quarta-feira, 11 de julho de 2012

Mas as crianças, Senhor




Diz-nos o jornal PÚBLICO, citando o Projecto EU Kids Online, que Portugal é o “país europeu onde mais pais expressaram preocupações com os riscos online: 65% preocupam-se com contactos de estranhos e 61% com conteúdos problemáticos”.
Seria um belíssimo índice se, por outro lado, o mesmo jornal não referisse que um relatório do Conselho da Europa alerta que “há crianças portuguesas a emigrar para trabalhar por causa da crise”.
Ainda no mesmo periódico, podemos ler que o Tribunal Judicial de Santa Maria da Feira, face ao “arrependimento” de um abusador de menores, condenou o acusado a cinco anos de prisão com pena suspensa, uma vez que o colectivo de juízes considerou, com o aplauso de Ricardo Sá Fernandes, advogado de defesa, que a “ameaça de prisão realiza de forma adequada a finalidade da prisão”.
Belíssimo conceito da filosofia do direito, revoltante para quem sabe como funcionam os predadores sexuais.
Valham-nos, por isso, os versos de Augusto Gil, na Balada da Neve, se é que as palavras belas e os sentimentos genuínos podem, ainda, minorar a nossa revolta:
Que quem já é pecador
Sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
Porque lhes dais tanta dor?!
Porque padecem assim?!”

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