder.
Ora, quando alguém lhes bate o pé ou levanta o véu dos seus pecados, ei-los a bramir “fatwas”, condenando ao inferno os infiéis.
Vimos isso com Sócrates, Maria de Lurdes, Mário Lino e, agora, com Carlos César. Incomodado com o “chumbo” do Tribunal Constitucional ao Estatuto Político-administrativo dos Açores, que o Presidente da República Cavaco Silva já vetara, foi aos arames, deixou cair o verniz, e há que vociferar contra tudo e contra todos.
Afirmando que não recebe “lições de portuguesismo” de nenhum titular de órgãos de soberania, referindo-se ao mais alto Magistrado da Nação e ao Presidente do Tribunal Constitucional, institucionalmente o garante da constitucionalidade da Nação, há que dizer que Cavaco Silva é um histórico inimigo da regionalização e lá foi ajuntando que não desistirá de lutar por um melhor estatuto.
O homem estava colérico, gaguejava… embora a sua voz melíflua mascarasse a raiva.
"Não temos medo de defender uma autonomia mais forte e aprofundada porque não recebemos lições de portuguesismo de nenhum juiz, nem de nenhum titular de qualquer órgão de soberania"…
Bem dito… “Toma lá, que é democrático!”
Claro que podíamos responder com o célebre “o que tu queres, sei eu” do comediante que eternizou este chavão.
Têm dúvidas? Então leiam:
"O que vale a pena agora não é discutir mais este assunto, mas concentrarmo-nos nas eleições legislativas para garantir um governo que nos continue a defender e uma maioria que proporcione um processo de revisão constitucional onde seja possível resolver as dúvidas e as insuficiências que agora se colocaram a propósito da revisão do Estatuto", defendeu.
Terminando, Carlos César haveria de confirmar: "a votação no PS é a resposta adequada a essas contrariedades".
Livra!
---------------------
Post-scriptum: Luís XIV é ainda hoje a imagem do absolutismo, o seu maior vulto. Mas, como quase sempre acontece, não foi ele que foi executado… Alguém pagou os seus pecados. Foi Luís XVI. Ele que, afinal, com a convocação dos Estados Gerais, 175 anos depois, tentava emendar os erros do passado. Não foi a tempo.
Iluminados, por inspiração divina, como divino é o poder de que foram investidos, os socialistas leram bem a cartilha de Luís XIV, esse “Rei Sol” que não se coibia de afirmar: “Aprés moi, le déluge”.
Nada nem ninguém se lhes compara!
Depois de tudo o que foi dito e feito – ou esquecido – pelos profissionais políticos do PS, a arrogância continua a ser a sua maior virtude. Arrogância, pesporrência, bazófia, pedantismo. Sinónimos paulatinamente conjugados pelas excelências do poder.
Ora, quando alguém lhes bate o pé ou levanta o véu dos seus pecados, ei-los a bramir “fatwas”, condenando ao inferno os infiéis.
Vimos isso com Sócrates, Maria de Lurdes, Mário Lino e, agora, com Carlos César. Incomodado com o “chumbo” do Tribunal Constitucional ao Estatuto Político-administrativo dos Açores, que o Presidente da República Cavaco Silva já vetara, foi aos arames, deixou cair o verniz, e há que vociferar contra tudo e contra todos.
Afirmando que não recebe “lições de portuguesismo” de nenhum titular de órgãos de soberania, referindo-se ao mais alto Magistrado da Nação e ao Presidente do Tribunal Constitucional, institucionalmente o garante da constitucionalidade da Nação, há que dizer que Cavaco Silva é um histórico inimigo da regionalização e lá foi ajuntando que não desistirá de lutar por um melhor estatuto.
O homem estava colérico, gaguejava… embora a sua voz melíflua mascarasse a raiva.
"Não temos medo de defender uma autonomia mais forte e aprofundada porque não recebemos lições de portuguesismo de nenhum juiz, nem de nenhum titular de qualquer órgão de soberania"…
Bem dito… “Toma lá, que é democrático!”
