quinta-feira, 18 de junho de 2009

Pesadelos e abrenúncios

O país era democrático! Se era!

Mas a sua democracia tinha parido demasiados zorros, teresinhas-d’el-rei.

Eram inchados os seus governantes apesar de o povo já não ganhar para o presigo. Uns farsolas, uns e outros. Os primeiros, conchos que eram, futuravam o paraíso no meio da crise; os outros cismavam polvarinhos, aporrinhados e laugados que estavam contra os primeiros. Mas era só um faz-de-conta. Um cartão amarelo apenas, diziam muitos como se esta trampa fosse um jogo de futebol com um árbitro equipado de cor-de-rosa.

O chefe era um fistor dos grandes. O primeiro dos inchados. O modelo dos relamprosos.
O povo podia estar como um abesó, mas Ele encanava em lojas grandes, com etiquetas daimosas. Uma bresunda.

Farto de ser considerado esquerdo, o povo começou a parafusar: “E se a gente lhe afinasse a cantiguinha do ai-ai?!”
Não, o povo não era ardido. Muita paciência tinha tido, não lhe podiam chamar azoratado!
Ora, se o homem se assaía ao Velho, maneira haveria de o fazer acagatar-se…
Meu dito, meu feito!

O país, não se sabe como, tinha conseguido entrar para a confederação. Na confederação também havia eleições. E eram as primeiras…

Arrotou a chícharos, o Primeiro. Cá se fazem, cá se pagam! Qu’abonde.

Mas, no meio da catrelfa, alguém do cainço se lembrou: “E se o Primeiro desinfusasse um biquinho-de-lêndea?!”

Assim se fez! Desinçou o ar inchado e o timbre de trovoada, pintou a cremalheira com mel e foi à televisão.

- Compadre, a toutiçada fez bem ao homem.
- E se me deixasses chonar. Pensa mas é no caroço que aí vem.
- Contentas-te com mijoca. Qualquer um faz farinha com o teu voto, mesmo á dependura. Não passas dum lateiro do partido, ainda por cima nariz-de-cera.
- Não me puxes pela língua. Eu aceito o abaixar da proa do Homem.
- E eu é que tenho macaquinhos no sótão… Boa noite, passar bem!
- O raio do carrascão fez-lhe mal à moleira. Não sabe ponta de um corno. Então o homem não pode descer da burra? Enganou-se, deu o braço a torcer, que mal há nisso?

Abrenúncio, digo eu!
E voltei-me para o outro lado da cama.

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