Procuradoria-Geral entende que livro não justifica uma investigação
O antigo internacional Fernando Mendes alegou num livro biográfico que o recurso a substâncias "dopantes" ilegais foi recorrente no futebol português durante a sua carreira, mas a Procuradoria-Geral da República entende que não há motivos para investigar.
Questionado pela Agência Lusa, o gabinete de imprensa da PGR respondeu que "até agora, não se encontram motivos para abrir inquéritos com base no livro do ex-futebolista Fernando Mendes".
Noutro caso, as declarações de Carolina Salgado, num livro que escreveu sobre o seu convívio com dirigentes do FC Porto, levaram à reabertura de inquéritos, como o caso de agressão a um ex-vereador da Câmara de Gondomar.
Sem apontar nomes, locais ou datas concretas o ex-defesa esquerdo, de 42 anos, dedica dois capítulos da obra às suas histórias com o doping e outros 11 ao seu percurso no Sporting, Benfica, Boavista, Belenenses, FC Porto e Vitória de Setúbal, à família, à selecção nacional e aos primeiros passos como treinador.
"A primeira versão apontava nomes, locais e datas dos momentos mais sórdidos que aqui são relatados. Infelizmente, o clima de medo e de censura instalado no futebol português tornou impossível juridicamente que essas mesmas pessoas fossem expostas, deixando esse primeiro livro condenado a viver numa gaveta", justifica.
Nas passagens dedicadas ao doping, o actual treinador conta como as coisas se passavam, mas sempre sem identificar clubes ou pessoas.
"Havia jogos em que entrávamos no balneário e perguntávamos ‘Onde está o 'milho’?. Pouco depois, aparecia o massagista com uma bandeja recheada de seringas para dar a cada um dos jogadores. Parecíamos galinhas de volta do prato, à espera da nossa vez: obcecados com a poção mágica que nos ajudava a correr mais do que os nossos adversários", refere.
Fernando Mendes refere ainda a presença de “mulheres” nos estágios da selecção nacional e o recurso ao doping numa das suas 14 internacionalizações, com a ajuda de um médico e um massagista do seu clube, a seu pedido, e "sem que ninguém” se tenha apercebido.
"Faço uma primeira parte fantástica, mas ao intervalo começo a sentir-me cansado e tenho medo de não aguentar o mesmo ritmo na segunda parte. Decido, por isso, pedir ajuda a um profissional conhecedor de estimulantes (...) Estão lá um médico e um massagista de um clube onde jogo (...)”, conta.
A acção deu-se ao intervalo: “(...) Peço a esse médico para me dar uma das suas injecções de doping. Saio do balneário da selecção, sem que ninguém se aperceba, e entro numa salinha ao lado. É aí que esse médico e o seu massagista me dão a injecção pedida por mim", sublinha, adiantando "o efeito é praticamente imediato".
terça-feira, 30 de junho de 2009
domingo, 28 de junho de 2009
frases à solta
“Portugal continua com os defeitos de sempre. Os privados servem o Estado e o Estado serve-se dos privados. Os tiques salazaristas mantêm-se: o Estado joga Monopólio e brinca às televisões. A PT fez uma figura triste.”
Ricardo Costa, Expresso, 27-06-09
Ricardo Costa, Expresso, 27-06-09
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em português nos entendemos
PEDRAS “TRANSPARENTES”
O crédito para o futebol português, que o Benfica reclama em nome da transparência, teve ontem, sábado, a primeira manifestação de massas e de intenções. Aquilo que não se consegue a bem consegue-se à pedrada. Foi na Academia do arqui-rival, decorria o minuto 25 de um jogo de futebol que decidia o campeão nacional da última etapa dos escalões de formação, os juniores. Sim, era a festa final da formação dos dois clubes. Não era um qualquer jogo da indústria da Liga!
Foi um exemplo, que a federação já terá considerado “raro”, daquilo que pode acontecer um pouco por todo o lado se o Benfica não conseguir, no campo, os seus desideratos. E, se a SAD fez o que fez para ganhar as próximas eleições, com os “inimigos” será ainda pior. De facto, nesta guerrilha de interesses inconfessáveis, os demissionários e candidatos a novo mandato mostraram que leram A Arte da Guerra, de Sun Tzu: "A vitória é o principal objectivo na guerra. Se tardar a ser alcançada, as armas embotam-se e a moral baixa."
E, dentro dessa doutrina, "(...) qualquer operação militar tem na dissimulação a sua qualidade básica...". Por isso, aquilo que poderia parecer uma animada base de apoio à equipa do Benfica tornou-se, isso sim, a estratégia do confronto: "É de suprema importância atacar a estratégia do inimigo."
Por isso, os dirigentes da SAD encarnada foram céleres a virar a opinião pública para o seu lado: de agressores a vítimas foi um ápice (“Os que ignoram as condições geográficas - montanhas e florestas - desfiladeiros perigosos, pântanos e lamaçais - não podem conduzir a marcha de um exército”) e, nesse sentido, a repetição do jogo terá de ser feita em campo neutro, dizem eles… (“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas”).
Daí não estranhar a linguagem paramilitar e quase terrorista de alguns programas da Benfica TV. Só quem não quer ver!
Só que toda a estratégia será condenada ao insucesso se o fim da guerra não for a paz, ensina Sun Tzu. E esta, manifestamente, não é!
"Se você conhece o inimigo e se conhece a si mesmo, não tem de temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, por cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas."
Que é como quem diz: cá em cima, neste norte azul e branco que ganha, a gente olha o Benfica de frente e pensa: “O que tu queres sei eu”!
Foi um exemplo, que a federação já terá considerado “raro”, daquilo que pode acontecer um pouco por todo o lado se o Benfica não conseguir, no campo, os seus desideratos. E, se a SAD fez o que fez para ganhar as próximas eleições, com os “inimigos” será ainda pior. De facto, nesta guerrilha de interesses inconfessáveis, os demissionários e candidatos a novo mandato mostraram que leram A Arte da Guerra, de Sun Tzu: "A vitória é o principal objectivo na guerra. Se tardar a ser alcançada, as armas embotam-se e a moral baixa."
E, dentro dessa doutrina, "(...) qualquer operação militar tem na dissimulação a sua qualidade básica...". Por isso, aquilo que poderia parecer uma animada base de apoio à equipa do Benfica tornou-se, isso sim, a estratégia do confronto: "É de suprema importância atacar a estratégia do inimigo."
Por isso, os dirigentes da SAD encarnada foram céleres a virar a opinião pública para o seu lado: de agressores a vítimas foi um ápice (“Os que ignoram as condições geográficas - montanhas e florestas - desfiladeiros perigosos, pântanos e lamaçais - não podem conduzir a marcha de um exército”) e, nesse sentido, a repetição do jogo terá de ser feita em campo neutro, dizem eles… (“As oportunidades multiplicam-se à medida que são agarradas”).
Daí não estranhar a linguagem paramilitar e quase terrorista de alguns programas da Benfica TV. Só quem não quer ver!
Só que toda a estratégia será condenada ao insucesso se o fim da guerra não for a paz, ensina Sun Tzu. E esta, manifestamente, não é!
"Se você conhece o inimigo e se conhece a si mesmo, não tem de temer o resultado de cem batalhas. Se você se conhece mas não conhece o inimigo, por cada vitória ganha sofrerá também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas as batalhas."
Que é como quem diz: cá em cima, neste norte azul e branco que ganha, a gente olha o Benfica de frente e pensa: “O que tu queres sei eu”!
sábado, 27 de junho de 2009
Uma tristeza!
O Benfica pretende escrever mais um capítulo na sanha de uma telenovela de contornos inconfessáveis. Mas reais.
Consta por aí nas notícias – já houve quem publicasse, até, o texto da proposta encarnada – que o SLB vai apresentar na AG da Liga Profissional de Futebol uma moção de alteração ao regime de empréstimos de jogadores.
Já todos identificámos o alvo desta alteração.
Num país em que se pensasse um futebol escorreito, com olhos de ver e com inteligência, tranquilidade, transparência, bom senso, seria aconselhável que, numa visão de futuro e de rentabilização dos efectivos mais jovens, dando-lhes hipóteses de jogar assiduamente e permitindo a sobrevivência de alguns clubes menores, se incentivasse uma política de empréstimos.
Já que o Benfica nunca foi dos mais entusiasmados defensores da participação de equipas B na segunda Liga. Se fosse, a par dos que querem crescer, esse problema já estaria resolvido.
Sem política e sem resultados desportivos, nada melhor do que “cortar as pernas” aos que investem nesta forma de rentabilização do seu património e na sustentação de uma série de clubes.
E como custa ver como alguns – Sporting e F.C.Porto – conseguem, após empréstimos de alguns jogadores jovens, reavê-los no fim do empréstimos e fazer deles figuras maiores.
Por isso, tendo em conta a esplêndida colheita da formação do Sporting, custa-me ver que os “leões” embarcaram nesta inominável tentativa de destruir, fora do campo, o património dos que ainda investem em formação e acompanhamento dos seus mais jovens.
Inveja pura!
E assim se mascara uma guerra que, pelos vistos, é a única motivação da SAD do Benfica. Eu pensei que era o futebol português e eram os resultados desportivos que deveriam motivar os dirigentes dos clubes e das sociedades desportivas.
Mas isso é para quem pode! Para quem tem objectivos claros. Para quem se preocupa.
Que tristeza!
Consta por aí nas notícias – já houve quem publicasse, até, o texto da proposta encarnada – que o SLB vai apresentar na AG da Liga Profissional de Futebol uma moção de alteração ao regime de empréstimos de jogadores.
Já todos identificámos o alvo desta alteração.
Num país em que se pensasse um futebol escorreito, com olhos de ver e com inteligência, tranquilidade, transparência, bom senso, seria aconselhável que, numa visão de futuro e de rentabilização dos efectivos mais jovens, dando-lhes hipóteses de jogar assiduamente e permitindo a sobrevivência de alguns clubes menores, se incentivasse uma política de empréstimos.
Já que o Benfica nunca foi dos mais entusiasmados defensores da participação de equipas B na segunda Liga. Se fosse, a par dos que querem crescer, esse problema já estaria resolvido.
Sem política e sem resultados desportivos, nada melhor do que “cortar as pernas” aos que investem nesta forma de rentabilização do seu património e na sustentação de uma série de clubes.
E como custa ver como alguns – Sporting e F.C.Porto – conseguem, após empréstimos de alguns jogadores jovens, reavê-los no fim do empréstimos e fazer deles figuras maiores.
Por isso, tendo em conta a esplêndida colheita da formação do Sporting, custa-me ver que os “leões” embarcaram nesta inominável tentativa de destruir, fora do campo, o património dos que ainda investem em formação e acompanhamento dos seus mais jovens.
Inveja pura!
E assim se mascara uma guerra que, pelos vistos, é a única motivação da SAD do Benfica. Eu pensei que era o futebol português e eram os resultados desportivos que deveriam motivar os dirigentes dos clubes e das sociedades desportivas.
Mas isso é para quem pode! Para quem tem objectivos claros. Para quem se preocupa.
Que tristeza!
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Outros tempos, outras transparências
Afinal, Sócrates está a levar a sério o puxão de orelhas dos portugueses nas “Europeias”.
E pretende transmitir uma imagem de transparência com a qual não se preocupou nunca, mesmo quando a “cabala” o atingia pessoalmente. Aí, investia, progredia em frente, afrontava, dizia-se vítima, insultava se necessário fosse.
Ao invés, agora, ele preocupa-se. Quando algo corre mal, afasta “ a suspeita de tentativa de instrumentalização”, diz que o Sr. Presidente da República tem razão… enfim…
É que, a crer nos rodapés das televisões, Sócrates e o Governo vão chumbar o negócio PT/Media Capital.
Não fora o PSD, vencedor das “Europeias”, a levantar o problema do negócio entre a PT e a Media Capital, e tudo teria seguido na paz do senhor, com a bênção do Primeiro e do seu séquito governamental.
Mas as “golden shares” têm também o outro lado. O lado lunar… É que se, por um lado, é confortável, para o poder, garantir a sua influência através das acções douradas, por outro, isso obriga à constante supervisão, quiçá prudencial, dos negócios como este de que se vem falando.
E nunca poderá o Estado eximir-se. E nunca poderá dizer que desconhecia. Até porque ninguém iria acreditar. Como não acreditamos.
Logo, a posição de José Sócrates, porventura inteligente como pretendem alguns, já nem peque por tardia. Peca porque é uma máscara, mais uma tentativa de enganar os “tugas”.
Como não acredito que o Governo desconhecesse o negócio, também não acredito que o negócio não se faça. Mas não agora!
Depois das eleições, se ganhar, como maioria relativa ou absoluta, o PS (leia-se José Sócrates) obrigará o Sr. Moniz a pagar a sua linha anti-Sócrates (leia-se anti-Governo). Por uma questão de “democracia”! Musculada, como se escreveu noutros tempos…
PS. E não me venham dizer que 30% do capital não constituem um capital que influencia as deliberações do Grupo. Mais uns pozinhos e quase é um capital de bloqueio.
O “Indiano” sabe que se farta!
E pretende transmitir uma imagem de transparência com a qual não se preocupou nunca, mesmo quando a “cabala” o atingia pessoalmente. Aí, investia, progredia em frente, afrontava, dizia-se vítima, insultava se necessário fosse.
Ao invés, agora, ele preocupa-se. Quando algo corre mal, afasta “ a suspeita de tentativa de instrumentalização”, diz que o Sr. Presidente da República tem razão… enfim…
É que, a crer nos rodapés das televisões, Sócrates e o Governo vão chumbar o negócio PT/Media Capital.
Não fora o PSD, vencedor das “Europeias”, a levantar o problema do negócio entre a PT e a Media Capital, e tudo teria seguido na paz do senhor, com a bênção do Primeiro e do seu séquito governamental.
Mas as “golden shares” têm também o outro lado. O lado lunar… É que se, por um lado, é confortável, para o poder, garantir a sua influência através das acções douradas, por outro, isso obriga à constante supervisão, quiçá prudencial, dos negócios como este de que se vem falando.
E nunca poderá o Estado eximir-se. E nunca poderá dizer que desconhecia. Até porque ninguém iria acreditar. Como não acreditamos.
Logo, a posição de José Sócrates, porventura inteligente como pretendem alguns, já nem peque por tardia. Peca porque é uma máscara, mais uma tentativa de enganar os “tugas”.
Como não acredito que o Governo desconhecesse o negócio, também não acredito que o negócio não se faça. Mas não agora!
Depois das eleições, se ganhar, como maioria relativa ou absoluta, o PS (leia-se José Sócrates) obrigará o Sr. Moniz a pagar a sua linha anti-Sócrates (leia-se anti-Governo). Por uma questão de “democracia”! Musculada, como se escreveu noutros tempos…
PS. E não me venham dizer que 30% do capital não constituem um capital que influencia as deliberações do Grupo. Mais uns pozinhos e quase é um capital de bloqueio.