Claro que podíamos responder com o célebre “o que tu queres, sei eu” do comediante que eternizou este chavão.
Têm dúvidas? Então leiam:
"O que vale a pena agora não é discutir mais este assunto, mas concentrarmo-nos nas eleições legislativas para garantir um governo que nos continue a defender e uma maioria que proporcione um processo de revisão constitucional onde seja possível resolver as dúvidas e as insuficiências que agora se colocaram a propósito da revisão do Estatuto", defendeu.
Terminando, Carlos César haveria de confirmar: "a votação no PS é a resposta adequada a essas contrariedades".
Livra!
---------------------
Post-scriptum: Luís XIV é ainda hoje a imagem do absolutismo, o seu maior vulto. Mas, como quase sempre acontece, não foi ele que foi executado… Alguém pagou os seus pecados. Foi Luís XVI. Ele que, afinal, com a convocação dos Estados Gerais, 175 anos depois, tentava emendar os erros do passado. Não foi a tempo.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Noites de África
Maio 2007
A noite inicia-se com um black label.
A mesa apinhou com os amigos à volta, entre risos e prosa, que o DJ ainda não desatou a pista. Ficam nos ouvidos timbres de outras alegrias, os olhos ansiosos. A música é amena, internacional.
Quando abre a pista, as notas elevam-se. Os sorrisos suprem a conversa porque os decibéis dominam todos os outros sons, enquanto o cenário se acomoda nas entradas de novas produções de roupa que brilham no laser, nas luzes giratórias, nos holofotes que cobrem todo o espaço de luzes variadas.
Continua a música importada e os primeiros pares tomam lugar na dança.
Mas o grosso do pelotão espera o incontornável. Que ainda não começou. Mas a sexualidade brilha nos olhos. Enquanto se pensa na primeira dama para convidar, percorrem-se os corpos com avidez, traçam-se as curvas, imaginam-se os movimentos.
Entretanto, o ambiente vai aquecendo. Cada vez mais próximo o vulcão.
Inovou-se o ritmo a partir da cabine. O som de África investe, irrompe, poderoso.
Colam-se os corpos. Os movimentos escaldam. Mas os pés ainda se mexem no piso. O mote está lançado, mas os poetas ainda não concluíram as variações do poema que cresce em sensualidade.
As bebidas escorrem, alguns pares saem para o descanso. Que a lide na pista é fogo.
E guardam-se para o que vem a seguir.
Estão todos suspensos do DJ… que ri, descaradamente, na ansiedade de quem quer dançar.
Beberrico o whisky com gelo, muito gelo, a minha parte de “jornalista” espera, aguarda.
Chegou o momento almejado. Na pista não cabe mais ninguém. Reduz-se para centímetros o espaço entre os pares. Noutros cantos, só milímetros. Tudo dança até fora da pista.
Os pés não mexem. Centenas de pélvis concorrem na sensualidade, mexendo, remexendo, os olhos em transe. E elas não param. E eles acompanham. Há espaço a menos e corpos a mais. Tenho que me desencostar da fronteira da pista, porque há dezenas de corpos de femininos encostados à balaustrada, os corpos das mulheres movimentando-se ali, da cinta para baixo, apenas, a cinco centímetros dos meus olhos.
É muito para mim. Confesso. Nem a parte de jornalista consegue a serenidade.
Enche-se o copo de gelo, mais um gole de bebida que depressa fica a escaldar, uniforme com o ambiente de fornalha que cresce da pista e arrasa todo o espaço circundante. O ar condicionado nem se nota mais.
É quase uma hora de corpos em frenesi, enchendo da máxima carnalidade e volúpia o recinto todo.
Há tropeções na saída, os olhos estão húmidos de prazer. Meia casa vai embora por volta das duas e meia. Porque não há mais daquela música. Os decibéis em fúria atacam agora o ambiente da pesada.
Quem aguenta?!
