Pelos vistos, as estatísticas continuam mascaradas.
Agora, trata-se das metas rodoviárias europeias. Por um lado, o Governo insiste na melhoria; por outro, a Associação dos Cidadãos Auto-Mobilizados (ACA-M) diz que os números adiantados desfiguram a realidade, disfarçando-a.
A crer nas notícias e nos argumentos, o primeiro defende que Portugal baixou em 47% o número de vítimas da sinistralidade nas estradas entre 2001 e 2008. A segunda diz que os meios estatísticos usados não são correctos e estão desfasados, porque se regem por um controverso modelo com 11 anos.
Ora, quais são, então, as diferenças? Pelo modelo, alegadamente obsoleto, o Governo “pega” nos mortos registados no local do acidente, aumenta esses dígitos em 14% e julga ter encontrado a média dos que morrem, também, nos hospitais nos 30 dias seguintes aos acidentes.
Pelas contas de Manuel João Ramos, o líder buliçoso e bem-falante da Associação, aquele número é falacioso ("Este indicador foi feito a partir de um estudo que teve por base um milhão de casos em 1998. E desde então foi sempre assim"), sendo que, cientificamente, deveria ser acrescido de 30% ("Antes disso, a taxa de agravamento era de 30 por cento e com uma mudança de secretaria diminuiu-se significativamente as mortes nas estradas”. E exemplifica: "Em 2007 a PSP de Lisboa fez um estudo em que acompanhou a evolução dos feridos no hospital, acabando por verificar que houve mais 72 por cento de mortes", sob o argumento de que se "Verificam mais óbitos nos hospitais devido à capacidade e rapidez da emergência médica. Muitas vezes é possível estabilizar os doentes, mas os danos são demasiado graves e eles acabam por morrer".
16% são uma percentagem a ter em conta, convenhamos. Não obstante as críticas de Luís Farinha, vice-presidente da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária que reclama os louros da política vigente.
Louros que assume, também, o anterior responsável pela Segurança Rodoviária, o antigo secretário de estado da administração interna, Nuno Magalhães, quando afirma que os números que constam do relatório do CEST são "encorajadores". E demonstram que foi "adequada" a resposta integrada e pluridisciplinar dada pelo Plano Nacional de Segurança Rodoviária, lançado no Governo PSD/CDS… (sic, Jornal Público).
Afinal, em que ficamos?
(NB. Qualquer semelhança destas estatísticas, para Europa ver, e outras em que o Governo tem sido pródigo, é pura coincidência. Primeiro, porque é mentira que haja facilitismo nos exames nacionais; segundo, porque quem vai acreditar que se faça manipulação com estatísticas em que está em causa a segurança dos cidadãos, protegida que está pela Constituição?)
Sem comentários:
Enviar um comentário