O “Indiano” sabe que se farta!
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quarta-feira, 24 de junho de 2009
Onde é que já ouvi isto?!
A lógica mercantilista da prestação dos cuidados de saúde em Portugal, nesta globalização do mercantilismo em todas as áreas do Estado, vê acrescentados mais uns factos a esta parafernália. A que se juntam alegados boicotes de privados aos beneficiários da Assistência na Doença aos Servidores do Estado (ADSE). Vem tudo pespegado na Imprensa.
______________________
No Hospital da Mealhada, a direcção clínica demitiu-se porque a falta de pessoal qualificado inviabiliza a sustentabilidade dos serviços, perante a passividade da Administração, como diz o demissionário director clínico, Luís Teixeira.
Claro que o Provedor se mostrou “francamente surpreendido”… Não podia, aliás, ser de outra forma.
Onde é que eu já ouvi isto?!
Resultado da demissão: a urgência daquele hospital deixou de funcionar!
_______________________
A crer nas notícias, a ERS (Entidade Reguladora de Saúde) “passou um bode” a três hospitais privados – ligados a grupos financeiros – de lugares tão díspares como Lisboa (Luz), Gaia (Arrábida) e Barreiro (CUF).
Ainda a crer no que vem escrito, os beneficiários da ADSE teriam sido discriminados naqueles Hospitais, em contraponto com os que pagam as consultas por inteiro.
Claro que a ERS, como Entidade Reguladora, vai tratar-lhes da “saúde”… e anunciam-se, então, coimas mais severas na sua nova lei orgânica, que podem ir de 1500 a 44 mil euros.
Assim, sim, viva a Santa Coima! Beneficiários da ADSE, uni-vos! Vamos todos “coimar”, e acabam-se os problemas…
Onde é que eu já ouvi isto?!
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No Hospital da Mealhada, a direcção clínica demitiu-se porque a falta de pessoal qualificado inviabiliza a sustentabilidade dos serviços, perante a passividade da Administração, como diz o demissionário director clínico, Luís Teixeira.
Claro que o Provedor se mostrou “francamente surpreendido”… Não podia, aliás, ser de outra forma.
Onde é que eu já ouvi isto?!
Resultado da demissão: a urgência daquele hospital deixou de funcionar!
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A crer nas notícias, a ERS (Entidade Reguladora de Saúde) “passou um bode” a três hospitais privados – ligados a grupos financeiros – de lugares tão díspares como Lisboa (Luz), Gaia (Arrábida) e Barreiro (CUF).
Ainda a crer no que vem escrito, os beneficiários da ADSE teriam sido discriminados naqueles Hospitais, em contraponto com os que pagam as consultas por inteiro.
Claro que a ERS, como Entidade Reguladora, vai tratar-lhes da “saúde”… e anunciam-se, então, coimas mais severas na sua nova lei orgânica, que podem ir de 1500 a 44 mil euros.
Assim, sim, viva a Santa Coima! Beneficiários da ADSE, uni-vos! Vamos todos “coimar”, e acabam-se os problemas…
Onde é que eu já ouvi isto?!
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terça-feira, 23 de junho de 2009
opíparo este pedaço...
Em entrevista ao Jornal "I", Luís Filipe Menezes refere-se assim ao seu companheiro do PSD:
"Pacheco Pereira é a loira do regime".
...
"Não é nada de depreciativo. Quando nos lembramos do "La Dolce Vita", de Fellini, nenhum de nós se lembra do Marcello Mastroianni, mas lembramo-nos da bela sueca a tomar banho na Fontana di Trevi. Cada filme, cada país, cada circunstância, cada momento histórico, tem a sua loira do regime. No nosso momento histórico, o meu companheiro Pacheco Pereira é a loira do regime. Ele só quer centrar todas as atenções nele, independentemente daquilo que esteja em causa. É evidente que a loira do regime é sempre má actriz. Quando se lhe dá um papel importante dá sempre para o torto - mas esteticamente é fantástica".
"Pacheco Pereira é a loira do regime".
...
"Não é nada de depreciativo. Quando nos lembramos do "La Dolce Vita", de Fellini, nenhum de nós se lembra do Marcello Mastroianni, mas lembramo-nos da bela sueca a tomar banho na Fontana di Trevi. Cada filme, cada país, cada circunstância, cada momento histórico, tem a sua loira do regime. No nosso momento histórico, o meu companheiro Pacheco Pereira é a loira do regime. Ele só quer centrar todas as atenções nele, independentemente daquilo que esteja em causa. É evidente que a loira do regime é sempre má actriz. Quando se lhe dá um papel importante dá sempre para o torto - mas esteticamente é fantástica".
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Estatísticas, reais ou disfarçadas?
Pelos vistos, as estatísticas continuam mascaradas.
Agora, trata-se das metas rodoviárias europeias. Por um lado, o Governo insiste na melhoria; por outro, a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) diz que os números adiantados desfiguram a realidade, disfarçando-a.
A crer nas notícias e nos argumentos, o primeiro defende que Portugal baixou em 47% o número de vítimas da sinistralidade nas estradas entre 2001 e 2008. A segunda diz que os meios estatísticos usados não são correctos e estão desfasados, porque se regem por um controverso modelo com 11 anos.
Ora, quais são, então, as diferenças? Pelo modelo, alegadamente obsoleto, o Governo “pega” nos mortos registados no local do acidente, aumenta esses dígitos em 14% e julga ter encontrado a média dos que morrem, também, nos hospitais nos 30 dias seguintes aos acidentes.
Pelas contas de Manuel João Ramos, o líder buliçoso e bem-falante da Associação, aquele número é falacioso ("Este indicador foi feito a partir de um estudo que teve por base um milhão de casos em 1998. E desde então foi sempre assim"), sendo que, cientificamente, deveria ser acrescido de 30% ("Antes disso, a taxa de agravamento era de 30 por cento e com uma mudança de secretaria diminuiu-se significativamente as mortes nas estradas”. E exemplifica: "Em 2007 a PSP de Lisboa fez um estudo em que acompanhou a evolução dos feridos no hospital, acabando por verificar que houve mais 72 por cento de mortes", sob o argumento de que se "Verificam mais óbitos nos hospitais devido à capacidade e rapidez da emergência médica. Muitas vezes é possível estabilizar os doentes, mas os danos são demasiado graves e eles acabam por morrer".
16% são uma percentagem a ter em conta, convenhamos. Não obstante as críticas de Luís Farinha, vice-presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária que reclama os louros da política vigente.
Louros que assume, também, o anterior responsável pela Segurança Rodoviária, o antigo secretário de estado da administração interna, Nuno Magalhães, quando afirma que os números que constam do relatório do CEST são "encorajadores". E demonstram que foi "adequada" a resposta integrada e pluridisciplinar dada pelo Plano Nacional de Segurança Rodoviária, lançado no Governo PSD/CDS… (sic, Jornal Público).
Afinal, em que ficamos?
(NB. Qualquer semelhança destas estatísticas, para Europa ver, e outras em que o Governo tem sido pródigo, é pura coincidência. Primeiro, porque é mentira que haja facilitismo nos exames nacionais; segundo, porque quem vai acreditar que se faça manipulação com estatísticas em que está em causa a segurança dos cidadãos, protegida que está pela Constituição?)
Agora, trata-se das metas rodoviárias europeias. Por um lado, o Governo insiste na melhoria; por outro, a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) diz que os números adiantados desfiguram a realidade, disfarçando-a.
A crer nas notícias e nos argumentos, o primeiro defende que Portugal baixou em 47% o número de vítimas da sinistralidade nas estradas entre 2001 e 2008. A segunda diz que os meios estatísticos usados não são correctos e estão desfasados, porque se regem por um controverso modelo com 11 anos.
Ora, quais são, então, as diferenças? Pelo modelo, alegadamente obsoleto, o Governo “pega” nos mortos registados no local do acidente, aumenta esses dígitos em 14% e julga ter encontrado a média dos que morrem, também, nos hospitais nos 30 dias seguintes aos acidentes.
Pelas contas de Manuel João Ramos, o líder buliçoso e bem-falante da Associação, aquele número é falacioso ("Este indicador foi feito a partir de um estudo que teve por base um milhão de casos em 1998. E desde então foi sempre assim"), sendo que, cientificamente, deveria ser acrescido de 30% ("Antes disso, a taxa de agravamento era de 30 por cento e com uma mudança de secretaria diminuiu-se significativamente as mortes nas estradas”. E exemplifica: "Em 2007 a PSP de Lisboa fez um estudo em que acompanhou a evolução dos feridos no hospital, acabando por verificar que houve mais 72 por cento de mortes", sob o argumento de que se "Verificam mais óbitos nos hospitais devido à capacidade e rapidez da emergência médica. Muitas vezes é possível estabilizar os doentes, mas os danos são demasiado graves e eles acabam por morrer".
16% são uma percentagem a ter em conta, convenhamos. Não obstante as críticas de Luís Farinha, vice-presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária que reclama os louros da política vigente.
Louros que assume, também, o anterior responsável pela Segurança Rodoviária, o antigo secretário de estado da administração interna, Nuno Magalhães, quando afirma que os números que constam do relatório do CEST são "encorajadores". E demonstram que foi "adequada" a resposta integrada e pluridisciplinar dada pelo Plano Nacional de Segurança Rodoviária, lançado no Governo PSD/CDS… (sic, Jornal Público).
Afinal, em que ficamos?
(NB. Qualquer semelhança destas estatísticas, para Europa ver, e outras em que o Governo tem sido pródigo, é pura coincidência. Primeiro, porque é mentira que haja facilitismo nos exames nacionais; segundo, porque quem vai acreditar que se faça manipulação com estatísticas em que está em causa a segurança dos cidadãos, protegida que está pela Constituição?)
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segunda-feira, 22 de junho de 2009
Nós... e os outros
As notícias:
Espanhóis tentaram tomar de assalto o Benfica
Agora que a poeira vai assentando começam a ficar mais nítidos os contornos que estiveram por de trás do aparecimento de José Eduardo Moniz como candidato à presidência do Benfica.
Fontes altamente colocadas no clube da Luz contaram a A BOLA pormenores de uma operação bem gizada, que visava sobretudo os direitos televisivos dos jogos do Benfica. Não há mesmo dúvidas em se afirmar que o clube esteve em risco de ser «tomado de assalto» pelos espanhóis. (A BOLA)
Apoiante da Media Capital
Poucos dias depois de o homem-forte da TVI, José Eduardo Moniz, ter surgido como oposição a Luís Filipe Vieira, ainda que não vá a eleições a 3 de Julho, foi divulgado o nome de Luís Osório, director de informação das rádios da Media Capital, grupo a que pertence a TVI, como integrante da Comissão de Honra de apoio ao presidente. Esta lista de nomes tem sido divulgada a conta-gotas, tendo a sua apresentação oficial marcada para quarta-feira às 18h00, no hotel Altis, em Lisboa. Entretanto, para além de Luís Osório, também o arquitecto Tomás Taveira e o músico José Reza integram a Comissão de Honra. (O JOGO)
________________________________________________
O meu comentário:
Num clube “democrático” como Benfica, há que dar voz ao maniqueísmo…
A Media Capital e os seus negócios e apetites poderão, se estiverem connosco, ser bons; se forem Oposição, serão sempre uma versão diabolizada…
Boa!!!
Se forem dos nossos, serão apoiantes; se forem dos outros, tratar-se-á de “tomar de assalto” o clube…
Assim no desporto como na política; em Portugal como no Irão!
Espanhóis tentaram tomar de assalto o Benfica
Agora que a poeira vai assentando começam a ficar mais nítidos os contornos que estiveram por de trás do aparecimento de José Eduardo Moniz como candidato à presidência do Benfica.
Fontes altamente colocadas no clube da Luz contaram a A BOLA pormenores de uma operação bem gizada, que visava sobretudo os direitos televisivos dos jogos do Benfica. Não há mesmo dúvidas em se afirmar que o clube esteve em risco de ser «tomado de assalto» pelos espanhóis. (A BOLA)
Apoiante da Media Capital
Poucos dias depois de o homem-forte da TVI, José Eduardo Moniz, ter surgido como oposição a Luís Filipe Vieira, ainda que não vá a eleições a 3 de Julho, foi divulgado o nome de Luís Osório, director de informação das rádios da Media Capital, grupo a que pertence a TVI, como integrante da Comissão de Honra de apoio ao presidente. Esta lista de nomes tem sido divulgada a conta-gotas, tendo a sua apresentação oficial marcada para quarta-feira às 18h00, no hotel Altis, em Lisboa. Entretanto, para além de Luís Osório, também o arquitecto Tomás Taveira e o músico José Reza integram a Comissão de Honra. (O JOGO)
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O meu comentário:
Num clube “democrático” como Benfica, há que dar voz ao maniqueísmo…
A Media Capital e os seus negócios e apetites poderão, se estiverem connosco, ser bons; se forem Oposição, serão sempre uma versão diabolizada…
Boa!!!
Se forem dos nossos, serão apoiantes; se forem dos outros, tratar-se-á de “tomar de assalto” o clube…
Assim no desporto como na política; em Portugal como no Irão!
domingo, 21 de junho de 2009
Lendo o "Público" e com a devida vénia...
Manifestação seguiu-se a funeral do polícia Eduardo Garcia
Dezenas de milhar desfilam em Bilbau contra a ETA
20.06.2009 - 19h14 Nuno Ribeiro, Madrid (Público)
“A única coisa que os que mataram o meu marido conseguiram foi deixar dois órfãos e uma viúva, não vão conseguir nada, há muita gente como o meu marido.” foi com estas palavras que iniciou a sua intervenção no final da manifestação de ontem, em Bilbau, a mulher do inspector da polícia Eduardo Garcia, assassinado na passada sexta-feira pela ETA.
“Aqui não choro, chorarei em casa, com os meus, não lhes vou dar esse prazer”, prosseguiu Paki. As dezenas de milhares de pessoas que desfilaram por Bilbau e que se concentraram junto à Câmara Municipal aplaudiram as palavras da viúva concluídas com um “Viva o País Basco”.
Durou mais de uma hora o desfile em três artérias da baixa de Bilbau, com o cortejo aplaudido por milhares que se concentraram nos passeios. Nas janelas e varandas, laços negros de luto. Na primeira linha da manifestação, segurando o pano com o lema “Pela Liberdade, ETA não”, seguiam os dois filhos do inspector assassinado e familiares de outras vítimas do terrorismo. Atrás, o Governo basco, ministros de Espanha e dirigentes políticos de todos os partidos representados no Parlamento basco.
“Vamos derrotar o terrorismo porque queremos ser livres para defender o direito de pensar e de se sentir diferente, vamos ocupar as praças e as ruas de Euskadi porque são dos que querem a liberdade”, disse o presidente do Governo basco, Patxi López, que convocou o protesto.”Denunciamos os que falsificam as palavras, os que se dizem defensores do povo basco e apenas querem súbditos amedrontados”, acentuou López, num discurso lido em euskera, a língua basca, e em espanhol. “Eduardo era um dos nossos, todos os que arriscam a vida para defender os nossos direitos e liberdades são dos nossos, por isso lanço o nome de Eduardo ao vento de Euskadi”.