Saiu o meu grupo todo, também. No ar aquecido da rua, os corpos invadem-se pelos cantos das árvores, em entradas entre os arbustos, nos carros estacionados mais longe. Já não brilham na escuridão as luzes de tunning. O som é calmo. Os carros não querem mostrar que lá dentro alguém se consome em juras de amor, na paixão partilhada entre dois corpos quentes e jovens que se querem.
Paramos numa estação de serviço, os três jipes. Água fresca, por favor. É urgente tirar de nós o travo da noite. Porque queima.
O jornalista pensa nas palavras. Não as encontra.
O poeta some-se na entrada do quarto e atira-se sobre a cama.
A solidão regressa. O que os seus olhos viram passa para o piso das recordações da vida, uma vida tão diferente.
Porque logo mais tarde, mas bem cedo, há uma viagem longa a encetar, com hora e meia de buracos que engolem o tráfego de uma manhã de domingo.
Chegaremos lá pela noitinha.
É o tempo de escrever alguns momentos com que a vida nos consome.
Boa noite!
A noite inicia-se com um black label.
A mesa apinhou com os amigos à volta, entre risos e prosa, que o DJ ainda não desatou a pista. Ficam nos ouvidos timbres de outras alegrias, os olhos ansiosos. A música é amena, internacional.
Quando abre a pista, as notas elevam-se. Os sorrisos suprem a conversa porque os decibéis dominam todos os outros sons, enquanto o cenário se acomoda nas entradas de novas produções de roupa que brilham no laser, nas luzes giratórias, nos holofotes que cobrem todo o espaço de luzes variadas.
Continua a música importada e os primeiros pares tomam lugar na dança.
Mas o grosso do pelotão espera o incontornável. Que ainda não começou. Mas a sexualidade brilha nos olhos. Enquanto se pensa na primeira dama para convidar, percorrem-se os corpos com avidez, traçam-se as curvas, imaginam-se os movimentos.
Entretanto, o ambiente vai aquecendo. Cada vez mais próximo o vulcão.
Inovou-se o ritmo a partir da cabine. O som de África investe, irrompe, poderoso.
Colam-se os corpos. Os movimentos escaldam. Mas os pés ainda se mexem no piso. O mote está lançado, mas os poetas ainda não concluíram as variações do poema que cresce em sensualidade.
As bebidas escorrem, alguns pares saem para o descanso. Que a lide na pista é fogo.
E guardam-se para o que vem a seguir.
Estão todos suspensos do DJ… que ri, descaradamente, na ansiedade de quem quer dançar.
Beberrico o whisky com gelo, muito gelo, a minha parte de “jornalista” espera, aguarda.
Chegou o momento almejado. Na pista não cabe mais ninguém. Reduz-se para centímetros o espaço entre os pares. Noutros cantos, só milímetros. Tudo dança até fora da pista.
Os pés não mexem. Centenas de pélvis concorrem na sensualidade, mexendo, remexendo, os olhos em transe. E elas não param. E eles acompanham. Há espaço a menos e corpos a mais. Tenho que me desencostar da fronteira da pista, porque há dezenas de corpos de femininos encostados à balaustrada, os corpos das mulheres movimentando-se ali, da cinta para baixo, apenas, a cinco centímetros dos meus olhos.
É muito para mim. Confesso. Nem a parte de jornalista consegue a serenidade.
Enche-se o copo de gelo, mais um gole de bebida que depressa fica a escaldar, uniforme com o ambiente de fornalha que cresce da pista e arrasa todo o espaço circundante. O ar condicionado nem se nota mais.
É quase uma hora de corpos em frenesi, enchendo da máxima carnalidade e volúpia o recinto todo.
Há tropeções na saída, os olhos estão húmidos de prazer. Meia casa vai embora por volta das duas e meia. Porque não há mais daquela música. Os decibéis em fúria atacam agora o ambiente da pesada.
Quem aguenta?!
