“Em tempos, um meu professor de Língua Portuguesa costumava dizer que “a Língua é o povo que a faz”. Embora nem sempre as coisas se processem duma forma assim tão democrática, não deixa de ser verdade que o “povo” (ou será antes “os povos”?) é quem tem a última palavra a dizer, no que se refere ao rumo que toma ou não toma a evolução da Língua. Em todo o caso, a Língua é indiscutivelmente um elemento dinâmico e multifacetado, é um elemento vivo, que cresce e que continuamente se transforma. Mas essa transformação não é operada por decreto e, portanto, vai ocorrendo gradualmente e de forma muito pouco homogénea. Por esse motivo, saber conviver com as diferentes variantes de uma mesma língua é um imperativo moral. Não o fazer, querendo impor a outrem uma determinada cultura que não se lhe ajusta, é ir contra os princípios sobre os quais assenta a nossa Constituição ou, diria mesmo, como continuar a viver no tempo longínquo dos descobrimentos, em que os nossos navegantes partiam incumbidos da missão de colonizar novas terras e de converter os seus habitantes à cultura “certa”, oficial, despojando-os dos seus bens materiais e das suas tradições.”
(Victor Domingos, A Língua Portuguesa no Alto Minho).
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(Idem, ibidem)
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