Com a manifestação de ontem, o lehendakari, o socialista Patxi López cumpriu uma das promessas da campanha eleitoral. O seu Executivo pôs-se à frente da rebeldia cívica contra o terror.
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incursões no lado errado da vida
à boleia do jornal "Público" (sem comentários)
Prisa via com bons olhos a saída de José Eduardo Moniz da TVI
20.06.2009 - 14h28 PÚBLICO
A saída do actual director-geral da TVI para uma candidatura à presidência do Benfica era considerada pelo grupo Prisa como uma boa solução para afastar José Eduardo Moniz, que se tornou incómodo para a administração da empresa, diz a edição de hoje do Expresso.Segundo o semanário, Moniz tornou-se um problema para a Prisa devido ao salário elevado e, sobretudo, pelo facto de a mulher, Manuela Moura Guedes, encabeçar um jornal que é hostil a Sócrates, quando a administração da Prisa é próxima de Zapatero e do PSOE.O afastamento de Moniz implicaria o pagamento de uma indemnização milionária. Mas a candidatura à presidência do Benfica era uma forma de resolver a questão.
Mesmo que perdesse, Moniz regressaria ao grupo apenas como consultor e, portanto, afastado das rédeas da TVI.A Prisa tem uma dívida de cinco mil milhões de euros à banca e a venda da TVI seria uma solução possível para encaixe de dinheiro. Mas, diz o Expresso, o Governo de Sócrates não facilita um possível negócio enquanto a TVI incluir Manuela Moura Guedes.
Em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, publicada hoje, Moniz, questionado sobre o possível fim do Jornal de Sexta-feira, apresentado por Moura Guedes, respondeu de forma categórica: "Não está nos meus planos, e quem faz a grelha da TVI sou eu."
20.06.2009 - 14h28 PÚBLICO
A saída do actual director-geral da TVI para uma candidatura à presidência do Benfica era considerada pelo grupo Prisa como uma boa solução para afastar José Eduardo Moniz, que se tornou incómodo para a administração da empresa, diz a edição de hoje do Expresso.Segundo o semanário, Moniz tornou-se um problema para a Prisa devido ao salário elevado e, sobretudo, pelo facto de a mulher, Manuela Moura Guedes, encabeçar um jornal que é hostil a Sócrates, quando a administração da Prisa é próxima de Zapatero e do PSOE.O afastamento de Moniz implicaria o pagamento de uma indemnização milionária. Mas a candidatura à presidência do Benfica era uma forma de resolver a questão.
Mesmo que perdesse, Moniz regressaria ao grupo apenas como consultor e, portanto, afastado das rédeas da TVI.A Prisa tem uma dívida de cinco mil milhões de euros à banca e a venda da TVI seria uma solução possível para encaixe de dinheiro. Mas, diz o Expresso, o Governo de Sócrates não facilita um possível negócio enquanto a TVI incluir Manuela Moura Guedes.
Em entrevista ao PÚBLICO e à Rádio Renascença, publicada hoje, Moniz, questionado sobre o possível fim do Jornal de Sexta-feira, apresentado por Moura Guedes, respondeu de forma categórica: "Não está nos meus planos, e quem faz a grelha da TVI sou eu."
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Em português nos entendemos
Portugal/Tailândia: No bairro de Banguecoque dos Dias e dos Costa
Banguecoque, 21 Jun (Lusa) - Jirawach Wongngernyuang não chegou a conhecer o seu bisavô, mas foi por causa dele que aprendeu português. O jovem é o único luso-tailandês que fala o idioma dos seus antepassados num bairro católico da cidade budista de Banguecoque.
O bairro chama-se Santa Conceição e fica numa das margens do rio Chao Phraya, na zona de Dusit. O seu nome deve-se à Igreja da Imaculada Conceição, construída em 1837 por missionários franceses no local outrora ocupado por uma igreja portuguesa.
Atrás da Igreja da Imaculada Conceição há uma outra igreja, mais pequena, construída em 1674 pelo padre Luís Laneau para a comunidade portuguesa.
_______________
Todos os dias, "nascem" portugueses nos lugares mais improváveis.
Banguecoque, 21 Jun (Lusa) - Jirawach Wongngernyuang não chegou a conhecer o seu bisavô, mas foi por causa dele que aprendeu português. O jovem é o único luso-tailandês que fala o idioma dos seus antepassados num bairro católico da cidade budista de Banguecoque.
O bairro chama-se Santa Conceição e fica numa das margens do rio Chao Phraya, na zona de Dusit. O seu nome deve-se à Igreja da Imaculada Conceição, construída em 1837 por missionários franceses no local outrora ocupado por uma igreja portuguesa.
Atrás da Igreja da Imaculada Conceição há uma outra igreja, mais pequena, construída em 1674 pelo padre Luís Laneau para a comunidade portuguesa.
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Todos os dias, "nascem" portugueses nos lugares mais improváveis.
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Irão: afinal, onde estão os "infiéis"?
Irão: Presidente do Parlamento afirma que Conselho dos Guardiães não é neutral
08h15m (JN online)
Teerão, 21 Jun (Lusa) - O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, denunciou hoje que o Conselho dos Guardiães não é neutro e sublinhou que deve ser respeitada a opinião dos que crêem que as eleições não foram transparentes.
Numa crítica ao Governo e de certa maneira ao líder da Revolução, ayatola Ali Jamenei, que aprovou os resultados, Larijani também criticou a falta de neutralidade da televisão estatal iraniana.
"A maioria das pessoas acredita que os resultados eleitorais são diferentes dos que foram anunciados. A opinião desta maioria deve ser respeitada e deve ser diferenciada dos sabotadores e dos infiéis", afirmou o presidente do Parlamento na televisão oficial.
____________________
Mais umas achas para a fogueira, neste caldeirão em que estão a transformar-se as ruas do Irão.
E agora?
08h15m (JN online)
Teerão, 21 Jun (Lusa) - O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, denunciou hoje que o Conselho dos Guardiães não é neutro e sublinhou que deve ser respeitada a opinião dos que crêem que as eleições não foram transparentes.
Numa crítica ao Governo e de certa maneira ao líder da Revolução, ayatola Ali Jamenei, que aprovou os resultados, Larijani também criticou a falta de neutralidade da televisão estatal iraniana.
"A maioria das pessoas acredita que os resultados eleitorais são diferentes dos que foram anunciados. A opinião desta maioria deve ser respeitada e deve ser diferenciada dos sabotadores e dos infiéis", afirmou o presidente do Parlamento na televisão oficial.
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Mais umas achas para a fogueira, neste caldeirão em que estão a transformar-se as ruas do Irão.
E agora?
Diferenças
“Às vezes, há críticos que merecem a Justiça de Fafe, mas temos de nos conter e fazer o que fizemos, que é ganhar no campo”.
Em declarações ao JN, o treinador-adjunto do Futebol Clube do Porto, que é o meu clube do coração, vem marcar a diferença entre o “Porto”, clube ganhador, e os “outros”.
Sem perder energias em conversa da treta, durante a competição, as energias são, outrossim, gastas na resposta “no campo”.
Por isso e mais uma vez, já vamos em quatro títulos consecutivos da principal Liga portuguesa.
Mas a contenção, em plena competição, não é sinónimo de ingenuidade. Ou de aceitação dessas vozes entediantes e subversivas. Por isso, convém dizer com todas as letras: apesar da contenção, há críticos “que merecem a Justiça de Fafe”, à paulada, que, pelos vistos, é a única linguagem que entendem.
Trauliteiros, sem dúvida, estes fazedores de encomendadas opiniões!
Em declarações ao JN, o treinador-adjunto do Futebol Clube do Porto, que é o meu clube do coração, vem marcar a diferença entre o “Porto”, clube ganhador, e os “outros”.
Sem perder energias em conversa da treta, durante a competição, as energias são, outrossim, gastas na resposta “no campo”.
Por isso e mais uma vez, já vamos em quatro títulos consecutivos da principal Liga portuguesa.
Mas a contenção, em plena competição, não é sinónimo de ingenuidade. Ou de aceitação dessas vozes entediantes e subversivas. Por isso, convém dizer com todas as letras: apesar da contenção, há críticos “que merecem a Justiça de Fafe”, à paulada, que, pelos vistos, é a única linguagem que entendem.
Trauliteiros, sem dúvida, estes fazedores de encomendadas opiniões!
sábado, 20 de junho de 2009
Segundo o "Público"
Correio da Manhã vai pagar 40 mil euros a Alegre
20.06.2009, António Arnaldo Mesquita
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) fixou, anteontem, em 40 mil euros a indemnização a pagar pelo matutino Correio da Manhã (CM) a Manuel Alegre. Em causa notícias e artigos publicados pelo matutino, em Julho de 2006, relacionadas com a divulgação pela Caixa Geral de Aposentações da reforma de 3912,95 euros mensais atribuída a Alegre na condição de funcionário da RDP.
A notícia frisava que apenas receberia um terço daquela pensão, por acumular com o vencimento de deputado.Alegre processou o jornal, afirmando que o teor da notícia, "que os réus sabiam ser falsa, abalou a sua imagem de seriedade, honradez e integridade, causando-lhe grande desgosto e ansiedade, assim como mal-estar e revolta". Os jornalistas e a empresa titular do CM contestaram, alegando que "os factos noticiados são verdadeiros e assumiam relevância e interesse informativo por respeitarem a uma personalidade pública e que nunca foi sua intenção ofender Alegre na sua honra e consideração".
Os conselheiros Alberto Sobrinho, Maria dos Prazeres Pizarro Beleza e Lázaro Faria deram parcial razão ao deputado.E realçam que decorre dos "factos noticiados uma clara ideia do comportamento incoerente, porque contraditório com aquilo que apregoa, de um oportunista que não hesitou em aceitar uma reforma ancorada em alguns meses de trabalho (...), no fundo de ser um político em tudo idêntico aos outros".
O acórdão pode ser lido na íntegra em http://www.dgsi.pt/jstj.nsf?OpenDatabase
166,6%foi o aumento imposto pelo Supremo Tribunal de Justiça en relação à indemnização inicialmente fixada. Na primeira instância aquele montante era de 15 mil euros.
------------------------
À laia de comentário:
Pronto, pelo menos, ficamos a saber quanto vale a honra de um político tido como impoluto: 15 mil euros para um Tribunal de primeira instância; 40 mil euros para o Supremo Tribunal de Justiça.
E, por falar em honra, afinal, o deputado socialista tem ou não tem essa reforma "política" por ter trabalhado uns meses na Rádio nacional?
20.06.2009, António Arnaldo Mesquita
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) fixou, anteontem, em 40 mil euros a indemnização a pagar pelo matutino Correio da Manhã (CM) a Manuel Alegre. Em causa notícias e artigos publicados pelo matutino, em Julho de 2006, relacionadas com a divulgação pela Caixa Geral de Aposentações da reforma de 3912,95 euros mensais atribuída a Alegre na condição de funcionário da RDP.
A notícia frisava que apenas receberia um terço daquela pensão, por acumular com o vencimento de deputado.Alegre processou o jornal, afirmando que o teor da notícia, "que os réus sabiam ser falsa, abalou a sua imagem de seriedade, honradez e integridade, causando-lhe grande desgosto e ansiedade, assim como mal-estar e revolta". Os jornalistas e a empresa titular do CM contestaram, alegando que "os factos noticiados são verdadeiros e assumiam relevância e interesse informativo por respeitarem a uma personalidade pública e que nunca foi sua intenção ofender Alegre na sua honra e consideração".
Os conselheiros Alberto Sobrinho, Maria dos Prazeres Pizarro Beleza e Lázaro Faria deram parcial razão ao deputado.E realçam que decorre dos "factos noticiados uma clara ideia do comportamento incoerente, porque contraditório com aquilo que apregoa, de um oportunista que não hesitou em aceitar uma reforma ancorada em alguns meses de trabalho (...), no fundo de ser um político em tudo idêntico aos outros".
O acórdão pode ser lido na íntegra em http://www.dgsi.pt/jstj.nsf?OpenDatabase
166,6%foi o aumento imposto pelo Supremo Tribunal de Justiça en relação à indemnização inicialmente fixada. Na primeira instância aquele montante era de 15 mil euros.
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À laia de comentário:
Pronto, pelo menos, ficamos a saber quanto vale a honra de um político tido como impoluto: 15 mil euros para um Tribunal de primeira instância; 40 mil euros para o Supremo Tribunal de Justiça.
E, por falar em honra, afinal, o deputado socialista tem ou não tem essa reforma "política" por ter trabalhado uns meses na Rádio nacional?
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políticas e politiquices
Para pensar a sério
Uma em cinco crianças em Portugal é pobre
País ocupa cauda da tabela europeia de bem-estarinfantil. Dificuldades económicas atingem um terço
00h30m
por: TIAGO RODRIGUES ALVES (in JORNAL DE NOTÍCIAS de hoje)
Portugal ocupa o 21.º lugar, entre 29 países europeus, relativamente ao bem-estar infantil. Em termos de Educação somos mesmo a terceira pior nação. Os apoios apenas conseguem eliminar 5% da pobreza infantil que era de 21% em 2006.
Um estudo incluído num trabalho da Fundação Europeia para a Ciência sobre as crianças coloca Portugal nos últimos lugares do ranking de bem-estar infantil. O documento, que foi divulgado a 17 de Junho, utiliza dados oficiais da União Europeia e demonstra que, na grande parte destes países, a pobreza atinge mais os jovens entre os 0 e os 17 anos do que a população em geral.
No que diz respeito a Portugal, o estudo indica que, em 2006, ainda antes de entrar em cena a crise económica que actualmente atravessamos, existiam 21% de crianças a viver abaixo do limiar da pobreza - em lares com menos de 60% do rendimento médio nacional, mesmo após a obtenção de apoios e subsídios. Ainda de acordo com os dados do trabalho, perto de um terço das crianças portuguesas habita em lares com falta de bens consumíveis e 39% vivem com constrangimentos financeiros.
O estudo, que analisa os principais indicadores europeus sobre rendimento, educação e condições de vida, pormenoriza em sete domínios as principais condições de vida das crianças. Neste quadro, Portugal ocupa a 21.º posição, entre 29 países, com 94,5% da média europeia de bem-estar infantil.
Relativamente aos diferentes campos de análise, em termos de Educação somos mesmo o terceiro pior país dos analisados. No que diz respeito à Saúde e condições materiais os dados também não são reconfortantes, já que ocupamos a 21ª posição. Aliás, nestes items, apenas em termos de prevenção de risco conseguimos entrar nos dez primeiros, ficando-nos pela 9ª posição.