Saiu o meu grupo todo, também. No ar aquecido da rua, os corpos invadem-se pelos cantos das árvores, em entradas entre os arbustos, nos carros estacionados mais longe. Já não brilham na escuridão as luzes de tunning. O som é calmo. Os carros não querem mostrar que lá dentro alguém se consome em juras de amor, na paixão partilhada entre dois corpos quentes e jovens que se querem.
Paramos numa estação de serviço, os três jipes. Água fresca, por favor. É urgente tirar de nós o travo da noite. Porque queima.
O jornalista pensa nas palavras. Não as encontra.
O poeta some-se na entrada do quarto e atira-se sobre a cama.
A solidão regressa. O que os seus olhos viram passa para o piso das recordações da vida, uma vida tão diferente.
Porque logo mais tarde, mas bem cedo, há uma viagem longa a encetar, com hora e meia de buracos que engolem o tráfego de uma manhã de domingo.
Chegaremos lá pela noitinha.
É o tempo de escrever alguns momentos com que a vida nos consome.
Boa noite!
Etiquetas:
incursões no lado certo da noite
Só posso dizer-te
Esta noite, sonhei contigo.
Contigo ou com os sentimentos? Contigo ou com os sentidos?
Reparti iodo pela tua pele para ficares com as cores do verão.
Do verão ou do moreno? Do verão, porque és o sol? Do moreno, porque és a minha visão singular?
Nos sonhos, não há as marcas do tempo. Só as marcas da paixão? Só as marcas que deixas na minha alma?
Por isso, um dia, ainda que o improvável sobreleve, deixarás de ser a vestal que inunda de fogo as madrugadas. E serás a mulher inteira do desassossego.
Porque cuidarei dos sonhos sem ficção. E não simularei esta angústia de não seres contígua à minha pele. De voares, apenas, neste limbo, que é esta ilusão de te ter, nunca te tendo. Porque estás para além das montanhas, e não há trilhos escavados na pedra. Porque és uma estrela, e não sei voar o teu infinito. Porque o teu encalço, apesar de indelével, é a minha utopia.
Esta noite, sonhei contigo.
Mas há este vazio onde apenas consigo tactear os contornos impensáveis do fogo.
Contigo ou com os sentimentos? Contigo ou com os sentidos?
Reparti iodo pela tua pele para ficares com as cores do verão.
Do verão ou do moreno? Do verão, porque és o sol? Do moreno, porque és a minha visão singular?
Nos sonhos, não há as marcas do tempo. Só as marcas da paixão? Só as marcas que deixas na minha alma?
Por isso, um dia, ainda que o improvável sobreleve, deixarás de ser a vestal que inunda de fogo as madrugadas. E serás a mulher inteira do desassossego.
Porque cuidarei dos sonhos sem ficção. E não simularei esta angústia de não seres contígua à minha pele. De voares, apenas, neste limbo, que é esta ilusão de te ter, nunca te tendo. Porque estás para além das montanhas, e não há trilhos escavados na pedra. Porque és uma estrela, e não sei voar o teu infinito. Porque o teu encalço, apesar de indelével, é a minha utopia.
Esta noite, sonhei contigo.
Mas há este vazio onde apenas consigo tactear os contornos impensáveis do fogo.
Vá!
Vá!
Diz-me que sabes
ainda
o sabor da noite
na minha pele
o crescer da lava
dos sentidos
e que os corpos
isotéricos
ainda se dizem
exotéricos
mas nada vulgares
como um esboço
de emoções derramadas
Diz-me que sabes
ainda
o sabor da noite
na minha pele
o crescer da lava
dos sentidos
e que os corpos
isotéricos
ainda se dizem
exotéricos
mas nada vulgares
como um esboço
de emoções derramadas
silêncios
Os silêncios brotam das cortinas
E são traços marcados
Na invicta ausência
Porque os sorrisos
São pregas, são dobras
São damascos, são brocados
Onde se perde o olhar
De tudo o que ficou
No chaveiro dos sentimentos
E são traços marcados
Na invicta ausência
Porque os sorrisos
São pregas, são dobras
São damascos, são brocados
Onde se perde o olhar
De tudo o que ficou
No chaveiro dos sentimentos
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memórias do tempo,
sobre mim
estrelas na noite
Há estrelas que brilham na noite.