Um outro aspecto a realçar do estudo é o facto de os apoios, estatais e não estatais, conseguirem reduzir a taxa de pobreza infantil em Portugal em cerca de um quinto do seu valor - passa de 26% para 21%. No entanto, quando comparados estes valores com os dos outros países europeus, constata-se que em apenas cinco países - Dinamarca, Chipre, Reino Unido, Islândia e Eslovénia - a taxa de pobreza infantil, antes de apoios, é menor do que Portugal.
No entanto, os restantes países europeus conseguem reduzir as suas taxas de pobreza infantil através de apoios estatais ou de organizações não governamentais às famílias carenciadas e atiram Portugal para a 17ª posição.
País ocupa cauda da tabela europeia de bem-estarinfantil. Dificuldades económicas atingem um terço
00h30m
por: TIAGO RODRIGUES ALVES (in JORNAL DE NOTÍCIAS de hoje)
Portugal ocupa o 21.º lugar, entre 29 países europeus, relativamente ao bem-estar infantil. Em termos de Educação somos mesmo a terceira pior nação. Os apoios apenas conseguem eliminar 5% da pobreza infantil que era de 21% em 2006.
Um estudo incluído num trabalho da Fundação Europeia para a Ciência sobre as crianças coloca Portugal nos últimos lugares do ranking de bem-estar infantil. O documento, que foi divulgado a 17 de Junho, utiliza dados oficiais da União Europeia e demonstra que, na grande parte destes países, a pobreza atinge mais os jovens entre os 0 e os 17 anos do que a população em geral.
No que diz respeito a Portugal, o estudo indica que, em 2006, ainda antes de entrar em cena a crise económica que actualmente atravessamos, existiam 21% de crianças a viver abaixo do limiar da pobreza - em lares com menos de 60% do rendimento médio nacional, mesmo após a obtenção de apoios e subsídios. Ainda de acordo com os dados do trabalho, perto de um terço das crianças portuguesas habita em lares com falta de bens consumíveis e 39% vivem com constrangimentos financeiros.
O estudo, que analisa os principais indicadores europeus sobre rendimento, educação e condições de vida, pormenoriza em sete domínios as principais condições de vida das crianças. Neste quadro, Portugal ocupa a 21.º posição, entre 29 países, com 94,5% da média europeia de bem-estar infantil.
Relativamente aos diferentes campos de análise, em termos de Educação somos mesmo o terceiro pior país dos analisados. No que diz respeito à Saúde e condições materiais os dados também não são reconfortantes, já que ocupamos a 21ª posição. Aliás, nestes items, apenas em termos de prevenção de risco conseguimos entrar nos dez primeiros, ficando-nos pela 9ª posição.
Um outro aspecto a realçar do estudo é o facto de os apoios, estatais e não estatais, conseguirem reduzir a taxa de pobreza infantil em Portugal em cerca de um quinto do seu valor - passa de 26% para 21%. No entanto, quando comparados estes valores com os dos outros países europeus, constata-se que em apenas cinco países - Dinamarca, Chipre, Reino Unido, Islândia e Eslovénia - a taxa de pobreza infantil, antes de apoios, é menor do que Portugal.
No entanto, os restantes países europeus conseguem reduzir as suas taxas de pobreza infantil através de apoios estatais ou de organizações não governamentais às famílias carenciadas e atiram Portugal para a 17ª posição.
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incursões no lado errado da vida
sexta-feira, 19 de junho de 2009
já não há Altezas Reais como antigamente...
No reino do inverosímil, nada mais improvável do que, de repente, entrar-nos no táxi uma Alteza Real. Que é como quem diz: o cúmulo da Nobreza.
Pois, aconteceu no Chiado.
Meio remelgado por uma tarde de sol, logo a seguir ao almoço, o taxista fazia contas à vida, pesando os pensamentos no torpor do bagacito.
A Central pedia uma viatura ao Chiado, e o taxista espreguiçou-se, respondeu, deu ao motor de arranque e lá foi ao encontro do cliente. Entra na Rua, começa a contar os números de polícia e lá estava o freguês, fazendo sinal.
Arregalou os olhos – o taxista; sorriu o cliente.
D. Duarte Pio, dito de Bragança, para muitos o herdeiro ao trono de Portugal, abriu a porta de trás, cumprimentou com a sua voz inconfundível, e disparou: “Por favor, para São Pedro de Sintra”.
Orgulhoso, o trabalhador cumprimentou efusivamente Sua Alteza, resistiu à tentação de pedir um autógrafo, que atestaria perante os colegas, a mulher, os filhos, os vizinhos, que o Duque Maior da realeza lusitana se sentara no seu táxi.
E logo numa corrida, daquelas que não acontecem todos os dias, comprida e proveitosa.
O útil, o agradável e o honroso, servidos na mesma taça de sorrisos. Ainda bem que mascara uma chiclete, disfarçando o hálito do bagaço a martelo.
Arrancou, com todo o cuidado – uma Alteza Real merece o mais suave dos arranques – quando soou “A Portuguesa” no telemóvel do Nobre. Brincadeira, o “hino nacional” de D. Duarte Pio é diferente… não tem tons encarnados, verdes, amarelos… dá voz ao azul e branco da monarquia nativa deste cantinho à beira-mar.
- Senhor taxista, afinal já não vamos para São Pedro de Sintra. Uma alteração de última hora no meu programa da tarde. Faz o favor de me levar às Amoreiras.
Lá se ia o útil, o honroso ia ser breve, e o agradável resumir-se-ia a uma corrida normal, daquelas que não aquecem nem arrefecem as emoções.
Parado no semáforo, o taxista resmungava para dentro. E o nobre telemóvel de Sua Excelência voltou a tocar.
- Senhor taxista, vai desculpar o incómodo, mas vai deixar-me já ali, na Rua de Camões…
Cem metros… a corrida do Rei?! Que raio!
D. Duarte Pio, dito de Bragança, pagou, com ar régio, a corrida. E não arredondou… Recebeu dois euros e oitenta de troco, meteu-os no bolso e lá se foi com um “boa tarde, desculpe”, sem deixar gorjeta… Um Príncipe, ou Duque, ou lá o que é, não dá gorjeta…
A notícia não diz mais nada. Nem de Sua Alteza Real, nem do pobre do Zé, o taxista.
Mas, tanto quanto se sabe, arrotou, vociferou e gritou “Viva a República”, que o Presidente Cavaco também não dá gorjetas, mas não engana taxistas.
Antigamente, quando os Reis eram a sério e os herdeiros ao trono eram autênticos, isto não teria acontecido. É que teria sido impossível uma dessas Altezas Reais ter entrado num táxi no Chiado. Impossível de impossível.
Mas, mesmo que o mais improvável acontecesse e um herdeiro ao trono entrasse num táxi, ao primeiro telefonema, Sua Alteza Real teria respondido, mais ou menos cerimoniosamente: “Vai-me desculpar, mas estou num táxi a caminho de São Pedro de Sintra. Qualquer assunto, posso dispor de alguns minutos para o receber. Lá!”
Sim, só um cromo de Príncipe Herdeiro se submete aos desejos de uma chamada para o Seu telemóvel! Um arremedo de Rei, este D. Duarte Pio qualquer-coisa de Bragança.
Viva a República!
Pois, aconteceu no Chiado.
Meio remelgado por uma tarde de sol, logo a seguir ao almoço, o taxista fazia contas à vida, pesando os pensamentos no torpor do bagacito.
A Central pedia uma viatura ao Chiado, e o taxista espreguiçou-se, respondeu, deu ao motor de arranque e lá foi ao encontro do cliente. Entra na Rua, começa a contar os números de polícia e lá estava o freguês, fazendo sinal.
Arregalou os olhos – o taxista; sorriu o cliente.
D. Duarte Pio, dito de Bragança, para muitos o herdeiro ao trono de Portugal, abriu a porta de trás, cumprimentou com a sua voz inconfundível, e disparou: “Por favor, para São Pedro de Sintra”.
Orgulhoso, o trabalhador cumprimentou efusivamente Sua Alteza, resistiu à tentação de pedir um autógrafo, que atestaria perante os colegas, a mulher, os filhos, os vizinhos, que o Duque Maior da realeza lusitana se sentara no seu táxi.
E logo numa corrida, daquelas que não acontecem todos os dias, comprida e proveitosa.
O útil, o agradável e o honroso, servidos na mesma taça de sorrisos. Ainda bem que mascara uma chiclete, disfarçando o hálito do bagaço a martelo.
Arrancou, com todo o cuidado – uma Alteza Real merece o mais suave dos arranques – quando soou “A Portuguesa” no telemóvel do Nobre. Brincadeira, o “hino nacional” de D. Duarte Pio é diferente… não tem tons encarnados, verdes, amarelos… dá voz ao azul e branco da monarquia nativa deste cantinho à beira-mar.
- Senhor taxista, afinal já não vamos para São Pedro de Sintra. Uma alteração de última hora no meu programa da tarde. Faz o favor de me levar às Amoreiras.
Lá se ia o útil, o honroso ia ser breve, e o agradável resumir-se-ia a uma corrida normal, daquelas que não aquecem nem arrefecem as emoções.
Parado no semáforo, o taxista resmungava para dentro. E o nobre telemóvel de Sua Excelência voltou a tocar.
- Senhor taxista, vai desculpar o incómodo, mas vai deixar-me já ali, na Rua de Camões…
Cem metros… a corrida do Rei?! Que raio!
D. Duarte Pio, dito de Bragança, pagou, com ar régio, a corrida. E não arredondou… Recebeu dois euros e oitenta de troco, meteu-os no bolso e lá se foi com um “boa tarde, desculpe”, sem deixar gorjeta… Um Príncipe, ou Duque, ou lá o que é, não dá gorjeta…
A notícia não diz mais nada. Nem de Sua Alteza Real, nem do pobre do Zé, o taxista.
Mas, tanto quanto se sabe, arrotou, vociferou e gritou “Viva a República”, que o Presidente Cavaco também não dá gorjetas, mas não engana taxistas.
Antigamente, quando os Reis eram a sério e os herdeiros ao trono eram autênticos, isto não teria acontecido. É que teria sido impossível uma dessas Altezas Reais ter entrado num táxi no Chiado. Impossível de impossível.
Mas, mesmo que o mais improvável acontecesse e um herdeiro ao trono entrasse num táxi, ao primeiro telefonema, Sua Alteza Real teria respondido, mais ou menos cerimoniosamente: “Vai-me desculpar, mas estou num táxi a caminho de São Pedro de Sintra. Qualquer assunto, posso dispor de alguns minutos para o receber. Lá!”
Sim, só um cromo de Príncipe Herdeiro se submete aos desejos de uma chamada para o Seu telemóvel! Um arremedo de Rei, este D. Duarte Pio qualquer-coisa de Bragança.
Viva a República!
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Penso que ouvi bem
Ouvi ao longe, num qualquer noticiário que ensombrou o prego que comia ao balcão, á pressa, que os maiores bancos vão ter inspectores residentes do Banco de Portugal. Penso que ouvi bem!
E pergunto: para quê?
Eu sei que, se fosse um cidadão consciente, deveria perguntar: porquê só agora?
Mas já me desencantei! Este meu país já me faltou tantas vezes ao respeito que já nada levo a sério.
Então, repito a pergunta: para quê?
Se o Senhor Governador diz que, ao longo dos tempos, sempre fez tudo, o possível e impossível, para prover ao controlo prudencial das instituições financeiras, e os resultados são o que se vê, para quê pagar ajudas de custo aos inspectores residentes, se eles vão fazer exactamente o mesmo que os antecessores, só que deslocados?
Cansei de quebrar a cabeça para entender este país.
Se o autor das “façanhas” do BPN tem a escola do Banco de Portugal, imagino bem o que ele fez como seu responsável enquanto lá esteve… (perdoem-me se estiver errado).
Mas, como dizia Mário Soares, um dos autores desta democracia, alegadamente um estado de direito, o cidadão tem “direito á indignação”.
E como estou indignado!
E pergunto: para quê?
Eu sei que, se fosse um cidadão consciente, deveria perguntar: porquê só agora?
Mas já me desencantei! Este meu país já me faltou tantas vezes ao respeito que já nada levo a sério.
Então, repito a pergunta: para quê?
Se o Senhor Governador diz que, ao longo dos tempos, sempre fez tudo, o possível e impossível, para prover ao controlo prudencial das instituições financeiras, e os resultados são o que se vê, para quê pagar ajudas de custo aos inspectores residentes, se eles vão fazer exactamente o mesmo que os antecessores, só que deslocados?
Cansei de quebrar a cabeça para entender este país.
Se o autor das “façanhas” do BPN tem a escola do Banco de Portugal, imagino bem o que ele fez como seu responsável enquanto lá esteve… (perdoem-me se estiver errado).
Mas, como dizia Mário Soares, um dos autores desta democracia, alegadamente um estado de direito, o cidadão tem “direito á indignação”.
E como estou indignado!
Pesadelos e abrenúncios
O país era democrático! Se era!
Mas a sua democracia tinha parido demasiados zorros, teresinhas-d’el-rei.
Eram inchados os seus governantes apesar de o povo já não ganhar para o presigo. Uns farsolas, uns e outros. Os primeiros, conchos que eram, futuravam o paraíso no meio da crise; os outros cismavam polvarinhos, aporrinhados e laugados que estavam contra os primeiros. Mas era só um faz-de-conta. Um cartão amarelo apenas, diziam muitos como se esta trampa fosse um jogo de futebol com um árbitro equipado de cor-de-rosa.
O chefe era um fistor dos grandes. O primeiro dos inchados. O modelo dos relamprosos.
O povo podia estar como um abesó, mas Ele encanava em lojas grandes, com etiquetas daimosas. Uma bresunda.
Farto de ser considerado esquerdo, o povo começou a parafusar: “E se a gente lhe afinasse a cantiguinha do ai-ai?!”
Não, o povo não era ardido. Muita paciência tinha tido, não lhe podiam chamar azoratado!
Ora, se o homem se assaía ao Velho, maneira haveria de o fazer acagatar-se…
Meu dito, meu feito!
O país, não se sabe como, tinha conseguido entrar para a confederação. Na confederação também havia eleições. E eram as primeiras…
Arrotou a chícharos, o Primeiro. Cá se fazem, cá se pagam! Qu’abonde.
Mas, no meio da catrelfa, alguém do cainço se lembrou: “E se o Primeiro desinfusasse um biquinho-de-lêndea?!”
Assim se fez! Desinçou o ar inchado e o timbre de trovoada, pintou a cremalheira com mel e foi à televisão.
- Compadre, a toutiçada fez bem ao homem.
- E se me deixasses chonar. Pensa mas é no caroço que aí vem.
- Contentas-te com mijoca. Qualquer um faz farinha com o teu voto, mesmo á dependura. Não passas dum lateiro do partido, ainda por cima nariz-de-cera.
- Não me puxes pela língua. Eu aceito o abaixar da proa do Homem.
- E eu é que tenho macaquinhos no sótão… Boa noite, passar bem!
- O raio do carrascão fez-lhe mal à moleira. Não sabe ponta de um corno. Então o homem não pode descer da burra? Enganou-se, deu o braço a torcer, que mal há nisso?