Têm o calor de um olhar
calmamente afogueado
têm o carinho envergonhado
de um toque na pele
tremeluzem na tua boca
feita de palavras vivas
e enrolam-se no entardecer
feito de sorrisos cúmplices.
e um grande desassossego
se faz, imenso e misterioso,
pele das palavras a ferver
nos contornos da voz
que se embargou
para te receber
Têm o calor de um olhar
calmamente afogueado
têm o carinho envergonhado
de um toque na pele
tremeluzem na tua boca
feita de palavras vivas
e enrolam-se no entardecer
feito de sorrisos cúmplices.
e um grande desassossego
se faz, imenso e misterioso,
pele das palavras a ferver
nos contornos da voz
que se embargou
para te receber
Quero-te
Quero-te, para lá das convenções
Para além dos compromissos.
Quero-te simplesmente
Selvagem e linda
Teus olhos onde escrevo
A sombra dos embondeiros
Teu corpo onde deixo a natureza
Tuas mãos onde planto o mar
Minha tentação irracional
Minha incontida vontade
Para além dos compromissos.
Quero-te simplesmente
Selvagem e linda
Teus olhos onde escrevo
A sombra dos embondeiros
Teu corpo onde deixo a natureza
Tuas mãos onde planto o mar
Minha tentação irracional
Minha incontida vontade
à distância das palavras com data
Escrevi estas linhas em Abril de 2008.
De vez em quando, gosto de reler o que guardei no baú de memórias.
Daí, esta republicação, porque convém que a memória perdure.
Aqui e agora.
_________________________________
Senhoras e Senhores, podem sentar-se.
A pantomina desceu á rua.
Riam, aplaudam. Os actores têm as gargantas calibradas.
Banda, ataque o Hino! Os senhores estão a chegar.
Os centuriões da GNR penteiam os carrapitos.
"É entrar, senhoria, a ver o que cá se passa; sete ratos, três enguias, uma cabra abracadabra..."
Um cravo vermelho para quem ainda se lembrar da letra. Da música. Do autor.
------
Gosto das paradas militares. Gosto de ver civis a passar revista a forças militares num passo forçado de marioneta. Gosto do que se diz ao ouvido entre senhoras dos camarotes de honra. Gosto da falta de treino de Mário Soares que já não consegue prender o cravo vermelho na lapela e, pragmaticamente, o enfia no bolso. E gosto de ver todos os outros a seguirem-lhe o exemplo. Todos perderam já o treino!
Gosto das entradas com passadeiras vermelhas. Dos alegados militares de Abril, de cabelos compridos apesar de brancos. Gosto da bandeira a adejar por sobre os mitos. Gosto de ouvir o Hino. Gosto de alguns discursos. Gosto dos que passam em frente à câmara porque não conseguem mascarar o seu fascínio pela notoriedade. Emplastros ou profissionais da pose.
Gosto da gravata azul e branca de Santana Lopes.
Gosto da gravata do discursante dos “Verdes”. Gostei que pelo menos um deputado não usasse gravata no uso da palavra, uma camisa sem colarinho e um casaco militarizado. Bravo! A luta continua!
Mas os cravos vermelhos são cada vez mais um mero adereço, até nos arranjos florais onde impera agora o verde dos fetos e quejandos artifícios ornamentais.
Meros adereços. Os cravos vermelhos são cada vez mais a gaguez de alguns líderes que não sabem bem porque ainda estão ali. Ou porque já estão ali, eles que nem nascidos eram em 74. Pois, nada mais sabem fazer. Cresceram no carreirismo, na militância.