Abrenúncio, digo eu!
E voltei-me para o outro lado da cama.
Mas a sua democracia tinha parido demasiados zorros, teresinhas-d’el-rei.
Eram inchados os seus governantes apesar de o povo já não ganhar para o presigo. Uns farsolas, uns e outros. Os primeiros, conchos que eram, futuravam o paraíso no meio da crise; os outros cismavam polvarinhos, aporrinhados e laugados que estavam contra os primeiros. Mas era só um faz-de-conta. Um cartão amarelo apenas, diziam muitos como se esta trampa fosse um jogo de futebol com um árbitro equipado de cor-de-rosa.
O chefe era um fistor dos grandes. O primeiro dos inchados. O modelo dos relamprosos.
O povo podia estar como um abesó, mas Ele encanava em lojas grandes, com etiquetas daimosas. Uma bresunda.
Farto de ser considerado esquerdo, o povo começou a parafusar: “E se a gente lhe afinasse a cantiguinha do ai-ai?!”
Não, o povo não era ardido. Muita paciência tinha tido, não lhe podiam chamar azoratado!
Ora, se o homem se assaía ao Velho, maneira haveria de o fazer acagatar-se…
Meu dito, meu feito!
O país, não se sabe como, tinha conseguido entrar para a confederação. Na confederação também havia eleições. E eram as primeiras…
Arrotou a chícharos, o Primeiro. Cá se fazem, cá se pagam! Qu’abonde.
Mas, no meio da catrelfa, alguém do cainço se lembrou: “E se o Primeiro desinfusasse um biquinho-de-lêndea?!”
Assim se fez! Desinçou o ar inchado e o timbre de trovoada, pintou a cremalheira com mel e foi à televisão.
- Compadre, a toutiçada fez bem ao homem.
- E se me deixasses chonar. Pensa mas é no caroço que aí vem.
- Contentas-te com mijoca. Qualquer um faz farinha com o teu voto, mesmo á dependura. Não passas dum lateiro do partido, ainda por cima nariz-de-cera.
- Não me puxes pela língua. Eu aceito o abaixar da proa do Homem.
- E eu é que tenho macaquinhos no sótão… Boa noite, passar bem!
- O raio do carrascão fez-lhe mal à moleira. Não sabe ponta de um corno. Então o homem não pode descer da burra? Enganou-se, deu o braço a torcer, que mal há nisso?
Abrenúncio, digo eu!
E voltei-me para o outro lado da cama.
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políticas e politiquices
quarta-feira, 17 de junho de 2009
Preâmbulos de infância
Vieram de mundos tão díspares.
Ele cresceu, ali mesmo, subindo e descendo as escadas de uma casa que nunca haveria de ser herança.
Ela nunca conseguirá subir todas as escadas das casas que um dia herdou.
Ele fez-se como regador de cebolais, de vinhas, antes de, a pé, fazer os três quilómetros que o separavam da escola. E como doía o frio ao atravessar a agra, aquele descampado imenso sem paredes, a perder de vista como um mar, só que mais frio.
Ela, do alto da linhagem, sorria aos meninos pobres quando chegava, de carro, ao colégio. Nunca muito pobres, que esses andavam na escola pública que ficava num sítio que ela conhecia mal.
Ele ia pelas garagens à cata de rolamentos para fazer os seus brinquedos (o carrinho de rolamentos… com o nome gravado a fogo…) e descia, sem rede, a ladeira do rio, a ponte a centímetros do medo.
Ela tinha uma bicicleta (quantas tivera antes?) cor-de-rosa, e pedalava graciosamente as rendas com etiquetas famosas.
Ele estava feliz porque lhe tinham feito uns calções do que tinham sido umas calças de adulto.
Ela olhou o fato com desdém. O que fazer a tanto vestido, tanta fartura no guarda-fatos do seu quarto forrado a cores femininas…
Não, ele não tinha um quarto. Tinham feito umas cortinas coloridas em ângulo recto. No ângulo recto do canto da sala elas caíam, na vertical, e eram as fronteiras do seu mundo, onde, como adorno, havia um quadro feito de um calendário com paisagens da Suíça. E uma cama de ferro, onde dormia e sonhava.
Ele cresceu, ali mesmo, subindo e descendo as escadas de uma casa que nunca haveria de ser herança.
Ela nunca conseguirá subir todas as escadas das casas que um dia herdou.
Ele fez-se como regador de cebolais, de vinhas, antes de, a pé, fazer os três quilómetros que o separavam da escola. E como doía o frio ao atravessar a agra, aquele descampado imenso sem paredes, a perder de vista como um mar, só que mais frio.
Ela, do alto da linhagem, sorria aos meninos pobres quando chegava, de carro, ao colégio. Nunca muito pobres, que esses andavam na escola pública que ficava num sítio que ela conhecia mal.
Ele ia pelas garagens à cata de rolamentos para fazer os seus brinquedos (o carrinho de rolamentos… com o nome gravado a fogo…) e descia, sem rede, a ladeira do rio, a ponte a centímetros do medo.
Ela tinha uma bicicleta (quantas tivera antes?) cor-de-rosa, e pedalava graciosamente as rendas com etiquetas famosas.
Ele estava feliz porque lhe tinham feito uns calções do que tinham sido umas calças de adulto.
Ela olhou o fato com desdém. O que fazer a tanto vestido, tanta fartura no guarda-fatos do seu quarto forrado a cores femininas…
Não, ele não tinha um quarto. Tinham feito umas cortinas coloridas em ângulo recto. No ângulo recto do canto da sala elas caíam, na vertical, e eram as fronteiras do seu mundo, onde, como adorno, havia um quadro feito de um calendário com paisagens da Suíça. E uma cama de ferro, onde dormia e sonhava.
terça-feira, 16 de junho de 2009
posturas
José Sócrates, com os seus tiques de ditador, consegue ser pior que Hugo Chávez (este, pelo menos, ainda não tirou Deus do lema do País, mas Sócrates, um socialista, todos os dias tira o socialismo da sua praxis) ou Mahmoud Ahmadinejad. Pelo menos, estes não se dizem democratas.
Logo, Chávez pode, em nome, da Revolução, calar um jornal da Oposição. Compreende-se!
E Ahmadinejad pode, em nome da Revolução Islâmica, proibir a Oposição de falar ou de se manifestar. Compreende-se.
Mas não se compreende que Sócrates, num estado de direito, cale a voz da líder do maior partido da oposição, “mandando” que o protocolo encaminhe directamente Manuela Ferreira Leite à porta da rua, que é serventia da casa, sem passagem pela sala de imprensa. Ainda por cima, depois de uma reunião sobre temas em que ambos os Partidos estão de acordo.
Imagine-se se a reunião tivesse sido quente…
Logo, Chávez pode, em nome, da Revolução, calar um jornal da Oposição. Compreende-se!
E Ahmadinejad pode, em nome da Revolução Islâmica, proibir a Oposição de falar ou de se manifestar. Compreende-se.
Mas não se compreende que Sócrates, num estado de direito, cale a voz da líder do maior partido da oposição, “mandando” que o protocolo encaminhe directamente Manuela Ferreira Leite à porta da rua, que é serventia da casa, sem passagem pela sala de imprensa. Ainda por cima, depois de uma reunião sobre temas em que ambos os Partidos estão de acordo.
Imagine-se se a reunião tivesse sido quente…
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políticas e politiquices
Não sei se vais poder ficar hoje
Corri atrás
Emaranhei no sonho
Persegui
Troquei olhares
Desencadeei emoções
Enchi-me de sombra
Embebedei-me e sofri
Repeti porquês
Fui amante virtual
Encontro de ocasião
Morada de telemóvel
Amigo de copos
Confidente de corações
Padrasto e pai
Filho e enteado
Wonderful love
Mon amour du coeur
Bastard, I hate you
Te quiero mucho
Desgraciado, te mato
Doce de coco
Água do mar
Infinito e caduco
Escrevi poemas em corpos maduros
Dei-me, fundi-me, fui e vim
Permaneci só porque não encontrei
E se encontrei não quiseram
Quem quer ser poema hoje
Fundir-se em rimas e sentir-se estrofe
Ser modelo e despir-se de enredos
Arrancar a máscara e ficar nua
Soltar o cabelo e entregar-se
Ser livro e deixar-se ler como quem ama
Ser pauta e clave e música e compasso
Não sei porquê
Deitei-me com o sol esta madrugada
A viagem à capital foi longa de hiatos
E risos e noite e copos e olhos verdes
E amigos e não vás e fica porque vais agora
E vim com a luz a despertar no horizonte
E quis deitar-me e não pude o sono voara
Porque hoje são as últimas linhas que escrevo
A última música que oiço, os últimos sentidos que verto
Amanhã, mais um ano terá passado
- Parabéns a você, estás muito bem
- O bigode quase branco é que destoa
- Gosto desse teu ar de poeta excêntrico e irreverente
- Não acredito, são mesmo cinquenta e alguns
Ainda ontem trocávamos beijos às escondidas
Jogávamos à cabra-cega, ao mata,
Soletrávamos juntos a palavra amor
Jurávamos paixão até á morte e continuamos vida
E estamos juntos, é verdade
Quando tu e eu fazemos anos
E temos necessidade de jurar de novo
Pelo menos até ao ano, na minha ou na tua
E há sempre amigos novos desse ano
Que olhamos com ciúme
- É muito interessante a tua amiga
- Onde desencantaste este, agora, que me bebe o whisky todo
E vamos ou ficamos conforme a casa
Ou foram todos e ficámos
- Amanhã vais conhecer uma nova amiga
Traz sóis no cabelo, mel no poema
Ideais e sonhos a realizar
- Gostas dela? Como a conheceste?
- Gosto dela, não a conheço, mas acalma-me
Traz-me vidas, reconheço a sua voz no vento
Faz-me acordar
- Não sei se vou gostar, traz-me perigos
- Não vamos discutir, tu chamas-te simplesmente solidão
- Por isso mesmo...
Não gosto de ser incomodada
Se quiser ficar, quero ficar
- Então fica, mas deixa-me ver o mar...
Quero barulho
E sal e água e nevoeiro e luz e chuva.
Não sei se vais poder ficar hoje...
Emaranhei no sonho
Persegui
Troquei olhares
Desencadeei emoções
Enchi-me de sombra
Embebedei-me e sofri
Repeti porquês
Fui amante virtual
Encontro de ocasião
Morada de telemóvel
Amigo de copos
Confidente de corações
Padrasto e pai
Filho e enteado
Wonderful love
Mon amour du coeur
Bastard, I hate you
Te quiero mucho
Desgraciado, te mato
Doce de coco
Água do mar
Infinito e caduco
Escrevi poemas em corpos maduros
Dei-me, fundi-me, fui e vim
Permaneci só porque não encontrei
E se encontrei não quiseram
Quem quer ser poema hoje
Fundir-se em rimas e sentir-se estrofe
Ser modelo e despir-se de enredos
Arrancar a máscara e ficar nua
Soltar o cabelo e entregar-se
Ser livro e deixar-se ler como quem ama
Ser pauta e clave e música e compasso
Não sei porquê
Deitei-me com o sol esta madrugada
A viagem à capital foi longa de hiatos
E risos e noite e copos e olhos verdes
E amigos e não vás e fica porque vais agora
E vim com a luz a despertar no horizonte
E quis deitar-me e não pude o sono voara
Porque hoje são as últimas linhas que escrevo
A última música que oiço, os últimos sentidos que verto
Amanhã, mais um ano terá passado
- Parabéns a você, estás muito bem
- O bigode quase branco é que destoa
- Gosto desse teu ar de poeta excêntrico e irreverente
- Não acredito, são mesmo cinquenta e alguns
Ainda ontem trocávamos beijos às escondidas
Jogávamos à cabra-cega, ao mata,
Soletrávamos juntos a palavra amor
Jurávamos paixão até á morte e continuamos vida
E estamos juntos, é verdade
Quando tu e eu fazemos anos
E temos necessidade de jurar de novo
Pelo menos até ao ano, na minha ou na tua
E há sempre amigos novos desse ano
Que olhamos com ciúme
- É muito interessante a tua amiga
- Onde desencantaste este, agora, que me bebe o whisky todo
E vamos ou ficamos conforme a casa
Ou foram todos e ficámos
- Amanhã vais conhecer uma nova amiga
Traz sóis no cabelo, mel no poema
Ideais e sonhos a realizar
- Gostas dela? Como a conheceste?
- Gosto dela, não a conheço, mas acalma-me
Traz-me vidas, reconheço a sua voz no vento
Faz-me acordar
- Não sei se vou gostar, traz-me perigos
- Não vamos discutir, tu chamas-te simplesmente solidão
- Por isso mesmo...
Não gosto de ser incomodada
Se quiser ficar, quero ficar
- Então fica, mas deixa-me ver o mar...
Quero barulho
E sal e água e nevoeiro e luz e chuva.
Não sei se vais poder ficar hoje...
Hino à vida
Pois... sou tinta...
... mas venho do sangue, que o fiz sem pais, órfão desde bebé.
... mas venho da gleba, porque nasci de dedos sujos na terra dos outros.
... mas gizei-me, forte e poderoso, porque tenho esta voz que resume a pacatez dos sítios donde venho e a grandeza dos que se fizeram alguém.
Fora isso, eu quero não querer, porque tudo o que me foi dado foi sofrido.
Sempre.
Até o amor!
... mas venho do sangue, que o fiz sem pais, órfão desde bebé.
... mas venho da gleba, porque nasci de dedos sujos na terra dos outros.
... mas gizei-me, forte e poderoso, porque tenho esta voz que resume a pacatez dos sítios donde venho e a grandeza dos que se fizeram alguém.
Fora isso, eu quero não querer, porque tudo o que me foi dado foi sofrido.
Sempre.
Até o amor!
fosse alma
Fosse alma
e levar-te-ia comigo
voarias comigo
por Áfricas
verdes e quentes
de saudade
andarias comigo
na sensualidade
que desvirgina
a floresta
calada dos rios claros
dar-te-ia a mão
colhendo a natureza
em pedaços de beijos
roubados à terra
Se fosse alma,
queria um corpo
que casasse com o teu
nos poros crepitantes
das noites sopradas
onde o som da maresia
se converte no riso
dos amantes saudados
pelo amanhecer
das queimadas
pelo sibilar
dos barcos
pelo silvo da chuva
Fosse alma
e talvez ficasse
apenas e só
olhando a tua silhueta
de sereia quase madura
e fecharia os olhos
no crepitar dos teus cabelos
acabados de molhar
e levar-te-ia comigo
voarias comigo
por Áfricas
verdes e quentes
de saudade
andarias comigo
na sensualidade
que desvirgina
a floresta
calada dos rios claros
dar-te-ia a mão
colhendo a natureza
em pedaços de beijos
roubados à terra
Se fosse alma,
queria um corpo
que casasse com o teu
nos poros crepitantes
das noites sopradas
onde o som da maresia
se converte no riso
dos amantes saudados
pelo amanhecer
das queimadas
pelo sibilar
dos barcos
pelo silvo da chuva
Fosse alma
e talvez ficasse
apenas e só
olhando a tua silhueta
de sereia quase madura
e fecharia os olhos
no crepitar dos teus cabelos
acabados de molhar
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memórias do tempo,
sobre mim
Naturezas
Nesta natureza
Escamoteada de barulhos
Entro nas palavras
Que te leio
Nas vagas de sentir
Que me enfermam
Não sou horizonte
Sou fímbria de cortina
Clássica e inteira
Reposteiro de amores
Paixões adiadas
Sou sussurro ligeiro
Nos dias de Maio
Quentes mas nublados
Mas não sou nenúfar
Que a água é leve
E afundava-me
Na incerteza dos sentidos
Decifro-te e invento-te
Menina de azul
Sentada no mar de mim
À espreita de ti
Naufragada em mim
Na palavra que dedilho
Nas névoas que tingem
O azul do mar
Em auras de mistério
Abarco teu amor
Escondido na sombra
E tenho medo do lume
Que brota devagar
Na tua face pintada
Na erecção dos cactos
Buscando a água
Que do céu não vem
Sou salgado no beijo
Que deixas para mim
Na ausência de um rosto
E humedeço-me
Quando te dispo
Na loucura que vem
Vestindo-te no quente
De um abraço definitivo
Rubra de mim
Na papoila que cresce
Transparente e só
Sou o teu segredo
Na alma e no ser
Que de mansinho vens
Sorridente como o pincel
Que das algas fez tinta
Para pintar a alma
Do poeta que se excedeu
Na solidão
Escamoteada de barulhos
Entro nas palavras
Que te leio
Nas vagas de sentir
Que me enfermam
Não sou horizonte
Sou fímbria de cortina
Clássica e inteira
Reposteiro de amores
Paixões adiadas
Sou sussurro ligeiro
Nos dias de Maio
Quentes mas nublados
Mas não sou nenúfar
Que a água é leve
E afundava-me
Na incerteza dos sentidos
Decifro-te e invento-te
Menina de azul
Sentada no mar de mim
À espreita de ti
Naufragada em mim
Na palavra que dedilho
Nas névoas que tingem
O azul do mar
Em auras de mistério
Abarco teu amor
Escondido na sombra
E tenho medo do lume
Que brota devagar
Na tua face pintada
Na erecção dos cactos
Buscando a água
Que do céu não vem
Sou salgado no beijo
Que deixas para mim
Na ausência de um rosto
E humedeço-me
Quando te dispo
Na loucura que vem
Vestindo-te no quente
De um abraço definitivo
Rubra de mim
Na papoila que cresce
Transparente e só
Sou o teu segredo
Na alma e no ser
Que de mansinho vens
Sorridente como o pincel
Que das algas fez tinta
Para pintar a alma
Do poeta que se excedeu
Na solidão
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Como se fosses real (ou uma foto que se desprendeu no olhar)
No meio dos coqueiros
Existe um navio de longe
Neste mar que adoptei
Na praia que frequento
Na saudade que ficou.
E tu vens de lá
Sorridente e bela
O vestido conciso
As sandálias ligeiras
O sorriso no olhar
Que é teu e meu
Na partilha de ti
Na partilha de mim
Minha água, fermento
Minha alma, minha paz.
Abraças-me e me rendo
Quando em mim
Suspendes teu corpo
No amplexo das sensações
Fixadas e celebradas
Ao ouvido da vida
No corpo que estala
Os músculos subindo
No universo dos sentidos
Estás em mim que te quero
No colo de mim sentada
No olhar de mel
No sussurro de ti
Nos sentidos que alertas
Na conciliação que trazes
Na calma incendiada
Da sombra que fazem as árvores
Onde encostamos a partilha
Dispo-te vestido e alma
Traço-te as formas
Com um giz de cores
Que é minha língua
Minhas mãos
Que sou eu em ti
Percorrendo-te
Sequiosa e linda
Como estrada de amores
Pista de desassossego
Minha constelação
De brindes e certezas
Ímpares de serem
Despertador e descarga
Da ausência e saudade
Das tuas mãos em mim
Do meu beijo em ti
Selinho ou fartura
Mimo ou devaneio
De estares e vires
Na conquista do corpo
Que fazemos a dois
E nos guardamos na eternidade
Existe um navio de longe
Neste mar que adoptei
Na praia que frequento
Na saudade que ficou.
E tu vens de lá
Sorridente e bela
O vestido conciso
As sandálias ligeiras
O sorriso no olhar
Que é teu e meu
Na partilha de ti
Na partilha de mim
Minha água, fermento
Minha alma, minha paz.
Abraças-me e me rendo
Quando em mim
Suspendes teu corpo
No amplexo das sensações
Fixadas e celebradas
Ao ouvido da vida
No corpo que estala
Os músculos subindo
No universo dos sentidos
Estás em mim que te quero
No colo de mim sentada
No olhar de mel
No sussurro de ti
Nos sentidos que alertas
Na conciliação que trazes
Na calma incendiada
Da sombra que fazem as árvores
Onde encostamos a partilha
Dispo-te vestido e alma
Traço-te as formas
Com um giz de cores
Que é minha língua
Minhas mãos
Que sou eu em ti
Percorrendo-te
Sequiosa e linda
Como estrada de amores
Pista de desassossego
Minha constelação
De brindes e certezas
Ímpares de serem
Despertador e descarga
Da ausência e saudade
Das tuas mãos em mim
Do meu beijo em ti
Selinho ou fartura
Mimo ou devaneio
De estares e vires
Na conquista do corpo
Que fazemos a dois
E nos guardamos na eternidade
Só posso dizer-te
Esta noite, sonhei contigo.
Contigo ou com os sentimentos?
Contigo ou com os sentidos?
Reparti iodo pela tua pele para ficares com as cores do verão. Do verão ou do moreno? Do verão, porque és o sol? Do moreno, porque és a minha visão singular?
Nos sonhos, não há as marcas do tempo. Só as marcas da paixão? Só as marcas que deixas na minha alma?
Por isso, um dia, ainda que o improvável sobreleve, deixarás de ser a vestal que inunda de fogo as madrugadas. E serás a mulher inteira do desassossego.
Porque cuidarei dos sonhos sem ficção. E não simularei esta angústia de não seres contígua à minha pele. De voares, apenas, neste limbo, que é esta ilusão de te ter, nunca te tendo.
Porque estás para além das montanhas, e não há trilhos escavados na pedra. Porque és uma estrela, e não sei voar o teu infinito.
Porque o teu encalço, apesar de indelével, é a minha utopia.
Esta noite, sonhei contigo. Mas há este vazio onde apenas consigo tactear os contornos impensáveis do fogo.
Contigo ou com os sentimentos?
Contigo ou com os sentidos?
Reparti iodo pela tua pele para ficares com as cores do verão. Do verão ou do moreno? Do verão, porque és o sol? Do moreno, porque és a minha visão singular?
Nos sonhos, não há as marcas do tempo. Só as marcas da paixão? Só as marcas que deixas na minha alma?
Por isso, um dia, ainda que o improvável sobreleve, deixarás de ser a vestal que inunda de fogo as madrugadas. E serás a mulher inteira do desassossego.
Porque cuidarei dos sonhos sem ficção. E não simularei esta angústia de não seres contígua à minha pele. De voares, apenas, neste limbo, que é esta ilusão de te ter, nunca te tendo.
Porque estás para além das montanhas, e não há trilhos escavados na pedra. Porque és uma estrela, e não sei voar o teu infinito.
Porque o teu encalço, apesar de indelével, é a minha utopia.
Esta noite, sonhei contigo. Mas há este vazio onde apenas consigo tactear os contornos impensáveis do fogo.
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incursões no lado errado da noite
Vá!
Vá!
Diz-me que sabes
ainda
o sabor da noite
na minha pele
o crescer da lava
dos sentidos
e que os corpos
isotéricos
ainda se dizem
exotéricos
mas nada vulgares
como um esboço
de emoções derramadas
Diz-me que sabes
ainda
o sabor da noite
na minha pele
o crescer da lava
dos sentidos
e que os corpos
isotéricos
ainda se dizem
exotéricos
mas nada vulgares
como um esboço
de emoções derramadas
Lendo...
Quando já não havia outra tinta no mundo
o poeta usou do seu próprio sangue.
Não dispondo de papel,
ele escreveu no próprio corpo.
Assim,
nasceu a voz,
o rio em si mesmo ancorado.
Com o seu sangue: sem foz nem nascente.”
(Lenda de Luar-do-Chão, o mítico lugar de “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de Mia Couto)
o poeta usou do seu próprio sangue.
Não dispondo de papel,
ele escreveu no próprio corpo.
Assim,
nasceu a voz,
o rio em si mesmo ancorado.
Com o seu sangue: sem foz nem nascente.”
(Lenda de Luar-do-Chão, o mítico lugar de “Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra”, de Mia Couto)
Um dia
Um dia te darei o meu regresso.
E comigo virão as estrelas
que pintei no teu olhar.
Pequenas, cintilantes,
mas envergonhadas.
Nunca serão um sol.
Apenas sonhos.
Mas, nesse dia
em que regressar de mim,
voltarei a ser eu.
E a mesma miragem
encherá a minha alma inquieta.
E comigo virão as estrelas
que pintei no teu olhar.
Pequenas, cintilantes,
mas envergonhadas.
Nunca serão um sol.
Apenas sonhos.
Mas, nesse dia
em que regressar de mim,
voltarei a ser eu.
E a mesma miragem
encherá a minha alma inquieta.
não quero pintar de ocre o cinzento da alma
(como quem bate à porta à procura de nada)
Há, de facto, quem se sente no sítio certo da vida, e chamam-lhe filósofo. Há quem se deite, demasiado, no lado errado da cama, e chamam-lhe coitado. Há quem não se sente por falta de aldeia, e chamam-lhe poeta.
Somos todos assim quando tentamos pintar de ocre o cinzento da vida.
As voltas que damos às letras para ganharmos vontade de escrever o inexorável… Quando a porta da alma se pinta de negro e o gonzo toca um requiem (ainda se fosse de Mozart) sôfrego de murmúrios que a voz negou, quando a noite apenas apascenta o exaurir de segredos por dizer, mas consabidos, quando as madrugadas se penteiam de fósforo como se bruxas fossem, quando as manhãs apunhalam o sonho faiscando ao sol fora de tempo, quando a alma fica cinzenta e todos querem pintá-la de ocre porque está escrito que as almas – todas – têm de ser ocres, ou serão outra coisa, quando de estranhas vozes se traja a noite, prefaciando o pardacento da manhã, quando de desconformes sonhos se faz o dormir, embutindo as olheiras, há – e haverá – sempre um silêncio reticente e mordaz, cavador de sons hórridos no mar levantado da noite ambígua das almas inertes.
E, se no lento correr das horas se multiplicam as palavras reprovadas... Ou, no acinte dos momentos, a corrosão correr livre... Essa é, então, a hora de partir para onde não seja obrigatório pintar de ocre a alma cinzenta.
Dói-me a cabeça de exaustão. Estou farto de olhares malsãos que me absorvem e censuram nos bancos corridos de um sítio, como se o meu ar, alegadamente sadio, insultasse os fatos negros da doença que se mói por ali. E tanta doença se mói por ali. E tanta censura se faz ao sabor da ditadura das nossas conveniências de de carácter, dos nossos pesadelos insalubres e pintados de medos ou comodismo.
Há, de facto, quem se sente no sítio certo da vida, e chamam-lhe filósofo. Há quem se deite, demasiado, no lado errado da cama, e chamam-lhe coitado. Há quem não se sente por falta de aldeia, e chamam-lhe poeta.
Somos todos assim quando tentamos pintar de ocre o cinzento da vida.
As voltas que damos às letras para ganharmos vontade de escrever o inexorável… Quando a porta da alma se pinta de negro e o gonzo toca um requiem (ainda se fosse de Mozart) sôfrego de murmúrios que a voz negou, quando a noite apenas apascenta o exaurir de segredos por dizer, mas consabidos, quando as madrugadas se penteiam de fósforo como se bruxas fossem, quando as manhãs apunhalam o sonho faiscando ao sol fora de tempo, quando a alma fica cinzenta e todos querem pintá-la de ocre porque está escrito que as almas – todas – têm de ser ocres, ou serão outra coisa, quando de estranhas vozes se traja a noite, prefaciando o pardacento da manhã, quando de desconformes sonhos se faz o dormir, embutindo as olheiras, há – e haverá – sempre um silêncio reticente e mordaz, cavador de sons hórridos no mar levantado da noite ambígua das almas inertes.
E, se no lento correr das horas se multiplicam as palavras reprovadas... Ou, no acinte dos momentos, a corrosão correr livre... Essa é, então, a hora de partir para onde não seja obrigatório pintar de ocre a alma cinzenta.
Dói-me a cabeça de exaustão. Estou farto de olhares malsãos que me absorvem e censuram nos bancos corridos de um sítio, como se o meu ar, alegadamente sadio, insultasse os fatos negros da doença que se mói por ali. E tanta doença se mói por ali. E tanta censura se faz ao sabor da ditadura das nossas conveniências de de carácter, dos nossos pesadelos insalubres e pintados de medos ou comodismo.
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olhares
Vejo a chuva cair
no canto dos pássaros,
no amarelo dos malmequeres.
E és chuva.
E são as flores
no canto dos pássaros,
no amarelo dos malmequeres.
E és chuva.
E são as flores
Hologramas
Confesso que não detenho qualquer reserva moral sobre as grandes transferências do futebol.
Não critico, por isso, a incrível transferência do Cristiano Ronaldo.
E não alinho com os entediados e entediantes “opinion makers” que se escudaram numa controversa hipocrisia e adiantaram a crise como base de uma posição crítica, falaciosa como todas as opiniões de quem apenas pensa que sabe tudo de tudo e sabe quase nada de muito pouco.
Quanto mais vivo estiver o mercado mas vibrátil será a economia.
E, se Zidane custou 75 milhões de euros há uma série de anos atrás, esta badaladíssima transferência do Ronaldo é capaz de ter sido bem mais barata que a do franco-argelino. E, que me recorde, nem um décimo dos constrangimentos foram expandidos por essa altura. Porque era francês?
Então, por ser português, o “nosso” (quando se lembra de fazer umas corridas com a camisola das “quinas”) rapaz não tem o mesmo direito à felicidade que os outros?
Uma coisa é certa: a transferência vai obrigar a que as televisões tenham de pagar mais pelas transmissões dos jogos do Real Madrid, vai dar a ganhar dinheiro a umas centenas de milhar de pessoas em todo o mundo (31 milhões de camisolas do CR9 são muitas camisolas), vai fazer girar mais milhões de direitos… para além de uns biliões de contrapartidas financeiras que nem eu imagino que possam existir.
E, sendo o futebol o desporto/indústria mais importante do Universo, por que razão há-de um jogador de beisebol ganhar mais do dobro do futebolista que vai ser o mais bem pago do globo?