Mas, mais do que isso e perdoem-me a deformação jornalística, fica-me a imagem de um cravo caído no chão em que ninguém reparou, nem mesmo os guardiões – ou guardiães, quero lá saber – do cesto de onde mãos de políticos colhem, por encomenda, a flor de Abril. Para a fotografia.
Os senhores da história recente continuam a caminhar pela passadeira vermelha.
E o cravo continua ali, caído. No chão da pose. No mármore em que se sepultam os mitos.
E eu já não sei se a Assembleia da República é o monumento vivo da vida democrática ou o mausoléu dos ideais enterrados, um teatro de rotinas, um albergue espanhol. O tecto da cadeia carreirista.
Foi há 34 anos.
Um ideal que durou uma semana. Quando, no 1.º de Maio, regressou a casa o povo. Depois da festa.
Como dizia Solnado, a festa dos cravos foi bonita, pá, mas o pior é quando chegar a conta da florista.
De vez em quando, gosto de reler o que guardei no baú de memórias.
Daí, esta republicação, porque convém que a memória perdure.
Aqui e agora.
_________________________________
Senhoras e Senhores, podem sentar-se.
A pantomina desceu á rua.
Riam, aplaudam. Os actores têm as gargantas calibradas.
Banda, ataque o Hino! Os senhores estão a chegar.
Os centuriões da GNR penteiam os carrapitos.
"É entrar, senhoria, a ver o que cá se passa; sete ratos, três enguias, uma cabra abracadabra..."
Um cravo vermelho para quem ainda se lembrar da letra. Da música. Do autor.
------
Gosto das paradas militares. Gosto de ver civis a passar revista a forças militares num passo forçado de marioneta. Gosto do que se diz ao ouvido entre senhoras dos camarotes de honra. Gosto da falta de treino de Mário Soares que já não consegue prender o cravo vermelho na lapela e, pragmaticamente, o enfia no bolso. E gosto de ver todos os outros a seguirem-lhe o exemplo. Todos perderam já o treino!
Gosto das entradas com passadeiras vermelhas. Dos alegados militares de Abril, de cabelos compridos apesar de brancos. Gosto da bandeira a adejar por sobre os mitos. Gosto de ouvir o Hino. Gosto de alguns discursos. Gosto dos que passam em frente à câmara porque não conseguem mascarar o seu fascínio pela notoriedade. Emplastros ou profissionais da pose.
Gosto da gravata azul e branca de Santana Lopes.
Gosto da gravata do discursante dos “Verdes”. Gostei que pelo menos um deputado não usasse gravata no uso da palavra, uma camisa sem colarinho e um casaco militarizado. Bravo! A luta continua!
Mas os cravos vermelhos são cada vez mais um mero adereço, até nos arranjos florais onde impera agora o verde dos fetos e quejandos artifícios ornamentais.
Meros adereços. Os cravos vermelhos são cada vez mais a gaguez de alguns líderes que não sabem bem porque ainda estão ali. Ou porque já estão ali, eles que nem nascidos eram em 74. Pois, nada mais sabem fazer. Cresceram no carreirismo, na militância.
Mas, mais do que isso e perdoem-me a deformação jornalística, fica-me a imagem de um cravo caído no chão em que ninguém reparou, nem mesmo os guardiões – ou guardiães, quero lá saber – do cesto de onde mãos de políticos colhem, por encomenda, a flor de Abril. Para a fotografia.
Os senhores da história recente continuam a caminhar pela passadeira vermelha.
E o cravo continua ali, caído. No chão da pose. No mármore em que se sepultam os mitos.
E eu já não sei se a Assembleia da República é o monumento vivo da vida democrática ou o mausoléu dos ideais enterrados, um teatro de rotinas, um albergue espanhol. O tecto da cadeia carreirista.
Foi há 34 anos.
Um ideal que durou uma semana. Quando, no 1.º de Maio, regressou a casa o povo. Depois da festa.