No fundo, trata-se, apenas, de uma aproximação do negócio do futebol a outros negócios, ditos desportivos, bem mais apetecíveis. E isso não pode ser mau!
E as próprias férias milionárias do rapaz, à mistura com as pernas exemplarmente nuas da Paris Hilton e com as suas poses escancaradamente cúmplices, já estão a render frutos ao próprio clube. Nunca se falou tanto do Real e isso rende! Milhões de títulos, milhões de notícias, milhões de fotografias, milhões de comentários e muitos milhões de expectativas representam uma incontornável fonte de paixões que fazem girar o mercado global do futebol mediatizado.
Até aqui, tudo bem, nada a dizer!
O único “parti pris” (tomado como preconceito) prende-se com o facto de Cristiano Ronaldo se ter tornado, com esta transferência para o mais mediático dos clubes de futebol, num mero agente económico ou, por defeito, num mero actor desta gigantesca máquina de transformar artistas em hologramas (atenta a definição como um “registo, em chapa fotográfica, dos efeitos da sobreposição de duas ondas emanadas da mesma fonte luminosa, uma directa e outra reflectida pelo objecto fotografado, o que dá uma ilusão de relevo, quando iluminado por um feixe de raios laser” – Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora).
Mas com essa imagem pode ele bem!
Ou não fosse principescamente (mais do que isso) pago para interpretar esse papel de marioneta!
Ou, como ele diz no anúncio do BES, instituição que também paga principescamente o seu holograma, “não sei onde estarei daqui por três anos, mas sei onde estará o meu dinheiro”…
José Mourinho, que, de marketing desportivo conhece como poucos, é que tem razão: “Se o Manchester está feliz, se o Real Madrid está feliz, se o Cristiano Ronaldo está feliz, eu também estou feliz”. E ele sabe do que fala porque é o mais bem pago treinador de futebol do mundo.
E o que compreendem da praxis de macroeconomia desportiva os milhares de críticos?!
Ou de hologramas?!
Não critico, por isso, a incrível transferência do Cristiano Ronaldo.
E não alinho com os entediados e entediantes “opinion makers” que se escudaram numa controversa hipocrisia e adiantaram a crise como base de uma posição crítica, falaciosa como todas as opiniões de quem apenas pensa que sabe tudo de tudo e sabe quase nada de muito pouco.
Quanto mais vivo estiver o mercado mas vibrátil será a economia.
E, se Zidane custou 75 milhões de euros há uma série de anos atrás, esta badaladíssima transferência do Ronaldo é capaz de ter sido bem mais barata que a do franco-argelino. E, que me recorde, nem um décimo dos constrangimentos foram expandidos por essa altura. Porque era francês?
Então, por ser português, o “nosso” (quando se lembra de fazer umas corridas com a camisola das “quinas”) rapaz não tem o mesmo direito à felicidade que os outros?
Uma coisa é certa: a transferência vai obrigar a que as televisões tenham de pagar mais pelas transmissões dos jogos do Real Madrid, vai dar a ganhar dinheiro a umas centenas de milhar de pessoas em todo o mundo (31 milhões de camisolas do CR9 são muitas camisolas), vai fazer girar mais milhões de direitos… para além de uns biliões de contrapartidas financeiras que nem eu imagino que possam existir.
E, sendo o futebol o desporto/indústria mais importante do Universo, por que razão há-de um jogador de beisebol ganhar mais do dobro do futebolista que vai ser o mais bem pago do globo?
No fundo, trata-se, apenas, de uma aproximação do negócio do futebol a outros negócios, ditos desportivos, bem mais apetecíveis. E isso não pode ser mau!
E as próprias férias milionárias do rapaz, à mistura com as pernas exemplarmente nuas da Paris Hilton e com as suas poses escancaradamente cúmplices, já estão a render frutos ao próprio clube. Nunca se falou tanto do Real e isso rende! Milhões de títulos, milhões de notícias, milhões de fotografias, milhões de comentários e muitos milhões de expectativas representam uma incontornável fonte de paixões que fazem girar o mercado global do futebol mediatizado.
Até aqui, tudo bem, nada a dizer!
O único “parti pris” (tomado como preconceito) prende-se com o facto de Cristiano Ronaldo se ter tornado, com esta transferência para o mais mediático dos clubes de futebol, num mero agente económico ou, por defeito, num mero actor desta gigantesca máquina de transformar artistas em hologramas (atenta a definição como um “registo, em chapa fotográfica, dos efeitos da sobreposição de duas ondas emanadas da mesma fonte luminosa, uma directa e outra reflectida pelo objecto fotografado, o que dá uma ilusão de relevo, quando iluminado por um feixe de raios laser” – Dicionário de Língua Portuguesa da Porto Editora).
Mas com essa imagem pode ele bem!
Ou não fosse principescamente (mais do que isso) pago para interpretar esse papel de marioneta!
Ou, como ele diz no anúncio do BES, instituição que também paga principescamente o seu holograma, “não sei onde estarei daqui por três anos, mas sei onde estará o meu dinheiro”…
José Mourinho, que, de marketing desportivo conhece como poucos, é que tem razão: “Se o Manchester está feliz, se o Real Madrid está feliz, se o Cristiano Ronaldo está feliz, eu também estou feliz”. E ele sabe do que fala porque é o mais bem pago treinador de futebol do mundo.
E o que compreendem da praxis de macroeconomia desportiva os milhares de críticos?!
Ou de hologramas?!
"Chico-espertismo" à moda de Alverca
Depois do golpe palaciano (desculpem-me, mas chamar palaciano a um golpe destes parece-me estulto, mas que fazer?), em que afastou, por uma questão de meses de filiação, o único candidato que poderia fazer-lhe frente, o ex-futuro-Presidente do Benfica portou-se como um bem instruído líder latino-americano, daqueles que todos os dias insultam a nossa inteligência, na perspectiva de que deixemos que nos enganem.
Eu, cá por mim, até aplaudo!
Já nos deu tantos títulos este Presidente do Benfica (para além de, em outros tempos que a História não apaga, nos ter “oferecido” o Deco…) que melhor do que ele não conseguiríamos vislumbrar por aí!
E, a julgar pela experiência do Alverca, quem sabe se não acaba de vez com a SAD vermelha da Segunda Circular…
(… o homem não gosta mesmo de futebol… só da versão de pavilhão, porque tem menos jogadores e o senhor não se confunde tanto…)
Eu, cá por mim, até aplaudo!
Já nos deu tantos títulos este Presidente do Benfica (para além de, em outros tempos que a História não apaga, nos ter “oferecido” o Deco…) que melhor do que ele não conseguiríamos vislumbrar por aí!
E, a julgar pela experiência do Alverca, quem sabe se não acaba de vez com a SAD vermelha da Segunda Circular…
(… o homem não gosta mesmo de futebol… só da versão de pavilhão, porque tem menos jogadores e o senhor não se confunde tanto…)
quinta-feira, 11 de junho de 2009
à bon entendeur
Anda por aí muita gente a coçar a orelha, um pouco incomodada com algumas frases do discurso do Presidente da República nas cerimónias oficiais do 10 de Junho, das quais me atrevo a respigar:
“A credibilidade dos agentes políticos é tanto mais necessária quanto a situação económica e financeira actual representa um desafio, sem precedentes nas últimas décadas, à qualidade das instituições democráticas, à competência e visão de futuro dos decisores e ao empenhamento responsável e solidário de cada um dos cidadãos".
"Não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo".
"O alheamento não é a forma adequada - nem certamente eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades".
"Pelo contrário, níveis de abstenção como aquele que se verificou nas eleições de domingo passado são um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrecem a democracia",
"… (a abstenção) deve fazer reflectir os agentes políticos", uma vez que "a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções".
Para quem tenha dúvidas da importância destas verdades, o Jornal de Notícias de hoje escreve o seguinte:
"Estas cerimónias são importantes para a cidade", afiançava uma moradora que justificava o alheamento da população nas cerimónias de ontem com "o concerto do Tony Carreira que terminou já de madrugada...".
À bon entendeur…
“A credibilidade dos agentes políticos é tanto mais necessária quanto a situação económica e financeira actual representa um desafio, sem precedentes nas últimas décadas, à qualidade das instituições democráticas, à competência e visão de futuro dos decisores e ao empenhamento responsável e solidário de cada um dos cidadãos".
"Não é aceitável que existam portugueses que se considerem dispensados de dar o seu contributo".
"O alheamento não é a forma adequada - nem certamente eficaz - de enfrentar os desafios e resolver as dificuldades".
"Pelo contrário, níveis de abstenção como aquele que se verificou nas eleições de domingo passado são um sintoma de desistência, de resignação, que só empobrecem a democracia",
"… (a abstenção) deve fazer reflectir os agentes políticos", uma vez que "a confiança dos cidadãos nas instituições democráticas depende, em boa parte, da forma como aqueles que são eleitos actuam no desempenho das suas funções".
Para quem tenha dúvidas da importância destas verdades, o Jornal de Notícias de hoje escreve o seguinte:
"Estas cerimónias são importantes para a cidade", afiançava uma moradora que justificava o alheamento da população nas cerimónias de ontem com "o concerto do Tony Carreira que terminou já de madrugada...".
À bon entendeur…
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terça-feira, 9 de junho de 2009
Em que ficamos?
Uns dizem que o Governo não estava em causa nas Eleições Europeias.
Os outros - todos os outros - dizem que o Governo foi, de facto, posto em causa pelos resultados finais.
Em que ficámos, afinal?
Um disse que, para a próxima, quando o Governo for escrutinado, cá estamos!
Os outros - quase todos os outros - disseram que, enfim, já cá estamos! O Governo está vazio de poder...
Em que ficámos, afinal?
Dou de caras com o que foi escrito e dito durante a campanha eleitoral, exemplarmente pelas forças partidárias com ambição de governo.
O partido que suporta o Governo reivindicou as virtudes da governação socialista. Só!
Os adversários atacaram, de alto a baixo, a praxis governativa do partido que suporta o Governo. Só!
De Europa, (quase) nada...
Em que ficamos (ou ficámos), afinal?
Os outros - todos os outros - dizem que o Governo foi, de facto, posto em causa pelos resultados finais.
Em que ficámos, afinal?
Um disse que, para a próxima, quando o Governo for escrutinado, cá estamos!
Os outros - quase todos os outros - disseram que, enfim, já cá estamos! O Governo está vazio de poder...
Em que ficámos, afinal?
Dou de caras com o que foi escrito e dito durante a campanha eleitoral, exemplarmente pelas forças partidárias com ambição de governo.
O partido que suporta o Governo reivindicou as virtudes da governação socialista. Só!
Os adversários atacaram, de alto a baixo, a praxis governativa do partido que suporta o Governo. Só!
De Europa, (quase) nada...
Em que ficamos (ou ficámos), afinal?
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Comissões de Inquérito Parlamentar
O Senhor Governador do Banco de Portugal, antigo Secretário-Geral do Partido Socialista e, segundo se diz, mais bem pago que o Presidente da Reserva Federal Norte-Americana, garantiu na Comissão de Inquérito da Assembleia da República, que investiga a Supervisão daquele Banco Central no caso BPN, que não se demite.
E garantiu ainda que a Supervisão prudencial seguiu todas as normas, ponderou todas as hipóteses, fez o que tinha de ser feito. Não obstante, aconteceu o que aconteceu e todos conhecem.
Quer isto dizer que actividades para criminais podem fugir, de forma fácil, à supervisão? Quer isto dizer que os Bancos, mau grado os mecanismos de controlo e fiscalização, gerem a seu bel-prazer as irregularidades que pretendem cometer?
Ou significará que os mecanismos de supervisão são, liminarmente, incompetentes?
Se são simplesmente incompetentes, trata-se dos incompetentes mais bem pagos do mundo. O que lhes permite serem suficientemente arrogantes para responderem acintosamente às perguntas dos deputados - eleitos pelo povo - mas suficientemente estúpidos para que uma qualquer Administração bancária subverta, quase sem castigo, a ética do mercado e brinque com o dinheiro de todos, não encontrando o Governador do Banco Central meios, formas, procedimentos, para os meter na ordem.
Ora, se, perante esta incompetência, o Governador garante que não se demite, haverá alguém minimamente competente para o demitir, obviamente?
Ou ficaremos aqui, todos, à espera de novos casos, cujas consequências haveremos todos de pagar?
"O crime compensa", diz o povo!
A incompetência, também!
E garantiu ainda que a Supervisão prudencial seguiu todas as normas, ponderou todas as hipóteses, fez o que tinha de ser feito. Não obstante, aconteceu o que aconteceu e todos conhecem.
Quer isto dizer que actividades para criminais podem fugir, de forma fácil, à supervisão? Quer isto dizer que os Bancos, mau grado os mecanismos de controlo e fiscalização, gerem a seu bel-prazer as irregularidades que pretendem cometer?
Ou significará que os mecanismos de supervisão são, liminarmente, incompetentes?
Se são simplesmente incompetentes, trata-se dos incompetentes mais bem pagos do mundo. O que lhes permite serem suficientemente arrogantes para responderem acintosamente às perguntas dos deputados - eleitos pelo povo - mas suficientemente estúpidos para que uma qualquer Administração bancária subverta, quase sem castigo, a ética do mercado e brinque com o dinheiro de todos, não encontrando o Governador do Banco Central meios, formas, procedimentos, para os meter na ordem.
Ora, se, perante esta incompetência, o Governador garante que não se demite, haverá alguém minimamente competente para o demitir, obviamente?
Ou ficaremos aqui, todos, à espera de novos casos, cujas consequências haveremos todos de pagar?
"O crime compensa", diz o povo!
A incompetência, também!
segunda-feira, 8 de junho de 2009
O rapaz tímido da mesa do canto que come maçãs
Lembrei-me, de repente, que, durante toda a minha vida, eu fui sempre o rapaz tímido da mesa do canto. Dos cafés do bairro. Dos lugares. Aquele a quem todos dizem um olá, por dizer, porque está lá todos os dias. Aquele a quem alguns dão os bons dias, porque, raios, o rapaz é solícito mas fala tão pouco.
Certos dos habituais ficam um pouco, a mão nas costas, trocando banalidades, mas, que diabo, ele sabe de tudo um pouco, conhece os sonhos em várias línguas, corta em pedaços os lugares que visitou para dar um bocadinho a todos e tudo em cores de ilusão, é ou não é do nosso clube. Se é da nossa cor, é bom ouvi-lo, mas, se não, é melhor nem começar cavaqueira sobre o assunto… descai-lhe a verdade para os lados da Areosa e vem por ali abaixo um discurso de pressupostos, de argumentos, de gozo, de lábia perfeita, que é bom, mesmo, nem entrarmos por aí.
Fundamentalista!
Clubista!
Panfletário!
Mas também há quem repare que tem sempre um livro consigo (embora a maioria só consiga observar que na sua frente, conforme a hora do dia, está sempre uma chávena de café ou uma garrafa de água com gás, que podem, contudo, estar juntas se alguma das refeições do dia meteu excesso). Os livros vêm das mais variadas terras: podem ser modernos e luzirem ou terem capas rotas de couro velho, velho. Podem contar histórias ou, simplesmente, imprimir versos. Terem a força do tempo ou o sorriso da ligeireza. Rirem-se em capas coloridas ou serem austeros como missais de vésperas conventuais. Podem ter nome de Vénus ou de madre Teresa. Ler mundos ou disfarçar incertezas da mente. Dizer a vida de cavaleiros andantes ou de Maquiavéis.
Todas as pessoas que entram merecem-lhe um olhar personalizado, na intensidade e na altura. À altura das pernas, das ancas, da cintura, do peito, do olhar. Cada lugar de cada vez ou tudo à molhada. Mas sempre personalizado, com sinete sobre o lacre dos códigos, com código de barras onde impere – expressamente - a qualidade, que o rapaz desde sempre foi de rituais. Como corpo ou como devaneio estético. Sexuado ou sem conotação. Mais decote de camisola curta, saia justa. Ou naco de Olimpo pendurado nestes pedaços de viver. Mas há sempre uma pessoa diferente no seu olhar. Aquela! Não é sempre a mesma, muda no tempo. É sempre – tem de ser – especial. Não pode ser de grandes conversas com muita gente. Mais de 30 segundos numa mesa têm de ser tempo de mais. Tem de ter em si um furacão de vida, um vulcão no andar, a elegância de uma gazela em flor, a leveza de um açor (sim, tem de ser de fibra, cravar o olhar no seu e ficar, apertar as suas garras na sua pele e deixar, tem de permitir marcas das suas asas na alma castigada do rapaz da mesa do canto), tem de ter a graça e o ar vivo de um antílope na savana de perigos que é a carreira fora do bairro. Tem de ter autoridade mas não subjugar. Profundidade pode ter sem limites que as raias do rapaz tímido não têm marcos. Tem de ser inteligente e simples. Capaz de banalidades (uma de quando em vez para dizer que não é monja) mas muito mais capaz de dizer com um gesto, um toque. Sim, subtileza é condição necessária. Capacidade para amar o possível e os impossíveis. Tem de trazer certificado de ternura. Ser de afectos límpidos.
Mas… existe tudo isso num só pacote? Pergunta-se tantas vezes o rapaz tímido da mesa do canto quando prefere as horas sem clientes e o empregado dormita o choro nocturno do bebé a meias com a mulher que bate bolos na pastelaria em frente. Sempre pensa que sim. Tem, aliás, a certeza. Alguns chamam-lhe alma gémea. Autores que sabem o que dizem e paspalhos que não sabem o que querem Todos, como se fossem especialistas. Quando pensa que sim e executa o pensamento, desaparece. Vemo-lo passear à beira-mar, absorto no coração, olhando para dentro com ar feliz. Olha o relógio, esperando. Atende o telemóvel, apressado. Depois, muda-se! Dizem que partiu com ela. Criaram um ninho. Emagrece. Canta. Põe gravata na aura (pois, ele veste tão simples e tão barato, normalmente; nunca se entende como esse desprendimento contrasta tão ferozmente com os relógios que têm de ser de marca e as canetas que têm de ter história). Corta o cabelo de meses e meses (mas limpo, sempre com perfume a carácter e asseio). Fica com menos, quantos, cinco, seis anos? A sua vida passa a ser feita a correr. Com aquela vontade de quem quer alcançar, depressa, a felicidade toda como se a felicidade não fosse, apenas, a soma de momentos felizes, ditosos, satisfeitos. Conforme a idade da eleita (ou de quem o elegeu, que nesta coisa do amor e da paixão não há ordem preestabelecida de chegada ou partida) muda a literatura, a música, até o sorriso. Mas nunca a linguagem, o que, por vezes, se constitui em barreira. Mas há quem entre e fique para sempre!
Sim, ele tem – já - a sua fixação imortal. Dir-se-ia que é a alma gémea. Quase só fala com ela longe dos outros, em privado. Atrever-me-ia a dizer que ele considera que até nem lhe falta a fragilidade feminina que ele gosta de proteger. Tem, efectivamente, quase tudo. É completa. Dir-se- ia quase perfeita! Quando saem, de muito longe em cada vez mais longe, saltam labaredas, há fios condutores, química (física, nunca se saberá se existiu, existe ou existirá, que isso é um pormenor tão íntimo que nem é bom passar perto do cofre onde estão guardadas as respostas), partilha, palavras de fantasia. O céu abre-se em cada esquina. O sol brilha nem que sejam duas da manhã. Depois, vem a realidade. Cada vez mais amiúde, sempre tímido, sempre para a mesa do canto, agora com uma pen minúscula no porta-chaves, mas os livros de sempre. De momento todos o ouvem com Gundersen pela mão, Garbarek em sax de companhia, faz colecção de vídeos musicais no youtube, Grappelli, flauta, ainda mais violinos, ainda mais jazz. Mas as sombras de quase sempre (os interlúdios disfarçam-nas, eu sei) continuam lá. Há mais umas rugas – de velhice? De expressão? – que lhe toldam o sorriso.
Senta-se. O café. As águas. O olhar já não personaliza. É intemporal. Alguém repararia que é alheio! O brilho precisa de ser areado porque embaçou de lágrimas constantes os olhos do rapaz tímido. Na mesa do canto. Deixou de se esquecer dos óculos de sol. Não para se esconder, para esconder-se. Tomou a bica (a bica, não, o cimbalino…) devagar no absorto das ideias. Tirou um guardanapo, limpou o resto do creme. Tirou outro e começou a escrever. O empregado reparou que começava por… para quê a revelação? Ele é um empregado de café de bairro à moda antiga. Logo, ao deitar, a patroa saberá. Ela que lhe dê o uso que entender…
“ Encontrei, tenho a certeza,
a minha alma gémea.
Ontem deixei-me perdê-la.
Mas quantos podem dizer:
eu encontrei a minha alma gémea?
… Digo-te adeus
Como quem não sabe
O caminho de regresso
Porque as estrelas
Se apagaram uma a uma.
Despeço-me no pranto
De quem mergulha
E da solidão faz sua casa.
Renuncio-me na inexistência
Porque não há mais caminhos
Para andar, cruzando o olhar
Partilhando a sorrir os afectos
Cumpridos ou por cumprir… ”
Guardou o papel no bolso dos rolinhos de papel que faz quando passeia com as mãos nos bolsos. Deixou o dinheiro sobre a mesa. Sempre contado a mais. Entrou no carro, mudou o CD, e partiu… No woman no cry do álbum Bossa n’Marley de Astrud C. e Moana… Uma das suas versões preferidas…
Entrou em casa. Sentou-se na única cadeira da mesa de centro da cozinha. Como uma ilha! Em silêncio absoluto. Pegou em três maçãs para o lixo. Nem as maçãs nos suportam já. Lembram-se quando as maçãs duravam vidas? Ou ele é que não come maçãs há tempo de mais. É, perde o apetite com as saudades e quando a vida se transforma em dorida recordação. Deita-se no sofá. No fundo de si, o grito
Certos dos habituais ficam um pouco, a mão nas costas, trocando banalidades, mas, que diabo, ele sabe de tudo um pouco, conhece os sonhos em várias línguas, corta em pedaços os lugares que visitou para dar um bocadinho a todos e tudo em cores de ilusão, é ou não é do nosso clube. Se é da nossa cor, é bom ouvi-lo, mas, se não, é melhor nem começar cavaqueira sobre o assunto… descai-lhe a verdade para os lados da Areosa e vem por ali abaixo um discurso de pressupostos, de argumentos, de gozo, de lábia perfeita, que é bom, mesmo, nem entrarmos por aí.
Fundamentalista!
Clubista!
Panfletário!
Mas também há quem repare que tem sempre um livro consigo (embora a maioria só consiga observar que na sua frente, conforme a hora do dia, está sempre uma chávena de café ou uma garrafa de água com gás, que podem, contudo, estar juntas se alguma das refeições do dia meteu excesso). Os livros vêm das mais variadas terras: podem ser modernos e luzirem ou terem capas rotas de couro velho, velho. Podem contar histórias ou, simplesmente, imprimir versos. Terem a força do tempo ou o sorriso da ligeireza. Rirem-se em capas coloridas ou serem austeros como missais de vésperas conventuais. Podem ter nome de Vénus ou de madre Teresa. Ler mundos ou disfarçar incertezas da mente. Dizer a vida de cavaleiros andantes ou de Maquiavéis.
Todas as pessoas que entram merecem-lhe um olhar personalizado, na intensidade e na altura. À altura das pernas, das ancas, da cintura, do peito, do olhar. Cada lugar de cada vez ou tudo à molhada. Mas sempre personalizado, com sinete sobre o lacre dos códigos, com código de barras onde impere – expressamente - a qualidade, que o rapaz desde sempre foi de rituais. Como corpo ou como devaneio estético. Sexuado ou sem conotação. Mais decote de camisola curta, saia justa. Ou naco de Olimpo pendurado nestes pedaços de viver. Mas há sempre uma pessoa diferente no seu olhar. Aquela! Não é sempre a mesma, muda no tempo. É sempre – tem de ser – especial. Não pode ser de grandes conversas com muita gente. Mais de 30 segundos numa mesa têm de ser tempo de mais. Tem de ter em si um furacão de vida, um vulcão no andar, a elegância de uma gazela em flor, a leveza de um açor (sim, tem de ser de fibra, cravar o olhar no seu e ficar, apertar as suas garras na sua pele e deixar, tem de permitir marcas das suas asas na alma castigada do rapaz da mesa do canto), tem de ter a graça e o ar vivo de um antílope na savana de perigos que é a carreira fora do bairro. Tem de ter autoridade mas não subjugar. Profundidade pode ter sem limites que as raias do rapaz tímido não têm marcos. Tem de ser inteligente e simples. Capaz de banalidades (uma de quando em vez para dizer que não é monja) mas muito mais capaz de dizer com um gesto, um toque. Sim, subtileza é condição necessária. Capacidade para amar o possível e os impossíveis. Tem de trazer certificado de ternura. Ser de afectos límpidos.
Mas… existe tudo isso num só pacote? Pergunta-se tantas vezes o rapaz tímido da mesa do canto quando prefere as horas sem clientes e o empregado dormita o choro nocturno do bebé a meias com a mulher que bate bolos na pastelaria em frente. Sempre pensa que sim. Tem, aliás, a certeza. Alguns chamam-lhe alma gémea. Autores que sabem o que dizem e paspalhos que não sabem o que querem Todos, como se fossem especialistas. Quando pensa que sim e executa o pensamento, desaparece. Vemo-lo passear à beira-mar, absorto no coração, olhando para dentro com ar feliz. Olha o relógio, esperando. Atende o telemóvel, apressado. Depois, muda-se! Dizem que partiu com ela. Criaram um ninho. Emagrece. Canta. Põe gravata na aura (pois, ele veste tão simples e tão barato, normalmente; nunca se entende como esse desprendimento contrasta tão ferozmente com os relógios que têm de ser de marca e as canetas que têm de ter história). Corta o cabelo de meses e meses (mas limpo, sempre com perfume a carácter e asseio). Fica com menos, quantos, cinco, seis anos? A sua vida passa a ser feita a correr. Com aquela vontade de quem quer alcançar, depressa, a felicidade toda como se a felicidade não fosse, apenas, a soma de momentos felizes, ditosos, satisfeitos. Conforme a idade da eleita (ou de quem o elegeu, que nesta coisa do amor e da paixão não há ordem preestabelecida de chegada ou partida) muda a literatura, a música, até o sorriso. Mas nunca a linguagem, o que, por vezes, se constitui em barreira. Mas há quem entre e fique para sempre!
Sim, ele tem – já - a sua fixação imortal. Dir-se-ia que é a alma gémea. Quase só fala com ela longe dos outros, em privado. Atrever-me-ia a dizer que ele considera que até nem lhe falta a fragilidade feminina que ele gosta de proteger. Tem, efectivamente, quase tudo. É completa. Dir-se- ia quase perfeita! Quando saem, de muito longe em cada vez mais longe, saltam labaredas, há fios condutores, química (física, nunca se saberá se existiu, existe ou existirá, que isso é um pormenor tão íntimo que nem é bom passar perto do cofre onde estão guardadas as respostas), partilha, palavras de fantasia. O céu abre-se em cada esquina. O sol brilha nem que sejam duas da manhã. Depois, vem a realidade. Cada vez mais amiúde, sempre tímido, sempre para a mesa do canto, agora com uma pen minúscula no porta-chaves, mas os livros de sempre. De momento todos o ouvem com Gundersen pela mão, Garbarek em sax de companhia, faz colecção de vídeos musicais no youtube, Grappelli, flauta, ainda mais violinos, ainda mais jazz. Mas as sombras de quase sempre (os interlúdios disfarçam-nas, eu sei) continuam lá. Há mais umas rugas – de velhice? De expressão? – que lhe toldam o sorriso.
Senta-se. O café. As águas. O olhar já não personaliza. É intemporal. Alguém repararia que é alheio! O brilho precisa de ser areado porque embaçou de lágrimas constantes os olhos do rapaz tímido. Na mesa do canto. Deixou de se esquecer dos óculos de sol. Não para se esconder, para esconder-se. Tomou a bica (a bica, não, o cimbalino…) devagar no absorto das ideias. Tirou um guardanapo, limpou o resto do creme. Tirou outro e começou a escrever. O empregado reparou que começava por… para quê a revelação? Ele é um empregado de café de bairro à moda antiga. Logo, ao deitar, a patroa saberá. Ela que lhe dê o uso que entender…
“ Encontrei, tenho a certeza,
a minha alma gémea.
Ontem deixei-me perdê-la.
Mas quantos podem dizer:
eu encontrei a minha alma gémea?
… Digo-te adeus
Como quem não sabe
O caminho de regresso
Porque as estrelas
Se apagaram uma a uma.
Despeço-me no pranto
De quem mergulha
E da solidão faz sua casa.
Renuncio-me na inexistência
Porque não há mais caminhos
Para andar, cruzando o olhar
Partilhando a sorrir os afectos
Cumpridos ou por cumprir… ”
Guardou o papel no bolso dos rolinhos de papel que faz quando passeia com as mãos nos bolsos. Deixou o dinheiro sobre a mesa. Sempre contado a mais. Entrou no carro, mudou o CD, e partiu… No woman no cry do álbum Bossa n’Marley de Astrud C. e Moana… Uma das suas versões preferidas…
Entrou em casa. Sentou-se na única cadeira da mesa de centro da cozinha. Como uma ilha! Em silêncio absoluto. Pegou em três maçãs para o lixo. Nem as maçãs nos suportam já. Lembram-se quando as maçãs duravam vidas? Ou ele é que não come maçãs há tempo de mais. É, perde o apetite com as saudades e quando a vida se transforma em dorida recordação. Deita-se no sofá. No fundo de si, o grito
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