Como dizia Solnado, a festa dos cravos foi bonita, pá, mas o pior é quando chegar a conta da florista.
domingo, 2 de agosto de 2009
As palavras que nunca te direi
Sinto no tornado das tuas palavras a energia.
O profundo do teu olhar enorme dinamiza os meus sentidos.
Mas é largo, muito largo o rio que separa as nossas margens. Tem a medida de um
sorriso imenso.
E, apenas de longe, vislumbro o redondo do olhar que veste a tua alma despida.
Como a montanha que jamais escalarei, porque é paulatino o silêncio, conturbado,
das emoções em fúria.
Na tua tez de seiva criadora escrevo o sentimento vivo dos afectos.
Derramo-me no impossível, com a inevitabilidade de um limbo. E esqueço-me de
mim com um sorriso asfixiado de clausuras.
Mas guardo em mim, no mais imenso de mim, o eco incontido da tua voz afirmativa.
O brasão da utopia por cumprir.
E sublimo-te nas palavras. Componho-te em sonhos. Porque assim me pareces
contígua. Como pele da minha pele.
O profundo do teu olhar enorme dinamiza os meus sentidos.
Mas é largo, muito largo o rio que separa as nossas margens. Tem a medida de um
sorriso imenso.
E, apenas de longe, vislumbro o redondo do olhar que veste a tua alma despida.
Como a montanha que jamais escalarei, porque é paulatino o silêncio, conturbado,
das emoções em fúria.
Na tua tez de seiva criadora escrevo o sentimento vivo dos afectos.
Derramo-me no impossível, com a inevitabilidade de um limbo. E esqueço-me de
mim com um sorriso asfixiado de clausuras.
Mas guardo em mim, no mais imenso de mim, o eco incontido da tua voz afirmativa.
O brasão da utopia por cumprir.
E sublimo-te nas palavras. Componho-te em sonhos. Porque assim me pareces
contígua. Como pele da minha pele.
Podes ser tu
molham-se os segredos
estampam-se nos lençóis
podem ser lágrimas
pode ser a vida, assim
vertida dos corpos
saindo da alma
e podes ser tu, assim nua,
escrevendo a paixão
na sedução das palavras que ficam
e podes ser tu
a imagem que ficou
no lençol amarrotado
dos segredos por dizer
estampam-se nos lençóis
podem ser lágrimas
pode ser a vida, assim
vertida dos corpos
saindo da alma
e podes ser tu, assim nua,
escrevendo a paixão
na sedução das palavras que ficam
e podes ser tu
a imagem que ficou
no lençol amarrotado
dos segredos por dizer
E palavras, sempre as palavras.
Deixa passar a mão
pelo ventre das palavras
acariciar-te o beijo
abrindo-te o olhar
perder-me no abraço
acordar-te os sentidos
ferver na tentação
de me dar e ser sorriso
tactear-te, olhando,
Como se o olhar
cumprisse o corpo
e me trouxesse o sal
no beijo sem mácula
mas com desejo
Porque sou o poeta
simples que vem
desassossegar
Sou o poeta
maduro que vem
conhecer-te
Sou o poeta
da solidão cansada,
ansiando por ti
pelo ventre das palavras
acariciar-te o beijo
abrindo-te o olhar
perder-me no abraço
acordar-te os sentidos
ferver na tentação
de me dar e ser sorriso
tactear-te, olhando,
Como se o olhar
cumprisse o corpo
e me trouxesse o sal
no beijo sem mácula
mas com desejo
Porque sou o poeta
simples que vem
desassossegar
Sou o poeta
maduro que vem
conhecer-te
Sou o poeta
da solidão cansada,
ansiando por ti
Vieste
Entraste no crepúsculo
O teu tempo breve
se faz de palavras
que brilham no escuro
das planícies sem lua
O teu tempo ousado
se rege por guerras
porque lutam os sem nome
e tu és bandeira e fogo
Vieste no princípio do fim
que me gastei na "lide Insana"
como se fosse poeta de opereta
que me usaram sem perdão
como se não tivesse o que é meu
que sorrio indiferente(mente)
como se nada valesse na paz
Vieste e isso importa.
Mas o cansaço me dói devagar
na noite das palavras que mordem
O teu tempo breve
se faz de palavras
que brilham no escuro
das planícies sem lua
O teu tempo ousado
se rege por guerras
porque lutam os sem nome
e tu és bandeira e fogo
Vieste no princípio do fim
que me gastei na "lide Insana"
como se fosse poeta de opereta
que me usaram sem perdão
como se não tivesse o que é meu
que sorrio indiferente(mente)
como se nada valesse na paz
Vieste e isso importa.
Mas o cansaço me dói devagar
na noite das palavras que mordem
sábado, 1 de agosto de 2009
De um mail...
Subject: Despacho n.º 9810/2009: subsídio mensal de residência de € 941,25!
VEJAM ESTE ESCÂNDALO !!!!!
Assunto: Despacho n.º 9810/2009: subsídio mensal de residência de € 941,25!
Despacho n.º 9810/2009
Considerando que, nos termos do disposto no Decreto -Lei n.º 331/88,
de 27 de Setembro, pode ser atribuído um subsídio de residência aos
titulares do cargo de director -geral e de outros expressamente
equiparados, à data da nomeação no local onde se encontre sedeado o
respectivo organismo;
Considerando que o Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva,
presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores,
lugar expressamente equiparado a director -geral, tem a sua residência
permanente em Aveiro:
Assim, nos termos do disposto no artigo 2.º do Decreto -Lei n.º
331/88, de 27 de Setembro, determina -se o seguinte:
1 — É atribuído ao presidente do Conselho Científico para a Avaliação
de Professores, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva, um
subsídio mensal de residência no montante de € 941,25, a suportar pelo
orçamento da Secretaria-Geral do Ministério da Educação e actualizável
nos termos da portaria de revisão anual das tabelas de ajudas de
custo.
2 — O presente despacho produz efeitos desde 1 de Novembro de 2008.
12 de Fevereiro de 2009. —
O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos. —
Pela Ministra da Educação, Jorge Miguel de Melo Viana Pedreira,
Secretário de Estado Adjunto e da Educação.
E os professores desterrados com família?
-------------------------
Comentários para quê?
Como dizia o Zeca Afonso, "eles comem tudo e não deixam nada"!
VEJAM ESTE ESCÂNDALO !!!!!
Assunto: Despacho n.º 9810/2009: subsídio mensal de residência de € 941,25!
Despacho n.º 9810/2009
Considerando que, nos termos do disposto no Decreto -Lei n.º 331/88,
de 27 de Setembro, pode ser atribuído um subsídio de residência aos
titulares do cargo de director -geral e de outros expressamente
equiparados, à data da nomeação no local onde se encontre sedeado o
respectivo organismo;
Considerando que o Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva,
presidente do Conselho Científico para a Avaliação de Professores,
lugar expressamente equiparado a director -geral, tem a sua residência
permanente em Aveiro:
Assim, nos termos do disposto no artigo 2.º do Decreto -Lei n.º
331/88, de 27 de Setembro, determina -se o seguinte:
1 — É atribuído ao presidente do Conselho Científico para a Avaliação
de Professores, Prof. Doutor José Alexandre da Rocha Ventura Silva, um
subsídio mensal de residência no montante de € 941,25, a suportar pelo
orçamento da Secretaria-Geral do Ministério da Educação e actualizável
nos termos da portaria de revisão anual das tabelas de ajudas de
custo.
2 — O presente despacho produz efeitos desde 1 de Novembro de 2008.
12 de Fevereiro de 2009. —
O Ministro de Estado e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos. —
Pela Ministra da Educação, Jorge Miguel de Melo Viana Pedreira,
Secretário de Estado Adjunto e da Educação.
E os professores desterrados com família?
-------------------------
Comentários para quê?
Como dizia o Zeca Afonso, "eles comem tudo e não deixam nada"!
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